São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006

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FUTEBOL

Se o que foi não fosse, não seria

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Sécio leitor, sexy leitora, há muitos "ses" na vida. Por exemplo, se eu tivesse feito faculdade de história em vez de jornalismo, você não estaria lendo este texto. E talvez eu não tivesse tantos cabelos brancos.
Na sua vida também deve haver muitos "ses". Se você tivesse casado com a primeira namorada, hoje teria um monte de filhos. Se você tivesse aberto aquele bar temático sobre futebol de botão, estaria falido. Se você tivesse cravado um duplo naquele jogo da loteca, seria rico. E seqüestrado.
Um campeonato de pontos corridos também tem seus "ses". Ainda mais quando ele é vencido por apenas um ponto. O Santos, por exemplo, teve vários "ses" a seu favor, sem os quais ele não conquistaria o Paulista. Quereis exemplos? Dou-vos:
Se, no jogo contra o Marília, Manzur não tivesse feito um gol de cabeça aos 26min do segundo tempo, a partida terminaria em 2 a 2 e hoje os são-paulinos é que estariam sentindo a minha enxaqueca.
Outro se: Diante do América, o Santos cedeu o empate no fim do primeiro tempo e, no segundo, não havia jeito de marcar o terceiro gol. Mas, aos 47min, quando até o torcedor mais otimista já se levantava para ir embora, a bola sobrou para Jonas na pequena área, ele tocou fraquinho, a bola bateu na trave e foi para dentro do gol do ex-santista Júlio Sérgio.
Contra o Noroeste, na Vila, o jogo foi travado, igual, e o zero só saiu do placar porque Reinaldo chutou, a bola desviou em um zagueiro e enganou Mauro, outro ex-goleiro santista. Esse também foi, à sua maneira, o gol do título.
Contra o Corinthians, se Reinaldo não tivesse se machucado e Geílson entrado em seu lugar, talvez o placar não fosse o 1 a 0 que transformou o centroavante santista em craque por um dia.
No jogo contra a Ponte Preta, o se salvador foi de Cléber Santana, que fez o único gol da partida depois de uma tabela com Geílson. O mesmo Geílson faria o gol salvador contra o Rio Branco. E naquela partida ele perdeu muitas chances. Mas, se ele as convertesse, não seria Geílson.
Na 12ª rodada, o Santos não teria assumido a liderança do campeonato se não tivesse vencido o São Caetano por 3 a 2. E não teria vencido se Rodrigo Tabata não houvesse marcado o terceiro gol.
Contra o Palmeiras, se Maldonado não roubasse milagrosamente duas bolas dentro da área, o placar não seria 1 a 0 para o Santos (pela quinta vez no campeonato). E nem quero pensar no que aconteceria se o redivivo Léo Lima perdesse o pênalti.
Outro se foi no jogo contra o Juventus. Se Reinaldo não faz aquele gol de cabeça, não sei não...
E houve ainda muitos outros ses: se Fábio Costa não fizesse grandes defesas, se Cléber Santana não salvasse aquela bola em cima da linha, se a defesa não fosse tão eficiente, se o ataque não marcasse gols em todos os jogos, se o técnico não fosse Luxemburgo... Bom, eu poderia continuar com estes ses por muito tempo, mas o espaço acabou. Ah, se eu tivesse mais umas linhas...

4 pra lá, 4 pra cá
O Brasileiro que começa no fim de semana terá quatro rebaixados. Isso pode parecer assustador para os times da Série A. Mas, para os times da Série B, é ótimo. Se a lei já valesse no ano passado, os torcedores do Náutico não estariam até hoje tendo pesadelos com aquele jogo contra o Grêmio. E a Portuguesa provavelmente estaria em outra situação. Com estes 20% de subidas e quedas, teremos uma certa mobilidade social no Brasileiro, coisa que não há no país.

Pelé nem tão eterno
Em pesquisa que fiz em meu blog para eleger o "meia inesquecível" dos leitores, Ronaldinho Gaúcho teve mais votos que Pelé. Mesmo levando-se em conta a faixa etária dos eleitores, o fato é surpreendente. É, os tempos estão mudando.


E-mail - torero@uol.com.br

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