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FUTEBOL
Se o que foi não fosse, não seria
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Sécio leitor, sexy leitora, há
muitos "ses" na vida. Por
exemplo, se eu tivesse feito faculdade de história em vez de jornalismo, você não estaria lendo este
texto. E talvez eu não tivesse tantos cabelos brancos.
Na sua vida também deve haver muitos "ses". Se você tivesse
casado com a primeira namorada, hoje teria um monte de filhos.
Se você tivesse aberto aquele bar
temático sobre futebol de botão,
estaria falido. Se você tivesse cravado um duplo naquele jogo da
loteca, seria rico. E seqüestrado.
Um campeonato de pontos corridos também tem seus "ses". Ainda mais quando ele é vencido por
apenas um ponto. O Santos, por
exemplo, teve vários "ses" a seu
favor, sem os quais ele não conquistaria o Paulista. Quereis
exemplos? Dou-vos:
Se, no jogo contra o Marília,
Manzur não tivesse feito um gol
de cabeça aos 26min do segundo
tempo, a partida terminaria em 2
a 2 e hoje os são-paulinos é que estariam sentindo a minha enxaqueca.
Outro se: Diante do América, o
Santos cedeu o empate no fim do
primeiro tempo e, no segundo,
não havia jeito de marcar o terceiro gol. Mas, aos 47min, quando
até o torcedor mais otimista já se
levantava para ir embora, a bola
sobrou para Jonas na pequena
área, ele tocou fraquinho, a bola
bateu na trave e foi para dentro
do gol do ex-santista Júlio Sérgio.
Contra o Noroeste, na Vila, o jogo foi travado, igual, e o zero só
saiu do placar porque Reinaldo
chutou, a bola desviou em um zagueiro e enganou Mauro, outro
ex-goleiro santista. Esse também
foi, à sua maneira, o gol do título.
Contra o Corinthians, se Reinaldo não tivesse se machucado e
Geílson entrado em seu lugar, talvez o placar não fosse o 1 a 0 que
transformou o centroavante santista em craque por um dia.
No jogo contra a Ponte Preta, o
se salvador foi de Cléber Santana,
que fez o único gol da partida depois de uma tabela com Geílson.
O mesmo Geílson faria o gol salvador contra o Rio Branco. E naquela partida ele perdeu muitas
chances. Mas, se ele as convertesse, não seria Geílson.
Na 12ª rodada, o Santos não teria assumido a liderança do campeonato se não tivesse vencido o
São Caetano por 3 a 2. E não teria
vencido se Rodrigo Tabata não
houvesse marcado o terceiro gol.
Contra o Palmeiras, se Maldonado não roubasse milagrosamente duas bolas dentro da área,
o placar não seria 1 a 0 para o
Santos (pela quinta vez no campeonato). E nem quero pensar no
que aconteceria se o redivivo Léo
Lima perdesse o pênalti.
Outro se foi no jogo contra o Juventus. Se Reinaldo não faz aquele gol de cabeça, não sei não...
E houve ainda muitos outros
ses: se Fábio Costa não fizesse
grandes defesas, se Cléber Santana não salvasse aquela bola em
cima da linha, se a defesa não fosse tão eficiente, se o ataque não
marcasse gols em todos os jogos,
se o técnico não fosse Luxemburgo... Bom, eu poderia continuar
com estes ses por muito tempo,
mas o espaço acabou. Ah, se eu tivesse mais umas linhas...
4 pra lá, 4 pra cá
O Brasileiro que começa no fim
de semana terá quatro rebaixados. Isso pode parecer assustador para os times da Série A.
Mas, para os times da Série B, é
ótimo. Se a lei já valesse no ano
passado, os torcedores do Náutico não estariam até hoje tendo
pesadelos com aquele jogo contra o Grêmio. E a Portuguesa
provavelmente estaria em outra situação. Com estes 20% de
subidas e quedas, teremos uma
certa mobilidade social no Brasileiro, coisa que não há no país.
Pelé nem tão eterno
Em pesquisa que fiz em meu
blog para eleger o "meia inesquecível" dos leitores, Ronaldinho Gaúcho teve mais votos
que Pelé. Mesmo levando-se
em conta a faixa etária dos eleitores, o fato é surpreendente. É,
os tempos estão mudando.
E-mail - torero@uol.com.br
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