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Mas...
Problemas de Ronaldo e pedido de prisão de Cafu atormentam os dois jogadores mais rodados do time
Equipe repete histórias de 1982, quando encantou os torcedores, mas fracassou na campanha pelo título
Prováveis adversárias da seleção nas oitavas, Itália e República Tcheca largam com força no Mundial
DOS ENVIADOS A BERLIM
Agora, o lado ruim da história. Também pode ser muito
triste, como em 1982.
Seja pela formação do time,
pelo possível caminho até a final ou pelo favoritismo exagerado, o Brasil de Carlos Alberto
Parreira tem, no que aconteceu
no verão espanhol há 24 anos,
motivos para se preocupar.
O time chega à Alemanha
embalado pelo desempenho arrebatador na Copa das Confederações do ano passado.
Os comandados de Telê Santana também tinham feito uma
excursão à Europa em 1981
com grandes exibições.
O Brasil que caiu diante da
Itália na segunda fase tinha um
quadrado inesquecível no seu
meio-campo (Falcão, Cerezo,
Sócrates e Zico).
O atual, que pode pegar os
italianos também na segunda
fase, conta com o famoso
"quarteto mágico" (Kaká, Ronaldinho, Adriano e Ronaldo).
E o fantasma italiano ganha
força. Brigada com a imprensa
e no meio do maior escândalo
da sua história, a "Azzurra" estreou bem ontem, vencendo
Gana por 2 a 0.
Tudo muito parecido com
1982, quando os jogadores da
Itália também estavam em
guerra com a imprensa e jogadores envolvidos em casos de
manipulação de resultados.
Para piorar, a outra provável
hipótese de rival nas oitavas-de-final impressionou na estréia -a República Tcheca bateu os americanos por 3 a 0, no
mais dilatado placar da Copa da
Alemanha até o momento.
E o cenário cor de rosa que se
desenhava para a seleção sofreu abalos nos últimos dias.
A festiva preparação em
Weggis, com estádio lotado e
transmissão ao vivo para todo o
planeta, ficou longe da ideal,
ainda mais pelo gramado pesado do centro de treinamento.
Ontem, a promotoria italiana
pediu a prisão por nove meses
de Cafu, por envolvimento em
caso de passaportes falsos.
Maior esperança de gols do
time, Ronaldo foi um manancial de problemas. Primeiro,
por seu peso. Depois, pelas bolhas que o tiraram de parte do
amistoso contra a Nova Zelândia. Já na Alemanha, febril, deixou de treinar. Por fim, bateu
boca com o presidente Lula.
"Ele está pronto", diz o preparador físico Moraci Sant'Anna, que no entanto não mostra
a mesma firmeza sobre a chance de o atacante ficar em campo
durante os 90 minutos contra a
Croácia. "Isso, no caso de qualquer jogador, depende do que
acontecer durante a partida."
No último coletivo antes da
estréia, ainda em Königstein,
os titulares perderam para os
reservas por 3 a 0.
E o time de Parreira precisa
responder ao ambiente de amplo favoritismo, que já derrubou, além do Brasil-82, outras
seleções famosas, como a Hungria-54 e a Holanda-74.
"Todos têm a consciência
que o favoritismo nos leva a nenhum lugar", declarou o zagueiro Lúcio. "O favoritismo
existe só até antes de começar a
partida. Depois disso, temos
que provar em campo", falou
Ronaldinho, o duas vezes melhor do mundo, mas que não
marca há cinco jogos pela seleção, seca recorde para ele.
Parreira faz de tudo para jogar o ônus do favoritismo para
o colo dos rivais. "A favorita é a
Alemanha, que joga em casa e
conta com o apoio da sua torcida", disse o treinador, que ainda precisa superar o retrospecto nada impressionante do Brasil em Copas disputadas na Europa. Em nove edições realizadas no continente, o país foi
campeão apenas uma vez.
Nas oito realizadas em outras
partes do mundo, o time nacional ficou com a taça em quatro
oportunidades.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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