São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2006

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Mas...

 Problemas de Ronaldo e pedido de prisão de Cafu atormentam os dois jogadores mais rodados do time

 Equipe repete histórias de 1982, quando encantou os torcedores, mas fracassou na campanha pelo título

 Prováveis adversárias da seleção nas oitavas, Itália e República Tcheca largam com força no Mundial

DOS ENVIADOS A BERLIM

Agora, o lado ruim da história. Também pode ser muito triste, como em 1982.
Seja pela formação do time, pelo possível caminho até a final ou pelo favoritismo exagerado, o Brasil de Carlos Alberto Parreira tem, no que aconteceu no verão espanhol há 24 anos, motivos para se preocupar.
O time chega à Alemanha embalado pelo desempenho arrebatador na Copa das Confederações do ano passado.
Os comandados de Telê Santana também tinham feito uma excursão à Europa em 1981 com grandes exibições.
O Brasil que caiu diante da Itália na segunda fase tinha um quadrado inesquecível no seu meio-campo (Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico).
O atual, que pode pegar os italianos também na segunda fase, conta com o famoso "quarteto mágico" (Kaká, Ronaldinho, Adriano e Ronaldo).
E o fantasma italiano ganha força. Brigada com a imprensa e no meio do maior escândalo da sua história, a "Azzurra" estreou bem ontem, vencendo Gana por 2 a 0.
Tudo muito parecido com 1982, quando os jogadores da Itália também estavam em guerra com a imprensa e jogadores envolvidos em casos de manipulação de resultados.
Para piorar, a outra provável hipótese de rival nas oitavas-de-final impressionou na estréia -a República Tcheca bateu os americanos por 3 a 0, no mais dilatado placar da Copa da Alemanha até o momento.
E o cenário cor de rosa que se desenhava para a seleção sofreu abalos nos últimos dias.
A festiva preparação em Weggis, com estádio lotado e transmissão ao vivo para todo o planeta, ficou longe da ideal, ainda mais pelo gramado pesado do centro de treinamento.
Ontem, a promotoria italiana pediu a prisão por nove meses de Cafu, por envolvimento em caso de passaportes falsos.
Maior esperança de gols do time, Ronaldo foi um manancial de problemas. Primeiro, por seu peso. Depois, pelas bolhas que o tiraram de parte do amistoso contra a Nova Zelândia. Já na Alemanha, febril, deixou de treinar. Por fim, bateu boca com o presidente Lula.
"Ele está pronto", diz o preparador físico Moraci Sant'Anna, que no entanto não mostra a mesma firmeza sobre a chance de o atacante ficar em campo durante os 90 minutos contra a Croácia. "Isso, no caso de qualquer jogador, depende do que acontecer durante a partida."
No último coletivo antes da estréia, ainda em Königstein, os titulares perderam para os reservas por 3 a 0.
E o time de Parreira precisa responder ao ambiente de amplo favoritismo, que já derrubou, além do Brasil-82, outras seleções famosas, como a Hungria-54 e a Holanda-74.
"Todos têm a consciência que o favoritismo nos leva a nenhum lugar", declarou o zagueiro Lúcio. "O favoritismo existe só até antes de começar a partida. Depois disso, temos que provar em campo", falou Ronaldinho, o duas vezes melhor do mundo, mas que não marca há cinco jogos pela seleção, seca recorde para ele.
Parreira faz de tudo para jogar o ônus do favoritismo para o colo dos rivais. "A favorita é a Alemanha, que joga em casa e conta com o apoio da sua torcida", disse o treinador, que ainda precisa superar o retrospecto nada impressionante do Brasil em Copas disputadas na Europa. Em nove edições realizadas no continente, o país foi campeão apenas uma vez.
Nas oito realizadas em outras partes do mundo, o time nacional ficou com a taça em quatro oportunidades.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)


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