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déjà vu
Seleção curte sua Weggis sul-africana
Time faz a alegria de 8.000 africanos em uma atividade leve, recreativa, que lembrou a preparação para a Copa-2006
Jogadores recebem calorosa recepção na "cidade das flores" sul-africana antes da estreia da equipe de Dunga na Copa das Confederações
Ricardo Nogueira/Folha Imagem
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Gilberto Silva, Kaká, Kléber e Daniel Alves correm ao redor do campo em Bloemfontein, cidade que abrigará Brasil x Egito, segunda, pela Copa das Confederações
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS A BLOEMFONTEIN
O dia em que a seleção brasileira teve seu primeiro contato
real, e se emocionou com a
África, lembrou a mais atrapalhada e festiva preparação do time para uma Copa do Mundo.
A comparação com a suíça
Weggis, para muitos o grande
motivo pelo fracasso brasileiro
na Alemanha, em 2006, foi inevitável. Torcida enlouquecida,
badalação, música e treino bem
leve, quase um recreativo.
Por mais de uma hora, a seleção fez a alegria de 8.000 africanos que encheram o acanhado
Seisa Ramabodu Stadium.
A calorosa recepção foi respondida pelos jogadores brasileiros, que foram perto do
alambrado saudar os torcedores. Eles passaram o tempo todo cantando músicas típicas.
O campo utilizado pelo Brasil
fica numa Township, área afastada das cidades para onde os
negros eram levados pelo governo durante o regime de
apartheid (1948 a 1990).
Rocklands é um lugar pobre,
com ruas de terra batida, pequenas casas de madeira e com
índice alto de criminalidade para os padrões da calma Bloemfontein, a ""cidade das flores"
da África do Sul.
Desde as primeiras horas do
dia, os moradores já circulavam
pelo estádio. Quando a seleção
chegou, uma multidão se aglomerava do lado de fora. E do lado de dentro também.
""Eu estou muito feliz que
eles nos deram essa chance. É o
céu para nós conhecer esses jogadores", dizia, sorridente,
Leah Maeke, 47, empregada
doméstica que levou o filho Rapelang, 9, para ver Kaká.
O agora jogador do Real Madrid e Ronaldinho eram os mais
lembrados pelos frenéticos torcedores, que não entendiam o
motivo de o craque gaúcho do
Milan estar ausente da seleção.
Em meio à euforia dos torcedores, um senhor, Nox Nonkoryce, 57, que coordena uma
fundação para ajudar desabrigados e desempregados da comunidade local, via a presença
dos brasileiros como esperança
para dias melhores por ali.
""Quem sabe esse time famoso não chame, de alguma forma, a atenção do mundo para
os grandes problemas da África", dizia ele, que, ao ser questionado sobre o motivo de as
pessoas demonstrarem tanta
felicidade mesmo vivendo em
condições precárias, respondeu: ""Nós somos felizes porque
acreditamos sempre que tudo
vai melhorar um dia".
Hoje, a seleção deve treinar
novamente no campo de Rocklands, mas sem a presença dos
moradores do local.
O fantasma de Weggis ainda
assombra a CBF. Após o evento
de ontem, funcionários da confederação diziam que tinham
visto a ""Weggis africana".
O certo é que a partir de hoje
o time de Dunga não fará mais
nenhum treinamento aberto
ao público. Os africanos terão
de pagar o preço da ""farra" suíça. ""Eu fiz tudo para conseguir
o convite porque sei que para
mim é uma chance única de ver
o Brasil. Não tenho dinheiro
para ir aos jogos, e eles não voltarão aqui nunca mais", falava,
emocionado, o estudante Daniel Mthombeki, 19.
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