São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

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Brasileiro-08 maltrata a bola e tem poucos gols

Times registram as piores médias de toques e dribles na era dos pontos corridos

Número de gols se equipara ao do retrancado futebol italiano, enquanto total de passes não é nem a metade da virtuosa "Fúria" espanhola

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O principal torneio de futebol do país trata mal a bola em 2008. E vê uma pequena queda na média de público, o que interrompe crescimento verificado nos últimos anos.
Nunca na era dos pontos corridos, sempre contando as dez rodadas iniciais, o Brasileiro teve números tão ruins em itens que o torcedor adora: gols, toque de bola e dribles.
Com mais de um quarto das rodadas disputadas, o Nacional (sem contar os jogos de ontem) tem média de 2,55 gols por jogo. É a primeira vez em seis edições com as atuais regras que nas dez primeiras rodadas esse número fica abaixo de 2,6.
Mantido esse ritmo, o Brasileiro-08 vai terminar com média de gols igual ou inferior à da liga do país famoso pela retranca. O último Campeonato Italiano teve 2,55 gols por partida.
Não é à toa: o Nacional tem a segunda pior média de finalização a gol desde 2003 -são apenas 13,4 em média por jogo. Só supera o número do ano passado, que foi de 12,8.
Se muitos gols nem sempre significam bom futebol -o fraco Campeonato Holandês supera os três tentos por duelo-, a péssima qualidade no passe e a falta de dribles explicam melhor a pobreza do Brasileiro, que já não tem mais a concorrência de torneios como a Copa do Brasil e a Libertadores.
Por conta da disputa dessas competições, vários clubes optaram por reservas em muitas das rodadas no Nacional.
Desde que o Datafolha passou a tabular dados de jogos de futebol, na década de 80, nenhum Nacional teve um número tão baixo de trocas de passes como a edição atual.
A cada partida são 518 passes, ou 259 por equipe. É uma queda de 7% sobre o ano passado.
A Espanha ganhou recentemente a última Eurocopa encantando justamente por sua intensa troca de passes. Foram, segundo dados oficiais da Uefa, 569 trocas de bola por jogo.
No Brasileiro-08, o único clube a superar a barreira de 300 passes por jogo é o Palmeiras.
Além da quantidade, o passe também decepciona na qualidade. O índice de acerto no fundamento está em 80,7%. Em 2003, foi de 82,9%.
O torcedor nacional tampouco pode vibrar com dribles no atual campeonato.
Na era dos pontos corridos, que começou em 2003, esta é a edição com menos fintas. São apenas 22 tentativas por partida, uma queda de 30% em relação ao que acontecia, por exemplo, há cinco anos.

Menos torcida
Tanta mediocridade parece ter sido notada pelo torcedor.
O atual Nacional breca a tendência de crescimento no número de ingressos vendidos. Há uma pequena redução na média em relação ao ano passado, mesmo com o Flamengo, dono da maior torcida do país, na liderança e elevando o total.
Depois de dez rodadas, cada partida tem uma média de 14.125 torcedores (sem contar Vasco x Sport, anteontem, ainda não computada no site da CBF). No ano passado, no mesmo número de jornadas, esse número era de 14.664.
Dos 20 participantes, 12 não atingem em 2008 a média do ano passado. Nesse grupo estão os quatro representantes paulistas. São Paulo, Palmeiras, Santos e Portuguesa, aliás, não conseguem nem ultrapassar a barreira dos 10 mil pagantes por jogo, ou menos da metade do que o Corinthians faz na segunda divisão.


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