São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2007

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JUCA KFOURI

Parabéns, Dunga. Você venceu!


Talento não se compara, mas os campeões da Copa América e do 1º turno do Brasileirão têm muita coisa em comum


O SÃO PAULO é o indiscutível campeão do primeiro turno do Brasileirão. Resta saber, apenas, com quantos pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Garantiu a façanha na quarta-feira passada, no Maracanã, e, se cumprir a tradição desde que o campeonato é em pontos corridos, será o primeiro pentacampeão brasileiro sem asterisco.
O jogo que todos esperávamos como sensacional foi de uma pobreza técnica franciscana, embora disputado palmo a palmo, até com violência (por parte dos botafoguenses, exatamente os mais técnicos).
Tão impotentes ficaram os cariocas diante da implacável marcação paulista que acabaram por apelar, depois que sofreram o primeiro gol, aquele que, pelo pobre andamento do jogo, sabia-se, saísse para quem saísse, definiria a fatura.
E saiu para o tricolor, em cobrança de escanteio, arma letal no futebol da atualidade. Há quem goste desse modo de se jogar o jogo e quem quase chegue ao orgasmo na análise das variações táticas que uma disputa como aquela apresenta.
Ainda mais quando, para usar expressão que o técnico da seleção adora, os fatos superam as opiniões e os desejos. O São Paulo, afinal, enfileirou sete vitórias seguidas, sofreu apenas sete gols em 19 jogos e sua defesa passou incólume em 12 deles.
Inegavelmente, e sem nenhuma ironia, é de se tirar o chapéu.
O que não significa que seja bom de ver, longe disso.
Anteontem, por exemplo, mais uma vez, ao seu estilo, o time de Muricy Ramalho (embora há quem jure no Morumbi que seja o time de Juvenal Juvêncio, que convenceu o treinador a jogar com três zagueiros), pouca ou quase nenhuma chance deu ao Furacão.
E nem por isso, novamente, fez uma apresentação de encher os olhos. Nem pode, provavelmente.
Mas, perguntaria o nosso bom Dunga, como contestar a atual campanha tricolor ou a da seleção na Copa América?
Os puristas, os românticos, que se curvem, porque o mundo mudou.
O futebol mais bonito do Brasil, o do Botafogo, foi superado pelo futebol mais competitivo e eficaz do São Paulo. Que, diga-se, não tem nenhum perna-de-pau e nenhum brucutu.
Mesmo que não tenha, também, nenhum craque (à exceção de Rogério Ceni, mas que joga no gol).
E não me venham falar de nivelamento por baixo (atenção, aqui há ironia), porque, se isso é verdade, o problema não é brasileiro, é mundial, basta dizer que os dois últimos campeões do mundo são os brasileiros São Paulo e Inter.
E se, como já dizia o conselheiro Acácio, contra fatos não há argumentos, só resta que nos curvemos humildemente diante desta nova realidade do futebol.
Quem sabe com direito a tentar o vôlei, o basquete...

MENTIROSOS NATOS
"Pode-se enganar a alguns durante muito tempo; pode-se enganar a muitos durante algum tempo; mas não se pode enganar a todos durante todo o tempo", ensinou Abraham Lincoln, sem nem pensar no COB, na CBF, na MSI, nos cubanos deportados ou na programação esportiva da TV aberta no país.

blogdojuca@uol.com.br


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