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NATAÇÃO
Phelps bate recordes à base de pizza e macarrão
Receita para desempenho inclui de carboidratos a banhos de gelo
Aos 23 anos, nadador se diz cansado de acordar cedo para treinar: "É um pouco difícil levantar de manhã, mas isso é Olimpíada"
DA ENVIADA A PEQUIM
Quando viu o programa
olímpico de Pequim pela primeira vez, Michael Phelps percebeu que seu maior adversário
nos Jogos seria o relógio. Mas
não aquele que registra seus recordes, e sim o que o faz acordar à força todos os dias pela
manhã. Aos 23 anos e mais de
uma década de treinos, ele já
está cansado de acordar cedo.
Quando olhou para o placar
eletrônico do Cubo d'Água, no
entanto, teve certeza de que valeu a pena sair da cama quente
mais uma vez na madrugada.
O desempenho do norte-americano na Olimpíada de Pequim o transformou no maior
medalhista da história olímpica
e já o fez superar Mark Spitz.
Não na meta principal, oito
ouros em uma única edição da
Olimpíada, algo inédito, um a
mais do que o compatriota conseguiu em Munique-1972.
Mas, com a vitória nos 200 m
borboleta e a quebra de um novo recorde, Phelps cravou sua
25ª melhor marca mundial
-duas a mais do que as estabelecidas pelo multicampeão.
Em Pequim, Phelps também
já havia superado os recordes
dos 400 m medley, na estréia, e
dos 200 m livre. E integrou a
equipe recordista do 4 x 100 m
livre, numa das mais emocionantes disputas da história -o
Cubo d'Água já viu a superação
de 14 marcas mundiais.
O programa de Phelps nos
Jogos da China é ambicioso. A
fórmula encontrada por ele para se manter focado e com
energia para a disputa de 17
provas e 3.300 metros em Pequim, porém, parece simples.
"Tenho comido muita massa
e pizza, me encho de carboidratos. E procuro dormir muito.
Tenho acordado por volta das
4h30, 5h, todas as manhãs. Depois volto a dormir por mais
uma hora e meia e me levanto.
É um pouco difícil levantar de
manhã, mas isso é Olimpíada,
não há o que fazer", afirma.
Em Pequim, as finais da natação têm começado por volta
das 10h (23h de Brasília) para
serem transmitidas ao vivo pela TV norte-americana à noite.
Apesar dos resmungos,
Phelps é conhecido por sua dedicação aos treinos. O trabalho
com o técnico Bob Bowman inclui muitos quilômetros na piscina, treinos físicos e análises
biomecânicas do nadador.
Disputar uma prova atrás da
outra também castiga os músculos. Para superar dores e cansaço, Phelps, 23, faz massagem
e banhos de gelo. "Estou tentando me recuperar da melhor
forma possível", afirma.
Uma das características mais
impressionantes do nadador é
sua capacidade de recuperação.
Phelps tem baixa produção de
lactato, substância produzida
pelo organismo após a queima
da glicose, para o fornecimento
de energia. Seu acúmulo nos
músculos pode gerar hiperacidez, que causa dor e desconforto, após longo esforço físico.
Phelps atinge níveis mais
baixos do que outros atletas de
elite, o que o faz ficar pronto
para a próxima disputa de modo mais rápido e eficiente.
Ontem, após estabelecer o
novo recorde mundial dos 200
m borboleta, o nadador nascido
em Baltimore teve menos de
uma hora para recuperar o fôlego e os músculos e ajudar o 4 x
200 m livre de seu país, que
pulverizou o recorde mundial.
Na tarde de anteontem, após
conquistar seus dois ouros,
Phelps havia tido seu primeiro
período de folga nos Jogos de
Pequim. Ficou descansando. E
parece que seu corpo segue intacto.
(MARIANA LAJOLO)
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