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ORGANIZAÇÃO
Em busca de jogos perfeitos, chineses usam 'retoques'
Cerimônia de abertura dos Jogos teve dublagem de voz e show pirotécnico produzido no computador
Menina que encantou o público cantando "Ode à Pátria" no Ninho de Pássaro era dublê de outra, preterida por não ficar bem no vídeo
DA REPORTAGEM LOCAL
A Olimpíada que já foi alçada
ao posto de mais política da história vem ganhando contornos
que poderão deixá-la marcada
também como a "mais maquiada" de todos os tempos.
Na ânsia de realizar Jogos espetaculares, que revelem ao
mundo uma China moderna e
poderosa, o país organizador
tem usado todos os recursos
disponíveis. Inclusive dublagem e efeitos tridimensionais
que garantem um show pirotécnico sem defeitos.
A mais recente revelação que
reforça a busca incessante dos
chineses pela perfeição foi feita
pelo diretor musical da cerimônia de abertura dos Jogos
Olímpicos, Chen Qigang.
Em entrevista a uma rádio de
Pequim, ele disse que a menina
que apareceu cantando "Ode à
Pátria" para 4 bilhões de telespectadores e 91 mil pessoas que
se encontravam no Ninho de
Pássaro, na sexta-feira passada,
somente fingia cantar.
A dona da voz não era a graciosa Lin Miaoke, 9, mas sim
Yang Peiyi, 7, que, segundo
Chen, permaneceu nos bastidores por não ficar tão bem na
câmera quanto Mioke. "Depois
de vários testes, decidimos colocar Lin Miaoke no palco e
usar a voz de Yang Peiyi. Era
preciso colocar os interesses do
país em primeiro lugar."
O interesse do país é tornar
qualquer detalhe relativo aos
Jogos harmônico, belo e perfeito. E não falhar. Se é possível,
por exemplo, fazer fogos de artifício explodirem em terceira
dimensão, por que, então, expor-se a um possível fiasco?
Esse foi outro alvo da maquiagem dos chineses. Os inventores da pólvora não resistiram a criar, no computador,
imagens que reproduziam a esplendorosa queima de fogos
vista na abertura dos Jogos.
Dessa vez, quem veio à público justificar a interferência da
organização em mais um "detalhe" foi o secretário-geral do
Comitê Olímpico de Pequim,
Wang Wei. "Algumas imagens
foram feitas antes da cerimônia
por causa da baixa visibilidade.
Queríamos um efeito teatral."
Os fogos, porém, não tiveram
tanta repercussão quanto a dublagem. O jornal "New York Times" destacou que, após a mídia chinesa divulgar que a voz
de Lin, era, na verdade, de
Yang, pipocaram protestos em
listas de discussões chinesas na
internet. "As crianças são inocentes. Não contaminem suas
mentes" era um dos comentários postados por alguém que
teve coragem de criticar, na
China, o governo chinês.
Com agências internacionais
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