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Em prazo final para publicação,
confusão com balanços continua
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
A confusão com o balanço dos
clubes continua. Assim como
aconteceu com o de 2001, o do
ano passado, que deve por lei ser
publicado até hoje, não tem um
critério definido. Cada clube decidiu seguir uma linha própria.
Eles não chegaram a um acordo
sobre como contabilizar os atletas, os direitos de imagem dos jogadores, as receitas antecipadas
de TV e até os estádios de futebol.
Nem mesmo houve um consenso
a respeito de um possível ""boicote", como apregoado pelo Vasco,
à medida provisória 79, que exige
a publicação do balanço.
Antes da Lei Pelé, que acabou
com o passe no país em 2001, os
atletas podiam ser contabilizados
simplesmente como ativos. Mas
agora, aparentemente, vale tudo.
O Santos, por exemplo, defendeu, em reunião do Clube dos 13,
que o correto seria calcular quanto cada clube receberia de multa
se todos os jogadores vinculados a
ele resolvessem mudar de ares.
Mas, aconselhado pela direção
do C13, consultou três empresas
de auditoria, que acharam o procedimento incorreto. Para os auditores, ativos tangíveis -caso
das multas contratuais- só devem ser registrados quando tiverem sido concretizados.
O São Paulo, por sua vez, continua considerando o passe dos
atletas como ativo imobilizado,
contabilizando os jogadores vinculados ao clube ao lado de terrenos, edificações, máquinas e equipamentos, móveis e utensílios.
O mais inovador é o Palmeiras.
O clube, que disse que publicaria
o balanço de 2002 até hoje, optou
por um modelo tão simplificado
que não apresenta parte das demonstrações nem especifica como contabilizou os atletas.
A falta de critério para fazer o
balanço é usada pelos próprios
clubes como argumento para pedirem um tempo para o governo.
De acordo com a medida provisória 79, eles são obrigados a publicar suas operações financeiras
de 2002 no Diário Oficial da
União ou do Estado e em jornais
de grande circulação até hoje.
Quem não cumprir a MP pode
ser punido -seus dirigentes correm o risco de serem afastados,
além de terem considerados nulos os atos praticados após o fim
do prazo para publicação.
Mesmo assim, nem todos os
clubes pretendem tornar públicas
suas demonstrações financeiras.
É o caso do Vasco, que já desrespeitou a MP79 ao não publicar,
como deveria, o balanço de 2001
até o último dia 28 de dezembro.
"Um clube de futebol tem de
prestar contas para seus sócios. É
o que o Vasco faz. Nada nos obriga a publicar balanço, isso é um
desrespeito a quem tanto faz pelo
social. O Vasco já tirou milhares e
milhares jogadores da marginalidade", disse Eurico Miranda, o
presidente do clube carioca.
Ele lembra que, mesmo não tendo publicado o balanço de 2001,
não foi punido, "até porque a MP
[que está na pauta de votação do
Congresso] não será reeditada".
Advogados especializados dizem que a punição não é fatal,
pois a Constituição dá autonomia
administrativa, funcional e organizacional aos clubes.
A posição de Eurico, no entanto, é minoria entre os 20 clubes
que integram o C13 -16 deles,
incluindo os quatro grandes de
SP e três do RJ, disseram que publicariam seus balanços até hoje.
Mas todos eles defendem mudança. Pedem uma cartilha do
governo que uniformize os critérios para fazerem os balanços e o
direito de publicá-los em abril.
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