São Paulo, quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

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Mãe de Joanna revela treinador

Suposto autor de abuso sexual contra a nadadora é afastado de funções em escola após denúncia

Acusado passa a tarde reunido com advogados, afirma ser inocente e recebe apoio; família da atleta descarta abrir processo


RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

MARCO BAHÉ
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O ex-técnico de Joanna Maranhão apontado pela mãe da nadadora como responsável por abusos sexuais sofridos pela filha na infância foi afastado por tempo indeterminado ontem da escola particular onde trabalha, em Olinda (região metropolitana de Recife).
A médica Teresinha Maranhão disse à imprensa que o professor de educação física Eugênio Miranda, técnico de Joanna durante três anos, abusou da atleta quando ela tinha nove anos e treinava no Clube Náutico Capibaribe.
A família, no entanto, descarta processar criminalmente o ex-técnico da atleta.
A nadadora, que ganhou destaque ao chegar em quinto lugar na final dos 400 m medley na Olimpíada de Atenas-2004, completa 21 anos em abril.
Miranda, que passou a tarde de ontem reunido com advogados, negou a acusação.
"Não tenho nada a dizer sobre isso. Já conversei com minha família e recebi total apoio. Quem me conhece sabe minha índole", afirmou ele.
Na semana passada, quando participava de treinamentos na França, Joanna disse ter sido molestada por um ex-técnico quando era criança e que queria alertar os pais para cuidados com os filhos esportistas.
A nadadora, conhecida também por seu temperamento explosivo, afirmou que muitos de seus problemas de comportamento e a queda nos resultados na piscina foram agravados pelo assédio sofrido na infância.
Agora, quer usar sua experiência para ajudar outras crianças vítimas de abuso.
A nadadora ainda não tem índice para disputar os Jogos de Pequim, sua prioridade no ano.
"Quanto mais rápido eu nadar, melhor exemplo serei. Agora quero só pensar em natação", afirmou Joanna, após revelar as supostas agressões.
A mãe dela declarou que a filha passa por tratamento psicológico para superar o trauma, revelado à família recentemente. Ela chegou a ter medo de entrar na piscina. A atleta retornou ao Brasil na segunda-feira.
Da França, Joanna havia dito que decidiu falar sobre o assunto porque havia conseguido superá-lo. Falou, porém, que não revelaria o nome do suposto agressor por não ter provas. O Náutico disse, por meio de sua assessoria, desconhecer o fato.
Miranda treinava as equipes do colégio Santa Emília havia cinco anos. O coordenador de natação da escola, Fernando Ramos, afirmou ter ficado surpreso com a acusação.
"Em 2004, fizemos uma homenagem à Joanna e ela veio aqui, abraçou Eugênio, autografou uma camisa dele e, em discurso, agradeceu a ele pelo treinamento", declarou.
O coordenador afirmou ainda que recebeu ontem telefonemas de atletas e pais de alunos solidários a Miranda.
"Tem alguma peça que não se encaixa em tudo isso", disse Ramos. Segundo ele, Miranda é casado há mais de 20 anos e têm dois filhos. "Joanna brincava com os filhos dele."


Com a Reportagem Local


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