São Paulo, domingo, 14 de março de 2004

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FUTEBOL

Diretoria renova contrato de goleiro por 4 anos e ganha cabo eleitoral

São Paulo escala Rogério como "capitão" em eleição

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Classificado no Paulista e com boas chances de avançar na Libertadores, o São Paulo vive neste mês uma guerra surda fora das quatro linhas. E o capitão do time, eleito pela tropa de Marcelo Portugal Gouvêa, é Rogério Ceni, maior salário do Morumbi e jogador mais antigo do elenco.
Com contrato renovado por mais quatro anos, o goleiro foi escolhido pela situação como o principal cabo eleitoral do atual presidente. E virou, de forma imediata, o inimigo número um do grupo de Paulo Amaral, que tenta voltar ao poder após dois anos.
A renovação do contrato de Rogério, 31, feita na surdina um mês antes do fim do mandato de Gouvêa, abriu nova disputa nos bastidores do Morumbi. Eram favas contadas que, caso não assegurasse a permanência no clube agora, o capitão seria negociado se o grupo de Amaral fosse eleito em abril.
Com multa rescisória de US$ 10 milhões para venda ao exterior, Rogério ficará no clube mesmo contra a vontade de seu desafeto.
O goleiro, que tem salário estimado em cerca de R$ 190 mil, custa ao São Paulo, incluindo encargos, impostos e luvas, cerca de R$ 300 mil mensais. Anualizado, o valor equivale à metade de todo o dinheiro investido pela LG.
Mesmo negando publicamente que Rogério fará campanha aberta por Gouvêa, o diretor de futebol Juvenal Juvêncio, líder político da situação, admite que o goleiro ajuda a diretoria. "Ele só nos elogiou num programa de TV. Além de ser o melhor goleiro da história do São Paulo, ele é um torcedor confesso e sabe o que é melhor para o clube. O Rogério queria uma tranqüilidade, uma garantia. Ele não gosta do Paulo Amaral. E o Paulo Amaral não gosta dele. Não podíamos correr o risco de perdê-lo."
A oposição não ataca Rogério oficialmente porque teme a popularidade do jogador, dono da camisa 1 são-paulina há nove anos.
"Prefiro não comentar o assunto Rogério", diz Amaral, que ainda não digeriu o caso Arsenal em 2001. Na ocasião, o então presidente foi a uma rádio para, aos prantos, desmentir seu funcionário e dizer que não havia a proposta dos ingleses, usada como arma para pedido de aumento.
O fato é que o goleiro, que não quis se pronunciar, está cada dia mais próximo da situação. Hoje, se não houver mudanças de última hora, entrará em campo de amarelo. Justamente a cor que batiza a chapa liderada por Gouvêa.



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