São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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FUTEBOL

Se o Brasil pós-Pelé passaria 24 anos sem título do Mundial, a Alemanha pós-1974 seria derrotada duas vezes de forma seguida em finais de Copas

Dupla chora "amareladas"

DA REPORTAGEM LOCAL

Após a consagração no futebol, muito bem retratadas pelas eras Pelé e Beckenbauer, Brasil e Alemanha experimentaram uma fase de transição na qual permaneceram competitivos, porém com uma série de grandes decepções.
Sem o ""Rei" em campo, o Brasil amargaria uma ""fila" de 24 anos na principal competição do futebol mundial. Temido pelos adversários em todas as Copas pós-tri, ficaria fora de todas as finais entre 1974 e 1990. Nesse período, o ""país do futebol" sofreu algumas de suas derrotas mais marcantes.
Já na Alemanha, em 1974, a queda diante da inovadora Holanda (0 a 2) colocou em dúvida a capacidade do Brasil em assimilar novos conceitos no esporte. A valorização da tática e o aprimoramento da preparação física pareciam ir contra o reinado construído pelo técnico futebol brasileiro.
A derrota diante da Itália em 1982 por 3 a 2 foi, por sua vez, um significativo baque para o chamado futebol-arte. Na Copa da Espanha, os italianos alcançariam em títulos mundiais o Brasil. A conquista dos dois primeiros troféus argentinos também colocaram a propalada hegemonia brasileira na modalidade contra a parede.
A aparição de Maradona como melhor jogador do mundo e concorrente de Pelé a maior da história também ajudou a nivelar mais as coisas no mundo do futebol.
No que se refere a clubes, o Brasil arrebatou entre 1964 e 1991 apenas três títulos de Libertadores e só dois Mundiais, esfriando ainda mais o domínio brasileiro.
A Alemanha também colecionou boas campanhas e dolorosos insucessos entre 1978 e 1986. Seria o segundo país (o primeiro foi a Holanda) a perder duas finais consecutivas de Mundiais -em 1982, caiu diante da Itália e, em 1986, perdeu da Argentina. Em 1978, já demonstrara sua queda e sua dependência de Beckenbauer, que não atuou naquele Mundial.
Após um tricampeonato europeu do Bayern no meio dos anos 70, o futebol alemão ganharia só uma vez a Copa dos Campeões em 20 anos. Mesmo assim, o Hamburgo, campeão europeu de 1983, perdeu a decisão do Mundial interclubes para o Grêmio.
Ainda dividida, a Alemanha viu sua metade oriental, cujo legado não é agregado à atual Alemanha pela Fifa, ganhar o ouro olímpico em 1976. A cobiçada medalha escaparia do Brasil por duas vezes em decisões nos anos 80 -a seleção caiu diante da França em 1984 e da ex-União Soviética em 1988.
A Alemanha só pôde mesmo festejar uma Eurocopa, em 1980, entre seu segundo e seu terceiro título mundial. O Brasil, enquanto isso, penava em uma fila de 40 anos sem taças da Copa América, jejum só quebrado em casa em 1989. Como consolo, ambos os países venceram o Mundial sub-20 nos anos 80. (RODRIGO BUENO)


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