São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006 |
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Clóvis Rossi Bateu ponto. E só
ANTES de mais nada,
vamos combinar o
seguinte: eu não estou gastando o dinheiro da
Folha na Alemanha só para ver o Brasil ganhar da
Croácia. Esse resultado
estava "precificado", como dizem os economistas.
Prova? A torcida da
Croácia comemorou o 1 a
0 contra até mesmo depois do apito final, evidência clara de que perder de
pouco do Brasil estava no
limite de suas expectativas. Já a torcida brasileira
pedia "Robinho, Robinho,
Robinho" desde os 16 minutos do segundo tempo,
sinal de que seu apetite
não estava nada satisfeito
com o 1 a 0 a favor.
Vim para ver a concretização de todos os papos de
botequim, no Brasil ou na
Alemanha, na Croácia ou
no Togo: a melhor seleção
brasileira de todos os tempos ou, ao menos, algo
muito semelhante aos times de 1958 e 1970, sem
dúvida os melhores do rico repertório brasileiro.
Não vi nem sombra.
Pior: a nova dupla de zagueiros, Lúcio e Juan, parecia disposta a reabilitar
a memória do tão vilipendiado Roque Júnior, de
tantos sustos que deram à
comportada torcida brasileira, nas bolas alçadas na
área ou enfiadas entre
eles. A Croácia, time modestíssimo, conseguiu a
façanha de chutar, com
perigo, quatro ou cinco
bolas pelo centro da área.
O Brasil, com o que é o
melhor jogador do mundo
e o que foi (Ronaldinho e
Ronaldo), conseguiu proeza inversa: nenhuma jogada de área. Nem o gol, este
sim um primor. Kaká chutou com a precisão de um
computador e com a beleza de um passe de balé.
No mais, Ronaldo jogou
como joga no Real Madrid,
ou seja, nada. Ronaldinho
jogou como não joga no
Barcelona. Parecia ter plena noção disso, tanto que,
ao contrário do que acontece até quando erra jogadas no Barcelona, não sorriu. Nem mesmo ao deixar
o campo e receber cumprimentos pela vitória.
Se estivesse de mau humor, diria que o Brasil jogou preguiçosamente, sovinamente. Mas, em tributo póstumo aos artistas
que ontem não o foram,
digamos que a seleção parece ter a tranqüila certeza de que, cedo ou tarde,
faz um gol e mata o jogo.
Ontem, o gol saiu mais
tarde que cedo e, pior, não
matou o jogo. Ao contrário, a Croácia foi para cima
e, em vez dos Ronaldos, a
torcida gritou o nome de
Dida. Está dito tudo.
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