São Paulo, segunda-feira, 14 de junho de 2010

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Confronto em Durban faz 2 feridos

Polícia usa balas de borracha e gás lacrimogêneo contra manifestantes

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A DURBAN

Ao menos duas pessoas ficaram feridas em confronto entre policiais e funcionários de segurança do estádio de Durban, horas depois da partida em que a Alemanha goleou a Austrália por 4 a 0.
O conflito ocorreu no estacionamento da arena, onde mais de 300 monitores que trabalharam no jogo iniciaram um protesto, alegando não ter recebido o salário combinado com a organização do Mundial sul-africano.
Pouco antes da 1h de hoje (20h de ontem em Brasília), cerca de cem policiais dispararam balas de borracha e lançaram bombas de gás lacrimogêneo para expulsar os manifestantes. O incidente durou cerca meia hora e acabou quando os protestantes foram confinados em uma rua perto do estádio -pelo menos dois foram detidos.
"Vi uma pessoa caída e outra sendo carregada", contou o repórter cinematográfico da ESPN Brasil, Julio Guaraldo, que filmou parte do confronto. Segundo Xolani Hlongo, profissional que trabalha na TV do estádio de Durban, um ferido "levou um tiro de bala borracha".
Segundo testemunhas, a outra vítima foi pisoteada durante o avanço da polícia sobre os manifestantes.
Dezenas de pessoas foram "jogadas" para fora da área do estádio. A polícia, na tentativa de afastar os funcionários, atirou dentro do estádio, em frente ao centro de imprensa, em uma área na qual estavam jornalistas, monitores e voluntários.
"Eles precisam pagar o que nos devem", disse Noiovu Zandine, uma das manifestantes. "A Fifa falou que ia nos pagar por jogo 1.500 rands [cerca de R$ 350]. E pagou só 200 rands [R$ 70]. Aí começou a greve, é uma questão de salário. Temos família para criar", acrescentou Mtdokozisi Hlongwa.
Outro manifestante, que não se identificou, declarou que trabalhou três dias sem receber nada. Todos eles são contratados da empresa Stallion Security, que tem sede em Johannesburgo.
Datuk Dell Akbar Hyder Khan, funcionário com crachá da Fifa, não quis comentar o confronto. Em uma sala, ele tratava da negociação sobre o pagamento dos funcionários. Ao pedir para entrevistar Khan, a reportagem da Folha foi retirada do local por chefes da segurança.
"Depois, depois, ninguém precisa falar disso agora", disse um deles. A reportagem perguntou sobre as bombas: "Não houve bomba no estádio, houve apenas uma pequena insatisfação dos funcionários", respondeu um outro agente.
Mais tarde, Olivier Huc, o encarregado de imprensa da Fifa na arena de Durban, afirmou que o incidente "é uma questão do Comitê Organizador Local" e que a Fifa faria um pronunciamento oficial sobre o caso hoje.
O Comitê Organizador Local não comentou o conflito.


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