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Confronto em Durban faz 2 feridos
Polícia usa balas de borracha e gás lacrimogêneo contra manifestantes
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A DURBAN
Ao menos duas pessoas ficaram feridas em confronto
entre policiais e funcionários
de segurança do estádio de
Durban, horas depois da partida em que a Alemanha goleou a Austrália por 4 a 0.
O conflito ocorreu no estacionamento da arena, onde
mais de 300 monitores que
trabalharam no jogo iniciaram um protesto, alegando
não ter recebido o salário
combinado com a organização do Mundial sul-africano.
Pouco antes da 1h de hoje
(20h de ontem em Brasília),
cerca de cem policiais dispararam balas de borracha e
lançaram bombas de gás lacrimogêneo para expulsar os
manifestantes. O incidente
durou cerca meia hora e acabou quando os protestantes
foram confinados em uma
rua perto do estádio -pelo
menos dois foram detidos.
"Vi uma pessoa caída e outra sendo carregada", contou
o repórter cinematográfico
da ESPN Brasil, Julio Guaraldo, que filmou parte do confronto. Segundo Xolani
Hlongo, profissional que trabalha na TV do estádio de
Durban, um ferido "levou
um tiro de bala borracha".
Segundo testemunhas, a
outra vítima foi pisoteada
durante o avanço da polícia
sobre os manifestantes.
Dezenas de pessoas foram
"jogadas" para fora da área
do estádio. A polícia, na tentativa de afastar os funcionários, atirou dentro do estádio, em frente ao centro de
imprensa, em uma área na
qual estavam jornalistas,
monitores e voluntários.
"Eles precisam pagar o
que nos devem", disse Noiovu Zandine, uma das manifestantes. "A Fifa falou que ia
nos pagar por jogo 1.500
rands [cerca de R$ 350]. E pagou só 200 rands [R$ 70]. Aí
começou a greve, é uma
questão de salário. Temos família para criar", acrescentou Mtdokozisi Hlongwa.
Outro manifestante, que
não se identificou, declarou
que trabalhou três dias sem
receber nada. Todos eles são
contratados da empresa
Stallion Security, que tem sede em Johannesburgo.
Datuk Dell Akbar Hyder
Khan, funcionário com crachá da Fifa, não quis comentar o confronto. Em uma sala,
ele tratava da negociação sobre o pagamento dos funcionários. Ao pedir para entrevistar Khan, a reportagem da
Folha foi retirada do local
por chefes da segurança.
"Depois, depois, ninguém
precisa falar disso agora",
disse um deles. A reportagem perguntou sobre as
bombas: "Não houve bomba
no estádio, houve apenas
uma pequena insatisfação
dos funcionários", respondeu um outro agente.
Mais tarde, Olivier Huc, o
encarregado de imprensa da
Fifa na arena de Durban,
afirmou que o incidente "é
uma questão do Comitê Organizador Local" e que a Fifa
faria um pronunciamento
oficial sobre o caso hoje.
O Comitê Organizador Local não comentou o conflito.
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