São Paulo, segunda-feira, 14 de junho de 2010

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JUAN PABLO VARSKY

Com a dívida paga


Messi mandou uma mensagem para o mundo: "Estou aqui com uma missão: ser lenda"


GOSTEI DA Argentina. A equipe criou 11 situações claras de gol em sua estreia na África do Sul. Mas errou dez, o que manchou sua boa partida.
A falta de contundência impediu que o time descansasse com a posse de bola. E o obrigou a um esforço físico importante no fim, quando a questão já não era aumentar o placar, mas conservar o 1 a 0.
Porém o balanço é positivo. Messi se aproximou do Messi do Barcelona. Muito melhor acompanhado pela presença de Tevez, Di María, Verón e Higuaín, ele jogou sua melhor partida na seleção.
Encarregou-se de seu papel de líder. Mostrou todo o seu repertório de paradinhas, dribles e breques. O excelente goleiro Enyeama roubou três gols dele -e Messi só errou em sua última chance, quando chutou no corpo do Super-Homem amarelo que defendeu a Nigéria. Não quis fazer sempre a jogada mágica, sinal de sua maturidade. Teve paciência para esperar o momento certo de mudar o ritmo. Usou seus clássicos arranques, que deixam parados os rivais, como se fossem cones de treino.
Messi estava devendo um jogo assim na seleção.
Tirou um peso de cima das suas costas. Com certeza está muito mais tranquilo, com sua dívida paga. Com sua grande atuação, Lionel mandou uma mensagem para o mundo: "Estou aqui com uma missão: ser lenda".
Messi se pareceu com o Messi do Barcelona, mas a Argentina não foi o Barça. Além de sua ideia ambiciosa e das oportunidades criadas, mostrou fragilidade defensiva no lado direito. Jonás Gutiérrez não é Dani Alves. Foi difícil para ele assumir a lateral, e nunca encontrou sua posição. As mudanças no ataque da Nigéria o colocaram no mano a mano contra o perigoso Ogbuke Obasi, e não pôde freá-lo. A escolha de Tevez na função de Pedro só terá sentido se jogar também um lateral de ofício. Burdisso é a opção mais conservadora (zagueiro reconvertido), e Clemente Rodríguez, a mais atrevida. Clemente é o mais "brasileiro" dos laterais argentinos.
A Coreia do Sul não é a Nigéria. Ordenada e dinâmica, será um rival mais exigente. Mas do outro lado estará a Argentina, com todo o seu potencial ofensivo. Ganhar sempre é positivo. Mas é mais gostoso quando o time joga como eu gosto.

@VarskyMundial


JUAN PABLO VARSKY é colunista de futebol do jornal argentino "La Nación" e do site Canchallena.com.


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