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TÊNIS
Bem jogado
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Não é porque não teve Grand
Slam que o fim de semana
foi esvaziado. E não é porque
Gustavo Kuerten só treinava em
Santa Catarina que não houvesse
nada interessante.
No sábado, Newport, nos EUA,
reuniu Rod Laver, John McEnroe,
Chris Evert, Hana Mandlikova,
Virginia Wade, John Newcombe,
Ken Rosewall, Guillermo Vilas,
Steffi Graf e Stefan Edberg, entre
outros tantos. À noite, eles participaram de um jantar bacanudo.
Houve até quem pagasse US$
1.000 por um convite para a festa.
No dia seguinte, um outro agito.
Em Gstaad, Roger Federer conquistou seu sétimo título no ano,
o primeiro em casa. Não bastasse
a festa dos suíços, Federer alcançou a 50ª vitória em uma temporada com uma incrível rapidez.
Nas últimas décadas, só Ivan
Lendl, há 15 anos, chegou a 50 vitórias ainda no mês de julho. Federer ganhou também sua oitava
final seguida e um título no saibro (Gstaad) na semana seguinte
a um na grama (Wimbledon).
Mas não foi só isso. Aliás, não
foi isso. O mais legal do fim de semana, acredite, rolou aqui em
São Paulo. E de graça.
Às 11h04 de domingo, uns poucos 200 torcedores, quase debaixo
de chuva fina, viram Maria Fernanda Alves entrar em uma quadra do clube Paineiras para o terceiro jogo do confronto da Fed
Cup entre Brasil e Croácia, até
então o placar apontando uma
vitória para cada lado.
Nanda, que na semana passada
rompeu a barreira das 200 primeiras do ranking, perdeu em
dois sets, mas jogou como gente
grande. Desferiu excelentes golpes, não se deixou intimidar pela
superioridade técnica da número
38 do mundo, a croata Jelena
Kostanic, e atuou com astúcia e
coragem, arriscando, correndo.
Com a derrota de Nanda, Bruna Colósio entrou na mesma quadra, mas com um frio ainda mais
intenso, precisando ganhar para
levar a definição ao jogo de duplas. Seu desafio era tão grande
quanto o de Nanda: número 424,
precisava bater Darija Jurak, a
241ª colocado do ranking.
Longe de ser um jogo tecnicamente perfeito, foi uma partida
das mais emocionantes. Colósio
compensou sua fase irregular no
apoio explícito do público (a essa
hora, todos os 300 que estavam
pelo clube assistiam ao jogo de pé,
literalmente em volta da quadra).
Reconhecida pelas adversárias
como uma tenista que apenas devolve bola, Colósio, corajosa,
apostou em seus golpes e optou
pela definição rápida do ponto
em várias oportunidades. Em nenhum momento bateu com medo, jamais entregou o jogo.
Nanda e Bruna não fizeram
mágica, é verdade. Perderam, e o
Brasil vai seguir fora do Grupo
Mundial. Mas pergunte a quem
esteve lá se o programa, num domingo frio, preguiçoso, horas e
horas de pé, sob um frio congelante, não valeu a pena. Valeu.
No fim, Bruna deixou cair algumas lágrimas. Mas deixou também orgulhosos os que foram até
lá ver a Fed Cup.
Às vezes, mais do que ir a um
megaevento com estrelas do tênis
ou assistir a um supercampeão
batendo recordes, legal mesmo é
ver só um jogo bem jogado.
Bons jogos
A Unisys Arena recebe o Ourocard Tennis Challenger. Os jogos, com
alguns dos melhores atletas do país, começam às 11h e têm entrada
franca. A semifinal (sábado) e a final (domingo) também são às 11h.
Mais bons jogos
Em Campos do Jordão, as melhores tenistas do país, inclusive as meninas da Fed Cup, jogam a Credicard MasterCard Tennis Cup.
Bem jogado também
Eládio Ribeiro, Patrícia Coimbra (18 anos), João Souza, Laryssa Ferreira (16), Henrique Cunha, Cristiana Narchi (14), Eduardo Dischinger, Marília Câmara (12), Renan Samed e Alice Garcia (10) conquistaram o título em sua categoria no Campeonato Brasileiro.
E-mail reandaku@uol.com.br
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