São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TÊNIS

Bem jogado

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Não é porque não teve Grand Slam que o fim de semana foi esvaziado. E não é porque Gustavo Kuerten só treinava em Santa Catarina que não houvesse nada interessante.
No sábado, Newport, nos EUA, reuniu Rod Laver, John McEnroe, Chris Evert, Hana Mandlikova, Virginia Wade, John Newcombe, Ken Rosewall, Guillermo Vilas, Steffi Graf e Stefan Edberg, entre outros tantos. À noite, eles participaram de um jantar bacanudo. Houve até quem pagasse US$ 1.000 por um convite para a festa.
No dia seguinte, um outro agito. Em Gstaad, Roger Federer conquistou seu sétimo título no ano, o primeiro em casa. Não bastasse a festa dos suíços, Federer alcançou a 50ª vitória em uma temporada com uma incrível rapidez.
Nas últimas décadas, só Ivan Lendl, há 15 anos, chegou a 50 vitórias ainda no mês de julho. Federer ganhou também sua oitava final seguida e um título no saibro (Gstaad) na semana seguinte a um na grama (Wimbledon).
Mas não foi só isso. Aliás, não foi isso. O mais legal do fim de semana, acredite, rolou aqui em São Paulo. E de graça.
Às 11h04 de domingo, uns poucos 200 torcedores, quase debaixo de chuva fina, viram Maria Fernanda Alves entrar em uma quadra do clube Paineiras para o terceiro jogo do confronto da Fed Cup entre Brasil e Croácia, até então o placar apontando uma vitória para cada lado.
Nanda, que na semana passada rompeu a barreira das 200 primeiras do ranking, perdeu em dois sets, mas jogou como gente grande. Desferiu excelentes golpes, não se deixou intimidar pela superioridade técnica da número 38 do mundo, a croata Jelena Kostanic, e atuou com astúcia e coragem, arriscando, correndo.
Com a derrota de Nanda, Bruna Colósio entrou na mesma quadra, mas com um frio ainda mais intenso, precisando ganhar para levar a definição ao jogo de duplas. Seu desafio era tão grande quanto o de Nanda: número 424, precisava bater Darija Jurak, a 241ª colocado do ranking.
Longe de ser um jogo tecnicamente perfeito, foi uma partida das mais emocionantes. Colósio compensou sua fase irregular no apoio explícito do público (a essa hora, todos os 300 que estavam pelo clube assistiam ao jogo de pé, literalmente em volta da quadra).
Reconhecida pelas adversárias como uma tenista que apenas devolve bola, Colósio, corajosa, apostou em seus golpes e optou pela definição rápida do ponto em várias oportunidades. Em nenhum momento bateu com medo, jamais entregou o jogo.
Nanda e Bruna não fizeram mágica, é verdade. Perderam, e o Brasil vai seguir fora do Grupo Mundial. Mas pergunte a quem esteve lá se o programa, num domingo frio, preguiçoso, horas e horas de pé, sob um frio congelante, não valeu a pena. Valeu.
No fim, Bruna deixou cair algumas lágrimas. Mas deixou também orgulhosos os que foram até lá ver a Fed Cup.
Às vezes, mais do que ir a um megaevento com estrelas do tênis ou assistir a um supercampeão batendo recordes, legal mesmo é ver só um jogo bem jogado.

Bons jogos
A Unisys Arena recebe o Ourocard Tennis Challenger. Os jogos, com alguns dos melhores atletas do país, começam às 11h e têm entrada franca. A semifinal (sábado) e a final (domingo) também são às 11h.

Mais bons jogos
Em Campos do Jordão, as melhores tenistas do país, inclusive as meninas da Fed Cup, jogam a Credicard MasterCard Tennis Cup.

Bem jogado também
Eládio Ribeiro, Patrícia Coimbra (18 anos), João Souza, Laryssa Ferreira (16), Henrique Cunha, Cristiana Narchi (14), Eduardo Dischinger, Marília Câmara (12), Renan Samed e Alice Garcia (10) conquistaram o título em sua categoria no Campeonato Brasileiro.

E-mail reandaku@uol.com.br


Texto Anterior: No Barcelona, ex-atletas podem dar lucro ao time
Próximo Texto: Futebol - Tostão: A virtude dos medíocres
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.