São Paulo, sábado, 14 de julho de 2007

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crise

STJD põe Corinthians em xeque

Ao tomar conhecimento de supostos acertos para impedir queda do time, órgão ordena investigação

Presidente do tribunal, Rubens Approbato, que é conselheiro do clube, afirma ter que se "destituir de tudo" e que já "provou sua isenção"


EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) já requisitou as escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal na investigação da parceria Corinthians/MSI para apurar supostos acertos financeiros para evitar a queda do time no Brasileiro do ano passado.
O caso veio à tona com as interceptações da PF, fruto da investigação conduzida pelo Ministério Público Federal.
A denúncia, por crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, foi acatada pela Justiça, que decretou a prisão preventiva do presidente da parceira, Kia Joorabchian, do magnata russo Boris Berezovski, apontado como principal investidor da MSI, e do diretor da empresa Nojan Bedroud.
Pelo mesmo motivo, foram denunciados o presidente do Corinthians, Alberto Dualib, o vice Nesi Curi, o empresário Renato Duprat, intermediador do acordo, o ex-diretor da MSI Paulo Angioni e o advogado Alexandre Verri, que tinha procuração da empresa.
O grampo identificou conversas sobre acertos financeiros para evitar o rebaixamento corintiano. Ao tomar conhecimento do caso, o presidente do STJD, Rubens Approbato, ordenou que ele indicasse um procurador para requisitar o áudio -isso foi feito ontem.
"Se houver provas de que teve isso, o culpado pode ser enquadrado no artigo 238 do CBJD [Código Brasileiro de Justiça Desportiva]", disse o presidente do STJD.
O artigo fala em "receber ou solicitar vantagem indevida em razão de cargo ou função, remunerados ou não, em qualquer entidade desportiva ou órgão da Justiça Desportiva, para praticar, omitir ou retardar ato de ofício, ou, ainda, para fazê-lo contra disposição expressa de norma desportiva".
Procurado, o Corinthians não quis comentar o assunto.
Caso seja comprovada a fraude, o dirigente responsável pode ser punido com suspensão de dois a quatro anos ou eliminação, em caso de reincidência. Approbato, no entanto, disse ainda ser prematuro falar em punições para o Corinthians.
"Nesta matéria, prefiro analisar os resultados ainda."
Além de presidente do STJD, ele é conselheiro corintiano e opositor do presidente Alberto Dualib. "Nesse ponto tenho de me destituir de tudo. O que eu acho, como corintiano, é que sempre denunciei essa parceria. Tudo o que previ está acontecendo", afirmou ele.
O procedimento adotado agora pelo STJD é semelhante ao da Máfia do Apito, escândalo de manipulações de resultado, que acabou com o indiciamento de sete pessoas. Conversas telefônicas gravadas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal revelaram a existência de um esquema no qual árbitros manipularam partidas.
Ontem, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse ter tomado conhecimento do caso. "Tudo tem quer ser bem apurado."


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