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virou prioridade
Muricy inflaciona troféu para obter estabilidade
Decisão da Recopa vira tábua de salvação para o São Paulo e vale auto-estima
Com trabalho questionado, técnico reavalia decisão de hoje contra o Boca Juniors, que considerava menos importante que o Brasileiro
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um técnico desgastado, um
time sem confiança, uma torcida ressabiada e um título de
menor importância que vale a
auto-estima. Quatro elementos
que se encontram hoje, no Morumbi, às 22h, quando o São
Paulo pega o Boca Juniors.
O que seria apenas uma decisão internacional em dois jogos
da não muito prestigiosa Recopa Sul-Americana valerá a estabilidade do treinador Muricy
Ramalho, que ficou atrás do
Santos no Paulista, perdeu a Libertadores para o Internacional e vai perdendo fôlego no
Nacional, que ainda lidera.
Diante de um adversário letal
como o Boca, ninguém mais do
que Muricy está no olho do furacão. Prensado entre a insatisfação da diretoria e a de parte
do elenco, o treinador já tratou
de tomar suas medidas. A primeira delas foi a de trocar seu
lado prático pela psicologia.
"O momento agora é de levantar a bola dos jogadores. Se
ficar dando só porrada, eles não
agüentam. Tem que conversar,
e não mudar tudo e ficar treinando feito louco", afirmou o
técnico são-paulino.
Outra iniciativa de Muricy
foi exaltar o Boca. O treinador,
que antes dizia que as finais da
Recopa não deveriam ficar à
frente do Brasileiro, prioridade
no clube, mudou o tom.
"Essas finais são muito importantes. Quem jogou na
Bombonera viu o espetáculo
que foi. Seria um desrespeito
levar os reservas contra eles. E
tem mais: ganhar do Boca Juniors é um acontecimento. Não
é para qualquer um", enfatizou.
O mistério também faz parte
do plano traçado pelo comandante. Ontem, no Morumbi, o
técnico comandou um trabalho
com portões fechados. Além
disso, nada de definir o time,
sob o argumento de que Aloísio
e Leandro, a dupla de ataque titular, estava em tratamento.
Preso à curva descendente
que o time percorre desde a final da Libertadores (47,6% de
aproveitamento), Muricy quer
o título da Recopa para serenar
os ânimos no Morumbi, pois no
domingo tem outra parada dura: encara o algoz Inter, segundo colocado, e pode até deixar
de ser líder do Brasileiro se perder por boa margem de gols.
Apesar de pressionado, o técnico tenta dar naturalidade à
situação. "No futebol, se você
não ganha, a cobrança vem
mesmo. Quantos às críticas, todo mundo entende de futebol.
Só que eu estou no dia-a-dia."
A situação nem é tão dramática. O São Paulo perdeu fora
por 2 a 1 e leva a taça se bater os
argentinos por 1 a 0 -pelo regulamento, gol fora tem peso
dobrado. Vitória por 2 a 1 leva a
decisão para os pênaltis. Aos argentinos, basta empatar. Se fizer um gol, o Boca só perde a taça nos 90 minutos em caso de
desvantagem por dois tentos.
Ainda refém dos estragos do
empate com o Corinthians, que
sustentou um 0 a 0 com nove
em campo desde os 25 minutos
do primeiro tempo, o São Paulo
tenta se encontrar justamente
contra um adversário que está
em grande fase (cinco vitórias
nas cinco rodadas do Argentino) e também costuma se sentir em casa no Morumbi.
Em 2000, diante do Palmeiras de Luiz Felipe Scolari, e três
anos mais tarde, contra o Santos do técnico Leão, o Boca Juniors deu a volta olímpica no
campo são-paulino, festejando
a conquista da Libertadores.
Além disso, os argentinos
sempre se deram bem quando
tiveram Muricy no banco de reservas adversário. Em 2004, o
técnico caiu com o São Caetano, na Libertadores. No mesmo
ano, pela Sul-Americana, perdeu com o Internacional. Em
2005, novamente com o Inter,
Muricy sucumbiu outra vez.
NA TV - São Paulo x Boca Juniors
Record, Sportv e ESPN Brasil,
ao vivo, às 22h (a confirmar)
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