São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006

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virou prioridade

Muricy inflaciona troféu para obter estabilidade

Decisão da Recopa vira tábua de salvação para o São Paulo e vale auto-estima

Com trabalho questionado, técnico reavalia decisão de hoje contra o Boca Juniors, que considerava menos importante que o Brasileiro


TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um técnico desgastado, um time sem confiança, uma torcida ressabiada e um título de menor importância que vale a auto-estima. Quatro elementos que se encontram hoje, no Morumbi, às 22h, quando o São Paulo pega o Boca Juniors.
O que seria apenas uma decisão internacional em dois jogos da não muito prestigiosa Recopa Sul-Americana valerá a estabilidade do treinador Muricy Ramalho, que ficou atrás do Santos no Paulista, perdeu a Libertadores para o Internacional e vai perdendo fôlego no Nacional, que ainda lidera.
Diante de um adversário letal como o Boca, ninguém mais do que Muricy está no olho do furacão. Prensado entre a insatisfação da diretoria e a de parte do elenco, o treinador já tratou de tomar suas medidas. A primeira delas foi a de trocar seu lado prático pela psicologia.
"O momento agora é de levantar a bola dos jogadores. Se ficar dando só porrada, eles não agüentam. Tem que conversar, e não mudar tudo e ficar treinando feito louco", afirmou o técnico são-paulino.
Outra iniciativa de Muricy foi exaltar o Boca. O treinador, que antes dizia que as finais da Recopa não deveriam ficar à frente do Brasileiro, prioridade no clube, mudou o tom.
"Essas finais são muito importantes. Quem jogou na Bombonera viu o espetáculo que foi. Seria um desrespeito levar os reservas contra eles. E tem mais: ganhar do Boca Juniors é um acontecimento. Não é para qualquer um", enfatizou.
O mistério também faz parte do plano traçado pelo comandante. Ontem, no Morumbi, o técnico comandou um trabalho com portões fechados. Além disso, nada de definir o time, sob o argumento de que Aloísio e Leandro, a dupla de ataque titular, estava em tratamento.
Preso à curva descendente que o time percorre desde a final da Libertadores (47,6% de aproveitamento), Muricy quer o título da Recopa para serenar os ânimos no Morumbi, pois no domingo tem outra parada dura: encara o algoz Inter, segundo colocado, e pode até deixar de ser líder do Brasileiro se perder por boa margem de gols.
Apesar de pressionado, o técnico tenta dar naturalidade à situação. "No futebol, se você não ganha, a cobrança vem mesmo. Quantos às críticas, todo mundo entende de futebol. Só que eu estou no dia-a-dia."
A situação nem é tão dramática. O São Paulo perdeu fora por 2 a 1 e leva a taça se bater os argentinos por 1 a 0 -pelo regulamento, gol fora tem peso dobrado. Vitória por 2 a 1 leva a decisão para os pênaltis. Aos argentinos, basta empatar. Se fizer um gol, o Boca só perde a taça nos 90 minutos em caso de desvantagem por dois tentos.
Ainda refém dos estragos do empate com o Corinthians, que sustentou um 0 a 0 com nove em campo desde os 25 minutos do primeiro tempo, o São Paulo tenta se encontrar justamente contra um adversário que está em grande fase (cinco vitórias nas cinco rodadas do Argentino) e também costuma se sentir em casa no Morumbi.
Em 2000, diante do Palmeiras de Luiz Felipe Scolari, e três anos mais tarde, contra o Santos do técnico Leão, o Boca Juniors deu a volta olímpica no campo são-paulino, festejando a conquista da Libertadores.
Além disso, os argentinos sempre se deram bem quando tiveram Muricy no banco de reservas adversário. Em 2004, o técnico caiu com o São Caetano, na Libertadores. No mesmo ano, pela Sul-Americana, perdeu com o Internacional. Em 2005, novamente com o Inter, Muricy sucumbiu outra vez.


NA TV - São Paulo x Boca Juniors
Record, Sportv e ESPN Brasil, ao vivo, às 22h (a confirmar)



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