São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

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Seleção inicia a 2.600 m missão rumo à Copa-10

Com elenco pouco habituado à altitude, equipe faz 1ª de 3 excursões aos Andes

Apenas 9 dos 22 jogadores convocados por Dunga jogaram eliminatórias em cidades altas, e nenhum deles comemorou vitória

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Kaká, durante treino da seleção para a estréia nas eliminatórias


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ

Com um elenco pouco e mal acostumado a grandes alturas, a seleção brasileira inicia hoje uma eliminatória em que vai "subir a serra" três vezes. Só não serão quatro porque a Fifa vetou a peruana Cusco.
Diante da Colômbia, nos 2.600 m de Bogotá, o time nacional começa a busca por uma vaga no Mundial da África do Sul, na qual a altura dos palcos de alguns confrontos parece assustar mais que os enfraquecidos rivais sul-americanos.
E isso pelo currículo dos 22 jogadores chamados por Dunga. Desse grupo, 13 nunca defenderam a seleção em Bogotá, Quito ou La Paz. E os nove que já tiveram a experiência nunca sentiram o sabor da vitória.
Somados, eles atuaram com a camisa amarela 14 vezes nessas cidades, com seis empates e oito derrotas, o que significa um aproveitamento de 14%, digno de candidato a rebaixamento em qualquer competição.
O Brasil não sabe o que é vencer nessas três cidades há dez anos. No período, perdeu duas vezes em Quito, uma em Bogotá e empatou em La Paz.
Neste qualificatório, Bogotá está de volta após a Colômbia ter aberto mão de sua capital para jogar no nível do mar, em Barranquilla. Contra o Brasil, a mudança não deu certo. No qualificatório para o Mundial de 2002, os times empataram na altitude. Na cidade da região do Caribe, os donos da casa perderam por 2 a 1 para os pentacampeões mundiais.
O grosso dos jogadores brasileiros reconhece a dificuldade da altitude, mas não a teme.
"A altitude é um problema, mas é um problema com o qual nós vamos ter que nos acostumar", declarou Robinho, que faz hoje o segundo jogo de sua carreira pela seleção brasileira acima dos 2.500 m.
"Não é algo que a gente esteja acostumado, mas não tem muito mistério. É procurar não cansar muito. O Paulo Paixão [preparador físico] nos dá uns toques, jogadores que já estiveram lá, também. Temos a possibilidade de trocar jogadores, e tem que dar tudo até não agüentar mais", afirmou Ronaldinho, cujo retrospecto ostenta um empate e duas derrotas com a seleção no circuito Bogotá, La Paz e Quito.
Até quem não corre teme a altura. "Todo mundo sofre na altitude. Para quem corre é difícil, para o goleiro a bola fica mais rápida. Atrapalha principalmente quem não está acostumado", reconhece o goleiro Doni, que pela primeira vez está com a seleção na "altura".
Quem tem larga bagagem na altitude jogando por clubes brasileiros, fato não muito comum, diz levar vantagem em relação aos atletas que foram jovens para a Europa e pouco atuaram nessa condição.
"Joguei quatro ou cinco vezes e só tive dificuldade pela velocidade da bola, não pela falta de oxigênio", aponta o volante Josué, ex-São Paulo.
A volta do Brasil à altitude acontece depois de uma grande polêmica envolvendo o tema.
Em maio, a Fifa chegou a vetar partidas internacionais acima dos 2.500 m. A decisão aconteceu após o Flamengo e a CBF reclamarem de jogos em altitudes elevadas após jogadores do clube carioca passarem mal em Potosí, na Bolívia, pela Libertadores da América.
A entidade, no entanto, não resistiu a pressões de países como Bolívia, Equador, Peru e Colômbia acabou voltando atrás. Para protestar, Evo Morales, presidente boliviano, fez amistosos em altas localidades da cordilheira dos Andes.
Depois de enfrentar a Colômbia, a seleção volta ao Brasil, onde pega o Equador na quarta-feira, no nível do mar, no Maracanã, no Rio.


NA TV - Colômbia x Brasil Bandsports, ESPN Brasil, Globo e Sportv, ao vivo, às 19h

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