São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

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TOSTÃO

Os craques trocaram de lugar

Em outras épocas, Kaká era o meia de ligação, e Ronaldinho, o 2º atacante da seleção; agora acontece o contrário

NA MÉDIA de seus resultados e de acertos e erros, Dunga tem feito um bom trabalho, melhor do que se esperava para um treinador que não tinha nenhuma experiência. Até agora, ele desmistifica o conceito de que para ser treinador de um grande time, principalmente da seleção brasileira, é preciso ter um longo currículo de vitórias e derrotas e ser um mestre de artimanhas e malandragens.
Como escreveu Pedro Nava, a experiência é como um farol iluminando para trás. Na frente, para um jovem ou para uma pessoa experiente, tudo continua escuro.
Já as entrevistas coletivas, transmitidas ao vivo pelas TVs a cabo, são uma chatice. Muitos repórteres só faltam pedir desculpa para perguntar, e Dunga não diz nem explica nada. No final da primeira entrevista desta semana, o assessor de imprensa da CBF elogiou o comportamento dos repórteres. Só faltou alguém bater palmas de agradecimento.
Não é preciso cursar a faculdade para saber que isso não é jornalismo.
É necessário haver respeito nas entrevistas, dos dois lados, mas não pode existir complacência nem cumplicidade.
Dunga inicia as eliminatórias para o Mundial de 2010 com três possibilidades táticas, que poderão ser usadas de acordo com o momento.
A primeira será jogar com quatro defensores, dois volantes, três meias e um atacante. Esse jogador de frente não precisa ser, necessariamente, um típico centroavante, de referência. Ele precisa ser excelente e atacante, e não um meia ofensivo.
Outra boa opção, para ser utilizada principalmente quando o adversário adiantar a marcação- isso vai acontecer pouco-, é colocar mais um jogador no meio-campo e tirar o centroavante, já que nenhum ainda convenceu, e deixar os três meias livres, com Kaká e Robinho, por serem mais velozes, um pouco à frente de Ronaldinho. No contra-ataque, com muitos espaços, os três vão deitar e rolar.
Outra alternativa é colocar três volantes e tirar um dos meias -em circunstâncias normais sairia Robinho-, mantendo o centroavante. Quase todos os treinadores europeus escalariam o time desta forma. Independentemente da formação tática, Kaká, no Milan e na seleção, é cada dia mais atacante e menos armador, destacando-se mais pelas suas arrancadas em direção ao gol e pelas suas finalizações.
Com o tempo, Kaká exteriorizou sua agressividade e técnica de atacante, como os grandes pontas-de-lança da história do futebol.
Já Ronaldinho, no Barcelona e também na seleção, tornou-se mais armador e menos atacante, brilhando muito mais pelos passes espetaculares e decisivos. Com sua inventividade, cada dia mais ele pensa e comanda as jogadas no meio-campo, como os grandes meias-armadores da história.
Em outras épocas, Kaká era o meia de ligação, e Ronaldinho, o segundo atacante da seleção. Trocaram de lugar.
O mais importante é que os dois se completam. O que não é marcante em um sobra no outro.
Após um ano de olhares desconfiados e hostis, Dunga, Ronaldinho e Kaká estão em paz.
Utilizar bem os dois terá de ser uma das metas do treinador.


tostao.folha@uol.com.br

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