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Instável, Dunga defende regra de estabilidade
Para treinador da seleção, colegas não deveriam trocar de clube na temporada
Dunga, que até levou sua idéia para o Congresso sem sucesso, não acredita que outros técnicos apoiariam lei para evitar troca-troca
EDUARDO ARRUDA
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Questionado em seu cargo na
seleção brasileira -que esteve
ameaçado neste final de ano-,
o técnico Dunga defende uma
regra de estabilidade para os
treinadores nacionais. Até levou a idéia para o Congresso,
no início da década, sem sucesso. Mas ainda entende que deveria haver um mecanismo para dificultar as demissões.
O projeto do comandante da
seleção era fazer com que os
clubes fossem obrigados a firmar contrato por uma temporada com um técnico. Se o mandassem embora, teriam de remunerá-lo até o final do ano.
Em compensação, um treinador de clube da Série A não
poderia dirigir outra equipe da
mesma divisão naquele ano em
caso de demissão. "Assim, os
clubes iam pensar duas vezes
antes de demitir e o técnico de
sair", defendeu Dunga.
Esse modelo foi idealizado
pelo ex-técnico da seleção Carlos Alberto Parreira. Dunga
adotou a idéia e a apresentou à
Câmara Federal, quando era
discutida a Lei do Esporte.
O treinador da seleção era
um dos representantes do futebol para apresentar projetos.
Essa regra de estabilidade para
os técnicos não vingou no projeto de lei, que até hoje está em
tramitação no Congresso.
No momento, Dunga entende que não há ambiente para
apresentar a regra no futebol
nacional para que fosse adotado independentemente de leis.
Acha que seus colegas não
apoiariam a idéia. "Podem entender que os prejudicaria."
Além de regras para os colegas, o técnico também vê necessidade de mudanças na regulamentação dos contratos
dos jogadores. Adotando posição similar à de clubes, entende
que a Lei Pelé prejudicou os times ao acabar com o passe.
Não defende um retrocesso à
regulamentação anterior, mas
uma solução intermediária.
"Acho que deveria haver uma
possibilidade de renovação automática para os jogadores
após o primeiro contrato. Assim, poderia ser retardada a
saída do país", analisou ele.
Há proposta similar no Congresso apresentada pelo governo federal. Mas alterar a legislação nacional não seria o suficiente, pois haveria a necessidade de mudança nas regras internacionais, segundo Dunga.
Uma das suas idéias seria um
maior rigor da naturalização de
atletas nascidos em outros países. "Poderia ter uma prova de
língua, escrita e falada. Não ia
ser tão fácil passar", citou.
Dunga entende que a saída
precoce de jogadores jovens do
país pode alterar seu modo de
jogar. Essa realidade tem aspectos positivos e negativos, segundo o técnico da seleção.
Observou que, no Brasil, é comum um jogador de qualidade
no meio-campo não ter obrigação de marcar. Lembrou que o
volante da seleção Anderson,
que era meia, foi deslocado para volante no Porto para aprender a jogar sem bola. E gostou.
Mas também defende treinos
livres, sem obrigações táticas,
para que os mais jovens desenvolvam seus fundamentos técnicos. Acha que os técnicos têm
imposto táticas cedo demais.
"O jogador brasileiro é o mais
inteligente taticamente. Com
ele, dá para mudar a forma de
jogar, sem mudar os atletas."
Dunga defende novas regras
para o futebol nacional, mas
não as mudanças de suas características essenciais.
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