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FUTEBOL
Banco norte-americano, ex-parceiro do Vasco, não aceita fim de acordo
Empresa pede indenização
de R$ 50 milhões por danos
DA SUCURSAL DO RIO
A VGL (Vasco da Gama Licenciamentos S/A) entrou ontem
com uma contranotificação no
Tribunal de Justiça do Rio pedindo a manutenção do contrato
com o clube carioca.
No documento, os advogados
Marcelo Ferro e Luiz Gomide alegam que a VGL também quer receber uma indenização por perdas e danos. De acordo com Ferro, a indenização deverá chegar a
cerca de R$ 50 milhões.
""Foi uma decisão unilateral.
Nós queremos continuar exercendo os nossos direitos até o final do contrato", disse Ferro.
""Uma pessoa não pode receber
cerca de R$ 200 milhões em três
anos e dizer que não quer mais
trabalhar com a gente. Agora, vamos na Justiça garantir o nosso
direito", acrescentou o advogado.
De acordo com Ferro, a VGL
não é inadimplente com o clube
carioca, acusação feita pelos dirigentes vascaínos. Segundo o advogado, o Vasco recebeu desde
1998, ano em que o contrato foi
assinado, R$ 193.603.084,78.
""Como o Vasco estava gastando
dinheiro demais, qualquer um
quebrava", disse o advogado.
O Vasco está com salários atrasados no time de futebol e também nas modalidades de seu projeto olímpico.
Ferro contou que, inicialmente,
o contrato dava à Vasco da Gama
Licenciamentos S/A apenas poderes para negociar a marca do clube durante dez anos. Na época do
acordo, a empresa pagou ao clube
R$ 34 milhões.
Em seguida, um contrato de publicidade estática em todas as dependências do clube foi assinado
com a VGL, que pagou R$ 17,5
milhões. Desde então, vários aditamentos foram feitos nos contratos, o que ampliou a parceria até
2024. Em 1999, a empresa pagou
cerca de R$ 15 milhões ao Vasco
para garantir a transferência do
atacante Edmundo.
Com dinheiro em caixa, os dirigentes vascaínos gastavam muito,
o que deu início a crise de relacionamento entre o clube e a empresa. Somente em 1999, o Vasco gastou cerca de R$ 18 milhões nos esportes olímpicos.
Para frear os gastos do clube, a
diretoria da VGL chegou a mudar
o sistema de repasse dos recursos
ao Vasco. Inicialmente, o clube
recebia diretamente. Depois, a
VGL estipulou um orçamento.
Com a verba controlada, os dirigentes do Vasco decidiram desrespeitar o contrato e pegar dinheiro direto dos credores.
Agora, segundo Fernando Gonçalves, principal executivo da
VGL, a disputa será na Justiça.
"Toda a expressão pública de
opinião ficará a cargo de nossos
advogados", disse Gonçalves, que
sempre afirmou ser ex-atleta do
clube e vascaíno.
A empresa quer que Eurico Miranda, presidente do clube e deputado federal pelo PPB-RJ, preste contas do que foi com o dinheiro injetado pela VGL.
Os negócios do deputado são alvo da CPI do Futebol, instalada no
Senado. A comissão investiga
duas empresas e uma casa, em um
condomínio de luxo, que seriam
de Eurico Miranda.
A suspeita dos senadores é de
evasão de divisas e crime fiscal.
Na Câmara, Eurico Miranda integra a CPI da CBF/Nike, mas pode
ser cassado com base em um requerimento do deputado federal
Pedro Celso (PT-DF).
Conforme revelou a Folha anteontem, o Vasco tem uma dívida
de US$ 19 milhões (cerca de R$ 37
milhões) com a Globo Esportes,
braço da Rede Globo que negocia
direitos de transmissão de partidas na televisão.
Por conta da dívida, a Globo
não está pagando ao clube pelo
Estadual do Rio, ainda em andamento. O Vasco também não recebeu da emissora pelo torneio
Rio-São Paulo.
Em nota divulgada ontem, o
Vasco informou que vai interpelar judicialmente o diretor da Globo Esportes, Marcelo de Campos
Pinto. Segundo o clube, o executivo deu declarações "caluniosas",
que foram publicadas nos jornais
de ontem, sobre a situação financeira do clube.
A Folha não conseguiu falar ontem com a Globo Esportes.
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