São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004

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O PERSONAGEM

Emprego retira jogadora da piscina e desfalca seleção

DA REPORTAGEM LOCAL

A dúvida foi solucionada quando Mariana Roriz abastecia seu carro em São Paulo.
Atleta da seleção de pólo aquático desde 1996, ela nunca recebeu salário fixo para jogar. Formada em administração de empresas, conseguiu neste ano um estágio. Sentada no banco de seu Gol, decidiu dar um novo rumo ao seu futuro.
"Só com o pólo, eu não conseguiria pagar nem a gasolina. Tomei a decisão de privilegiar minha carreira", contou a atleta de 23 anos.
A primeira a saber da notícia foi a mãe, Marisa, diretora de pólo da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. A filha passou a ser mais uma baixa do elenco para o Pré-Olímpico, que será realizado em Roma, na Itália, a partir do dia 24.
"Três atletas deixaram o time neste ano porque arrumaram outras atividades profissionais. Como não pagamos ajuda de custo, não tenho o que fazer para segurá-las", disse a dirigente.
Um detalhe torna o caso ainda mais emblemático: a CBDA é uma das entidades que mais investem em salário para esportistas -gastou R$ 280 mil da Lei Piva nessa área em 2003.
"Ainda neste ano deveremos ter algo para o pólo feminino. Por enquanto, as jogadoras precisam jogar por paixão", afirmou Marisa.
Para Mariana, paixão não falta. Dinheiro, sim. No ano passado, durante os Jogos Pan-Americanos, ela fazia malabarismos para treinar.
De manhã, cursava o último ano da faculdade. À tarde, dedicava-se a um estágio. Corria para o clube às 19h e ficava na piscina até as 22h.
"Essa rotina cansa muito. Uma hora você tem que escolher. Ninguém agüenta", disse a jogadora. (GR E ML)


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