São Paulo, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

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"Árbitro outdoor" vira lugar-comum em 2010

Rio, Minas, Paraná e Rio Grande do Sul têm contratos diversos para seus torneios

Valor de patrocínio mais do que dobra em relação à temporada de 2009, mas pouco dinheiro chega ao bolso do trio de arbitragem

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Fabricante de cuecas, banco, loja de eletrodomésticos, faculdade. A diversidade dos anunciantes é a prova de que os uniformes dos árbitros deixaram de ser um espaço maldito na publicidade no esporte.
Antes vivendo de ações esporádicas, como em finais de campeonato, e praticamente restrita a marcas de material esportivo, a propaganda no vestuário do trio de arbitragem está presente em 2010 na parte da frente da camisa e nos calções de juízes e auxiliares em quatro dos principais Estados do país -Rio Grande do Sul, Paraná, Rio e Minas Gerais.
Os valores estão longe dos cobrados pelos grandes times, mas são bem mais encorpados do que até recentemente.
Para colocar sua marca nos calções dos árbitros no Estadual do Rio, a Lupo, que faz meias e cuecas, está pagando R$ 200 mil. No ano passado, a mesma empresa desembolsou R$ 80 mil pelo espaço.
No caso do Rio, foi contratada até uma empresa para medir a visibilidade do patrocínio no uniforme dos árbitros. E foi por isso que a Lupo optou pelo calção. Segundo esse levantamento, no ano passado a camisa dos árbitros foi mostrada por 16 mil segundos nas transmissões do Estadual na TV. Os calções apareceram por 23 mil segundos.
Para Jorge Rabello, presidente do sindicato de árbitros do Rio, a situação só não é melhor por culpa dos grandes fabricantes de material esportivo. "Querem colocar suas marcas em tamanho enorme nas camisas sem dar um tostão."
No Rio Grande do Sul, já falta espaço no vestuário do apito. O sindicato local acertou também com a Lupo, para os calções, e com uma rede de lojas e uma marca de material esportivo para as camisas, em pacote que rende mais de R$ 100 mil. "O mercado está ótimo para a gente. Estamos num sistema capitalista e temos um canhão na mão", diz Ciro Camargo, o presidente do sindicato gaúcho.
Em Minas Gerais, depois de experimentar o patrocínio apenas na final do Estadual de 2009, o banco BMG acertou a exposição de sua marca para toda a temporada de 2010, em acordo classificado pelas partes como o maior patrocínio da história da arbitragem local.
Os mineiros têm o uniforme mais poluído do país. Os juízes servem de outdoor para patrocinadores nos calções e, no peito, além do BMG, ostentam a marca de um fabricante de material esportivo. E ainda têm anúncio nas mangas da camisa.
A enxurrada de patrocínios, na maioria dos casos, não significa mais dinheiro no bolso dos árbitros de forma direta.
O Rio é uma rara exceção. Em um jogo entre grande e pequeno, o árbitro recebe R$ 200, e cada bandeirinha, R$ 100.
No Rio Grande do Sul, o patrocínio serve para abater as taxas pagas ao sindicato e para o pagamento de um seguro para a arbitragem. No Paraná, que tem uma faculdade expondo seu logo nos uniformes, e em Minas Gerais, o dinheiro fica todo com as comissões de arbitragem das federações locais, que dizem investir a verba do patrocínio na categoria, o que, no caso dos mineiros, causa indignação no sindicato local.
"Tentamos negociar, mas a federação está irredutível", diz Ronaldo André Bento, o vice- -presidente da entidade.


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