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garotos-propaganda
"Árbitro outdoor" vira lugar-comum em 2010
Rio, Minas, Paraná e Rio Grande do Sul têm contratos diversos para seus torneios
Valor de patrocínio mais
do que dobra em relação à
temporada de 2009, mas
pouco dinheiro chega ao
bolso do trio de arbitragem
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Fabricante de cuecas, banco,
loja de eletrodomésticos, faculdade. A diversidade dos anunciantes é a prova de que os uniformes dos árbitros deixaram
de ser um espaço maldito na
publicidade no esporte.
Antes vivendo de ações esporádicas, como em finais de
campeonato, e praticamente
restrita a marcas de material
esportivo, a propaganda no vestuário do trio de arbitragem está presente em 2010 na parte da
frente da camisa e nos calções
de juízes e auxiliares em quatro
dos principais Estados do país
-Rio Grande do Sul, Paraná,
Rio e Minas Gerais.
Os valores estão longe dos
cobrados pelos grandes times,
mas são bem mais encorpados
do que até recentemente.
Para colocar sua marca nos
calções dos árbitros no Estadual do Rio, a Lupo, que faz
meias e cuecas, está pagando
R$ 200 mil. No ano passado, a
mesma empresa desembolsou
R$ 80 mil pelo espaço.
No caso do Rio, foi contratada até uma empresa para medir
a visibilidade do patrocínio no
uniforme dos árbitros. E foi por
isso que a Lupo optou pelo calção. Segundo esse levantamento, no ano passado a camisa dos
árbitros foi mostrada por 16 mil
segundos nas transmissões do
Estadual na TV. Os calções apareceram por 23 mil segundos.
Para Jorge Rabello, presidente do sindicato de árbitros
do Rio, a situação só não é melhor por culpa dos grandes fabricantes de material esportivo. "Querem colocar suas marcas em tamanho enorme nas
camisas sem dar um tostão."
No Rio Grande do Sul, já falta
espaço no vestuário do apito. O
sindicato local acertou também
com a Lupo, para os calções, e
com uma rede de lojas e uma
marca de material esportivo
para as camisas, em pacote que
rende mais de R$ 100 mil. "O
mercado está ótimo para a gente. Estamos num sistema capitalista e temos um canhão na
mão", diz Ciro Camargo, o presidente do sindicato gaúcho.
Em Minas Gerais, depois de
experimentar o patrocínio apenas na final do Estadual de
2009, o banco BMG acertou a
exposição de sua marca para
toda a temporada de 2010, em
acordo classificado pelas partes
como o maior patrocínio da
história da arbitragem local.
Os mineiros têm o uniforme
mais poluído do país. Os juízes
servem de outdoor para patrocinadores nos calções e, no peito, além do BMG, ostentam a
marca de um fabricante de material esportivo. E ainda têm
anúncio nas mangas da camisa.
A enxurrada de patrocínios,
na maioria dos casos, não significa mais dinheiro no bolso dos
árbitros de forma direta.
O Rio é uma rara exceção.
Em um jogo entre grande e pequeno, o árbitro recebe R$ 200,
e cada bandeirinha, R$ 100.
No Rio Grande do Sul, o patrocínio serve para abater as taxas pagas ao sindicato e para o
pagamento de um seguro para a
arbitragem. No Paraná, que
tem uma faculdade expondo
seu logo nos uniformes, e em
Minas Gerais, o dinheiro fica
todo com as comissões de arbitragem das federações locais,
que dizem investir a verba do
patrocínio na categoria, o que,
no caso dos mineiros, causa indignação no sindicato local.
"Tentamos negociar, mas a
federação está irredutível", diz
Ronaldo André Bento, o vice-
-presidente da entidade.
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