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FUTEBOL
Corrigir as deficiências
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Os treinos e os amistosos
contra fracas equipes antes
da estréia da Copa servirão para
o Scolari corrigir algumas deficiências da seleção brasileira e escalar o time titular.
É preciso definir se os três zagueiros vão jogar em linha, revezando-se na cobertura, ou se haverá um fixo na sobra (Anderson
Polga). Dessa maneira, é mais
simples e eficiente. No gol sofrido
contra Portugal, Anderson Polga,
que deveria ser o zagueiro na sobra, acompanhou o atacante até
o meio-campo. Roque Júnior e
Lúcio não fizeram a cobertura.
Felipão já disse que não joga
com dois zagueiros desde o início
da partida porque o Cafu não sabe marcar. É verdade. Quando
atua como lateral, Cafu joga como se fosse um ala. Não faz a cobertura do zagueiro. Diferentemente, Roberto Carlos joga de ala
na seleção da mesma maneira
que atua como lateral no Real
Madrid. Avança pouco.
Cafu e Roberto Carlos só atacam encostados na lateral do
campo. Não entram pelo meio como armadores nem ajudam os
volantes, como se deve fazer um
ala. Fica fácil anulá-los. Basta escalar um jogador para obstruir a
passagem dos dois em velocidade.
Eles não sabem driblar em curto
espaço.
Felipão disse numa entrevista à
Folha que os meias armadores da
seleção são Vampeta e Kleberson.
Todo mundo sabe que não é verdade. Os dois são volantes que, às
vezes, aparecem na intermediária
do outro time para dar um passe
ou finalizar. Eles não têm as características e a habilidade de um
meia armador, como Ricardinho,
Juninho Pernambucano, Zé Roberto e Felipe.
Pelo menos Felipão percebeu
que ao lado do Emerson é melhor
o Vampeta ou o Kleberson do que
o Gilberto Silva. O volante do
Atlético-MG é uma ótima opção
para o lugar do Emerson.
O problema no meio-campo
não é somente a falta de um meia
armador. Há 44 anos, na Copa de
58, o ponta-esquerda Zagallo foi
jogar no meio-campo porque percebeu que não dava para uma
equipe atuar apenas com dois jogadores nesse setor, como faz a seleção atual. Ronaldinho é um
meia-atacante, e os alas não são
armadores.
Na frente, as grandes esperanças são os dois Ronaldos e Rivaldo. Porém os três atuam pelo
meio, driblando e trocando passes
curtos. Nenhum faz dupla com o
ala. Isso facilita ainda mais a
marcação sobre Roberto Carlos e
Cafu. Quando entra o Denílson
e/ou o Edílson, piora a qualidade
individual, mas melhora o posicionamento.
Felipão percebeu isso e já disse
que quer treinar muito a passagem dos laterais. Bastaria pedir
ao Ronaldo e ao Rivaldo que também atuassem pelos flancos. Foi o
que fez o Luxemburgo na brilhante partida contra a Argentina, pelas eliminatórias, em São Paulo.
Aliás, o time titular do Felipão é
o mesmo do Luxemburgo, com
apenas a troca de um meia armador (Zé Roberto) por um terceiro
zagueiro (Anderson Polga).
As variações táticas durante
uma partida são bem-vindas
-sempre critiquei a mesmice dos
técnicos-, mas as mudanças do
Felipão são muito bruscas. O time
inicia a partida com excesso de
cuidados defensivos e no segundo
tempo muda radicalmente quando não está ganhando. Essa é
uma antiga característica do treinador. As equipes que dirige são
confusas, não agradam, dão muitos sustos, mas, no final, costumam dar certo.
Cumpridor de ordens
Discordo dos que acham que o
Rubinho Barrichello foi profissional e cumpriu o contrato ao deixar o Schumacher passar e vencer. As regras absurdas existem
para serem transgredidas. O mínimo que se espera de um competidor num esporte individual é o
orgulho, a vaidade, a garra e a luta pelas vitórias e títulos.
A F-1 é um grande negócio, mas
eu pensava que era também um
esporte. Enganei-me. Schumacher e Rubinho agiram como comerciantes, não como atletas.
Não assistirei mais a essa marmelada.
Seria como um técnico pedir a
seus jogadores para perder a partida, com intenção de beneficiar
outra equipe associada à mesma
empresa; o Felipão dizer que não
convocou Romário por exigências
comerciais da AmBev e da CBF, e
o Zagallo confessar que foi obrigado pela Nike a escalar o Ronaldo na final da Copa da França,
em 1998. Não assistiria mais aos
jogos da seleção.
Rubinho afirma que teve de
obedecer ordens. Ele será sempre
um coadjuvante. Aquele que
cumpre ordens.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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