Clube inicia disputa por vaga nas semifinais do torneio que muda seu treinador

Número de expulsões despenca e de gols explode nos times comandados pelo técnico quando os jogos são pela competição continental

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Retranca, mau humor, indisciplina. Para quem gosta de atacar o técnico Emerson Leão por essas características, a Taça Libertadores é uma barreira.
No principal torneio das Américas, no qual o seu Santos abre hoje, às 21h20, sua série de quartas-de-final contra o América, no México, o treinador e seus clubes têm um perfil bem diferente do que acontece em competições nacionais.
Leão comanda times disciplinados e goleadores na Libertadores. Desde 2003, quando ele iniciou uma longa série no certame, as equipes do técnico tiveram nele médias de 2,21 gols e 0,15 expulsão por partida. No Brasileiro, no mesmo período, a artilharia dos clubes comandados por Leão despenca 20% (1,75), e o número de vermelhos aumenta 53% (0,23).
Na edição 2008, o Santos é, ao lado do argentino River Plate -já eliminado-, o time com mais gols marcados (17). A média de 2,13 é bem maior do que nos jogos em torneios nacionais do clube no ano (1,45).
Quando teve jogadores expulsos na Libertadores, como o atacante Wesley, Leão não teve como principal reação reclamar do juiz, o que quase sempre faz. Ele atacou muito mais o comportamento do atleta.
A surpreendente campanha santista acontece em um ano em que Leão ainda não foi expulso. Acontece também numa temporada em que o treinador contratou um assessor de imprensa particular, o que nunca teve antes, e está muito mais afável no relacionamento com imprensa e jogadores.
Sem opções, ele também se rendeu aos jogadores estrangeiros, de quem sempre reclamou -o colombiano Molina é o artilheiro do time na Libertadores, e o argentino Trípodi foi o herói da classificação santista na fase de grupos.
Hoje, contra o América, Leão acena com a manutenção de um time ofensivo. Depois de cumprir suspensão, Wesley deve voltar ao time titular, no lugar do volante Adriano.
O confronto de volta entre brasileiros e mexicanos acontece na próxima quinta-feira, na Vila Belmiro. Antes, o Santos ainda recebe o Ipatinga, pelo Brasileiro, no domingo.
"Não podemos ficar esperando o América. Temos de jogar nosso jogo, pois a disputa pode ser decidida aqui", disse Leão ao site Globoesporte.com no treino de reconhecimento do estádio Azteca, o local do confronto de hoje e onde o treinador esteve na decisão da Copa de 1970, quando era o terceiro goleiro da seleção brasileira.