São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Ex-técnicos do clube atribuem à desunião entre os jogadores a crise vivida pela equipe no Campeonato Brasileiro

Murtosa e Scolari criticam palmeirenses

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico mais vitorioso da história recente do Palmeiras e seu fiel escudeiro atribuíram à falta de união dos atletas a crise vivida pelo clube no Brasileiro-2002.
Tanto Luiz Felipe Scolari como Flávio Teixeira, o Murtosa, disseram estar convencidos de que os palmeirenses só estão ameaçados pelo rebaixamento no Nacional porque não têm "unidade".
"Quando retornei ao Palmeiras eu tinha em mente que o grupo queria a mesma coisa, tinha o mesmo objetivo. Mas depois vi que não era nada disso. O que vi foi um grupo sem unidade. Esse foi o ponto crucial para minha saída", disse Murtosa à Folha.
Murtosa foi contratado para substituir Wanderley Luxemburgo, que foi para o Cruzeiro, ainda na terceira rodada do Brasileiro.
Ele retornou ao clube, após uma passagem vitoriosa em 2000, por indicação de Scolari. Ficou só quatro jogos (uma vitória e três derrotas), e pediu demissão com o time na zona de rebaixamento.
"Que grupo é esse que falavam que era ótimo? Eu não vi", declarou o ex-auxiliar de Luiz Felipe Scolari. "Agora estão percebendo os problemas que tive", completou o técnico, que teria sido boicotado pelos atletas palmeirenses.
Ontem, em entrevista à rádio Jovem Pan, Scolari, técnico campeão da Libertadores-99 pelo Palmeiras, disse que sabia que o clube teria dificuldade no Brasileiro.
"Me surpreende a manifestação de atletas no 23º jogo do Brasileiro falando em se unir. Acho isso absurdo, ridículo", declarou o técnico, ressaltando que não se arrependeu de ter indicado o amigo Murtosa para o cargo.
Ontem, os jogadores palmeirenses confirmaram que atritos entre eles ocorreram, mas que as brigas já foram superadas.
"O início [do campeonato] não foi legal. Tivemos várias brigas e todo mundo sabe. Mas o grupo já contornou essas situações e se entregou como era preciso", disse o zagueiro Alexandre, que foi pivô de um desentendimento com o atacante Nenê.
Já o zagueiro César preferiu atribuir à má fase palmeirense à constante troca de técnicos do time durante o torneio -além de Luxemburgo, Murtosa e Levir Culpi, Paulo César Gusmão e Karmino Colombini dirigiram o time. "Para quem está de fora é fácil falar."
Mas não conseguiu esconder. "É claro que num grupo com mais de 30 jogadores sempre existem desavenças."
Culpi, o atual treinador, não quis entrar em polêmica com seus colegas nem com seus comandados. "Eu sabia que enfrentaria problemas quando assumi, mas confio nesse grupo que sempre me deu provas contrárias a isso [desunião] sempre com muito empenho em campo", disse o técnico, que já afirmou "ter engolido muitos sapos" no Palmeiras.


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