São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

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TOSTÃO

Gol por acaso vale


É uma invenção brasileira o volante-zagueiro, que não é um bom volante nem um bom zagueiro


CONTRA O ATLÉTICO-MG, o volante-zagueiro do Cruzeiro, Leandro Guerreiro, quase um volante e quase um zagueiro, não marcou no meio-campo nem foi um terceiro zagueiro. Havia sempre um jogador livre do Atlético, na intermediária, para dominar a bola, e outro para recebê-la, nas costas dos dois zagueiros do Cruzeiro.
O volante-zagueiro é uma invenção dos técnicos brasileiros para fazer a cobertura dos laterais apoiadores. É o secretário do lateral. Todos os times dependem dessa jogada.
O volante-zagueiro fica em uma posição indefinida. Não sabe se marca mais à frente ou se mais atrás. Fica confuso. Para funcionar bem, ele teria de ser um craque, capaz de antever o lance.
Por isso e também por outros motivos, vários técnicos preferem um terceiro e autêntico zagueiro a ter um volante-zagueiro.
Muitos comentaristas e treinadores confundem o volante-zagueiro, que no momento do lance decide se vai ser zagueiro ou volante, do volante, que em uma mesma partida faz as duas funções, porém uma de cada vez. Se o adversário joga com uma dupla de atacantes, ele é um terceiro zagueiro. Se há apenas um na frente, ele volta a ser volante. Edmílson fez isso muito bem na Copa de 2002.
Na Europa, não existe volante-zagueiro. Os times jogam com dois zagueiros, dois laterais, que avançam menos que os do Brasil, e dois volantes, que atuam no meio-campo.
O Barcelona é, na teoria, o time que mais corre risco na defesa. Os dois zagueiros marcam mais à frente, os dois laterais apoiam (Daniel Alves mais que o lateral da esquerda) e existe apenas um volante fixo. Na prática, é hoje o time que menos sofre gols entre os grandes da Europa, 0,52 por jogo, como mostrou a Folha.
Isso ocorre porque o time toma a bola com facilidade e erra poucos passes. Joga e não deixa o adversário jogar.
De vez em quando, essa estratégia falha, e o outro time, com lançamentos longos nas costas dos defensores adiantados, cria várias chances de gol. Hoje, contra o Arsenal, em Londres, uma equipe com bons jogadores e um velocista pela direita (Walcott), o Barcelona corre mais riscos.
Uma deficiência do Barcelona é ter um elenco pior que o das outras grandes equipes da Europa. Quase todos os reservas são muito inferiores aos titulares. Messi, Iniesta e Xavi raramente são poupados. Mas o grande problema do Barcelona é não saber fazer gol feio, por sorte, por acaso. Às vezes, isso faz falta.


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