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AÇÃO
Quem pagou mico?
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Fugi do Carnaval. Na verdade, uma semana antes já estava de férias. Viajei no dia em
que a carioca Isabel Clark, 28, obteve a nona posição no boardercross, modalidade do snowboard
que fez sua estréia olímpica em
grande estilo nos Jogos de Turim.
Antes de embarcar, ainda pude
ver a matéria de encerramento do
"Jornal Nacional" destacando o
excelente resultado da brasileira,
única snowboarder sul-americana a competir numa Olimpíada
desde que o esporte entrou para
os Jogos, em Nagano-98.
Ao voltar, checando correspondências, jornais e revistas que circularam na minha ausência, li a
infeliz abordagem que parte da
mídia nacional fez sobre o assunto. Uma matéria sugeria que o
COB deveria investir melhor o dinheiro público e que os brasileiros
iriam pagar mico nas competições. Sobre a verba do comitê, recurso proveniente das loterias (do
qual o COB fica com 80%, e o Comitê Paraolímpico, com 20%), a
Confederação Brasileira de Esportes de Neve recebe 1% em ano
olímpico e 0,5% nos outros três
anos, valor que, mesmo somado à
contribuição da federação internacional (FIS), não é suficiente
para cobrir as despesas exigidas
em euro e em dólar. Patrocínios
são raros, e o que prevalece é o investimento pessoal dos atletas.
Em outra matéria, na semana
seguinte, o mesmo veículo diz que
virou moda criticar os Jogos de
Inverno e cita artigo publicado
num jornal americano. Pegou a
carona errada: com raras exceções, a Olimpíada de Inverno costuma ser abordada pela mídia internacional de forma coerente,
técnica e séria.
Mico? Alcançamos em Turim os
dois melhores resultados de nossa
história nos Jogos. A carioca Isabel, que o artigo induz o leitor a
acreditar que obteve o resultado
por pura sorte, teve que competir
durante meses com milhares de
adversárias para alcançar o índice olímpico e estar entre as 16 que
disputariam as medalhas na Itália. Só isso já justificaria muito
mais que as três linhas dedicadas
a ela na edição, que dizer do fato
de ela ter obtido o terceiro melhor
tempo na primeira tomada para
a largada e o sexto na geral? Não
fosse o mau desempenho das atletas tidas como favoritas nessas tomadas de tempo, que determinam a formação das baterias, e
ela poderia ter ido mais longe.
No esqui downhill, na altamente técnica pista de Sestriere, na
qual os atletas deslizam e voam a
cerca de 130 km/h praticamente
sobre o gelo, tão dura é a pista, o
também carioca Nikolai Hentsch,
especialista na modalidade, terminou apenas na 43ª colocação.
Já no slalom gigante, que disputou sem maiores pretensões, ficou
em 30º, entre 82 competidores,
batendo a marca de Lelo Apovian, 37º, até então a melhor de
um brasileiro no esqui.
Hentsch não foi citado na tal
matéria, já o curling, que realmente é um porre, mereceu longo
parágrafo. Parece que, não bastasse as limitações climáticas, técnicas e de recursos, Clark,
Hentsch e promessas como Ricardo Kawamura e Jonatham Longui terão que enfrentar a miopia
da mídia para bem representar o
país nos Jogos de Vancouver-10.
Skate no abismo 1
Bob Burnquist juntou sua experiência no skate à paixão pelo pára-quedismo para realizar um salto no Grand Canyon, EUA. A idéia,
que vai ao ar no "Stunt Junkies" do Discovery Channel (EUA) no
próximo dia 23, começa numa rampa, segue num corrimão e continua num aéreo/base jump até a abertura do pára-quedas.
Skate no abismo 2
Na mesma linha extreme skate, o americano Danny Way se prepara
para despencar do alto da guitarra do Hard Rock Café de Las Vegas.
Mundial de surfe - Austrália
As ondas estiveram irregulares, mas Kelly Slater não. Ele abriu o ano
com vitória no WCT. O brasileiro Adriano de Souza, 19, foi o terceiro.
E-mail sarli@trip.com.br
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