São Paulo, sábado, 16 de abril de 2005

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FUTEBOL

Conmebol marca reunião para tratar de racismo e espera relatórios do jogo para tomar atitude contra Desábato

América do Sul põe caso Grafite na pauta

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

A prisão do zagueiro Desábato por alegadas ofensas raciais contra o são-paulino Grafite motivou a Conmebol a levar à sua cúpula o debate sobre o racismo no futebol sul-americano.
"Após os incidentes em São Paulo, foi marcada um reunião do Comitê Executivo da Conmebol para o dia 28 de abril. Na pauta do evento está a discussão sobre o racismo", informou à Folha o paraguaio Nestor Benítez, diretor de comunicação da entidade que rege o futebol na América do Sul.
No evento, estarão presentes, além dos dirigentes da entidade, os presidentes de todas as confederações nacionais do continente.
"Foi uma situação inédita no futebol sul-americano. A Conmebol condena todas as formas de violência, respeita e apóia a iniciativa da Fifa de combater a discriminação. É um tema grave, que merece tratamento firme", disse Benítez.
No mesmo sentido, Nicolás Leoz, presidente da entidade, afirmou: "Não podemos admitir o racismo no futebol".
Benítez refutou a informação de que a prisão de Desábato motivará sua expulsão automática da Taça Libertadores, conforme noticiado anteontem. Afirmou que a Conmebol só tomará atitudes contra o jogador a partir das informações da súmula da partida e do relatório do delegado do jogo. "Nenhuma providência será tomada, seja contra o zagueiro do Quilmes, seja contra o são-paulino Grafite sem o informe do árbitro", disse, reiterando que os documentos oficiais ainda não chegaram à sede da entidade.
Benítez disse ainda que o argentino só será banido da Libertadores se os documentos oficiais do jogo tiverem "evidências claras" da prática de racismo. E mostrou cautela ao tratar de eventuais punições. "É importante atuarmos de forma equânime. Não podemos nos arriscar a cometer uma injustiça na busca pela justiça."
Já seu chefe foi menos comedido. Leoz repetiu que a entidade aguarda os relatórios, mas antecipou: "Não há dúvida de que ele será severamente punido".
Além de Leoz, os outros representantes da entidade sul-americana são Ricardo Teixeira, presidente da CBF, e Julio Grondona, que comanda a Associação Argentina de Futebol (e vice da Fifa).
Anteontem, Teixeira emitiu nota oficial repudiando a atitude, e Grondona minimizou a questão.
"O futebol é muito passional, talvez estejam exagerando. Para uns, é muito grave, para outros não", disse o argentino.


Com agências internacionais


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