São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2008

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País dá adeus à seleção permanente e a guru

Ginástica tem último dia da equipe criada em 2002 e de Oleg no QG de Curitiba

Atletas viajam hoje para o Japão e, quando voltarem da Olimpíada, serão enviadas aos clubes, enquanto técnico regressará ao lar na Ucrânia


CRISTIANO CIPRIANO POMBO
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Hoje, às 16h40, quando as nove ginastas da seleção e o técnico Oleg Ostapenko embarcarem para a última etapa da preparação olímpica, estará materializado o fim dos dois pilares da escalada internacional da ginástica artística brasileira.
A equipe feminina permanente, criada em 2002, deixará de existir. E o treinador ucraniano Oleg Ostapenko oficialmente dará adeus ao maior centro de treinamento do país.
A reunião das melhores atletas em Curitiba, onde estão a sede da Confederação Brasileira de Ginástica e o centro de excelência do esporte, e a vinda do ucraniano foram fundamentais para colocar o país no mapa da ginástica mundial.
A parceria, impulsionada por recursos da Lei Piva, permitiu ao Brasil alcançar seu primeiro ouro em Mundiais (com Daiane dos Santos, em 2003, no solo) e resultados históricos, como o quinto lugar no solo de Daiane e o nono por equipes na Olimpíada de Atenas-2004.
"A seleção permanente acaba porque estamos encerrando um ciclo olímpico e finalizando o projeto apresentado ao Comitê Olímpico Brasileiro para obter resultados até Pequim. E foi um projeto que deu certo", explica Alice Tanabe, presidente do Comitê Técnico da CBG.
A descompactação da seleção começou no último final de semana, quando ginastas foram liberadas para visitar suas famílias e algumas já levaram consigo boa parte dos pertences que mantinham no Paraná.
O último treino da equipe no QG da ginástica foi realizado ontem à tarde, sem Oleg, que sentiu uma indisposição.
Hoje, as atletas só participarão de práticas leves pela manhã. E à tarde viajam para Tóquio, onde farão os últimos testes antes da chegada à Vila Olímpica de Pequim-2008.
O fim do ciclo da seleção permanente e da estadia de Oleg evidenciam parte das transformações a que a ginástica do país será em breve submetida, com troca de comando na CBG -a eleição será em dezembro.
"A equipe permanente pode voltar a existir. Quem assumir a CBG poderá apresentar novo projeto. Mas há gente que é contra", afirma Alice, admitindo que alguns clubes e dirigentes são contrários às atletas passarem a maior parte da temporada na seleção permanente.
O caso de Oleg é mais preocupante. Mesmo após revelar o desejo de prosseguir no país e ajudar a formar novos técnicos, o ucraniano não recebeu proposta alguma de trabalho.
A CBG admite que, por custar caro -Oleg ganha US$ 8.000 mensais-, é difícil mantê-lo. Após a Olimpíada, voltará à Ucrânia. "Tenho certeza de que vamos sentir saudades. Foram seis anos aqui", diz Daiane.
Com o desmanche, as ginastas serão devolvidas aos clubes após os Jogos. Para os eventos do final do ano, como a finalíssima da Copa do Mundo, a CBG fará períodos de concentração e avaliação em Curitiba.


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