São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2008

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"Careca", Valdivia perde a força

De cabelo curto, palmeirense cai em 3 fundamentos em relação ao Estadual, quando era cabeludo

Vanderlei Luxemburgo diz que ele voltará a apresentar bom futebol e que eventual transferência para a Europa não pode servir de desculpa


Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Kléber, Diego Souza, Léo Lima, Valdivia e Leandro em momento de desconcentração no treinamento de ontem do Palmeiras, que pega em casa o Fluminense

RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cabeludo, Valdivia foi um dos destaques do Palmeiras no título estadual. De cabeça raspada, não conseguiu repetir o desempenho no Nacional. Claro que o suposto "efeito Sansão" não acometeu o chileno.
Mas, curiosamente, os números dele no Brasileiro-08 despencaram em relação ao Paulista desde que a "Dalila" do Parque Antarctica, o cabeleireiro do clube, Giba, tosou suas madeixas na festa do título.
Valdivia tem sido até mais requisitado pelos companheiros durante as partidas. Se no Estadual ele recebia 30 bolas, em média, por jogo (o 12º mais acionado, segundo o Datafolha), no Brasileiro são 37 bolas endereçadas ao camisa 10 (o primeiro no ranking). O problema é o que ele tem feito depois de estar com a bola.
Para começar, Valdivia está mais desatento. Apesar de a marcação dos adversários estar mais branda em relação ao Campeonato Paulista, o chileno tem rifado a bola mais vezes.
Ele foi o mais caçado do Estadual, com média de 6,5 faltas por jogo. Agora, é o terceiro. Sofre 5,2 infrações por duelo.
Mesmo mais solto em campo, ele perde, em média, oito bolas por jogo no Brasileiro, aparecendo em quinto no ranking do Datafolha. No Paulista, figurava em 19º na lista, com 6,7 bolas perdidas por partida.
A queda no rendimento de um dos principais ídolos da torcida palmeirense na atualidade -ao lado do goleiro Marcos- é mais sentida ainda no setor em que atua, o ofensivo.
Valdivia tem driblado tanto quanto antes (média de três fintas por confronto). Mas anotou apenas um gol no Brasileiro, contra os nove feitos na campanha vitoriosa do Paulista. Além disso, passou a ajudar menos os companheiros com passes para gol. Foram quatro assistências no Estadual, contra apenas uma neste Nacional.
"O Brasileiro é mais disputado. Logo, logo, ele reencontra aquele futebol de antes", disse o lateral-direito Élder Granja.
O técnico Vanderlei Luxemburgo afirmou dar todo o respaldo possível para que o chileno retome a boa fase.
"É claro que ele não está produzindo o mesmo do Paulista, mas vai voltar a produzir. Ele tem o meu apoio e o dos jogadores", declarou o treinador.
Assim como boa parte do elenco faz ao ser questionada sobre o rendimento do chileno, Luxemburgo lembrou que a equipe não pode esperar apenas boas atuações dele.
"Uma equipe não pode ser dependente de apenas um jogador, mas ela precisa de jogadores do nível do Valdivia", falou o comandante palmeirense, que recentemente comemorou a melhora do habilidoso atleta em relação à parte disciplinar.
No Paulista, o meio-campista foi quem mais recebeu cartões amarelos no campeonato (11). No Brasileiro, foram quatro, o que o deixa junto com diversos jogadores no 20º lugar da lista de mais advertidos pelos juízes.
"Ele era 220 [volts] e está ficando 110", costuma dizer Luxemburgo sobre o comportamento do chileno em campo.
Comentários freqüentes a respeito da ida de Valdivia ao futebol europeu -o último clube interessado seria o Hertha Berlin, da Alemanha-, também não podem servir de desculpa para que o camisa 10 produza menos no Brasileiro, segundo Luxemburgo.
"O jogador tem empresário para cuidar disso. Ele não precisa ter esse tipo de preocupação", afirmou o treinador.


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