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BOXE
Bom e ruim (ou vice-versa)
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Leitores reclamaram por
não ter comentado nesta coluna a última defesa de Acelino
Freitas, o Popó. Pois bem, aqui
vão algumas considerações:
1) Senti falta do nocaute.
Attah tinha "cara" de ser a vítima perfeita para o brasileiro: sem
pegada para conquistar o respeito
de Popó e sem nomes conhecidos
no cartel (desculpe, mas uma vitória em eliminatória sobre o argentino Ariel Nistal, que seus próprios compatriotas satirizam,
realmente não me impressionou).
2) Mas não é mais tão estranho
ver o brasileiro vencer por pontos.
Desta vez, não foi tão surpreendente como nas ocasiões em que
Al Kotey e Joel Casamayor terminaram as lutas com Popó de pé.
3) Uma coisa que não deu para
entender: o fato de Popó não
manter a pressão em momentos-chave. Por algum motivo, conhecido apenas pelo brasileiro, quando tinha o oponente preso junto
às cordas e desferia uma sequência, Popó parava, dava um passo
para trás, mas não voltava logo a
bombardear Attah. Inexplicável.
4) Em termos técnicos, Popó
evoluiu com relação ao combate
unificatório com Casamayor.
5) Agradou muito o trabalho
consistente do brasileiro na linha
de cintura. O pugilista brasileiro
deixou de objetivar somente a cabeça dos seus adversários.
6) Ao adotar uma postura excessivamente técnica, como contra Attah, Popó não tira proveito
de sua fenomenal pegada. Também tem o fator intimidatório diluído. Além do que, todos sabem
que o papel dele é o de caçador.
7) Para o brasileiro é positivo
aprender a boxear, é importante
ter esse recurso a mais para quando os desafiantes não caírem ao
primeiro golpe. O novo estilo técnico também é bom para promover a longevidade de sua carreira.
8) Os cruzados de direita do nigeriano conectaram com frequência alarmante. Sorte que Attah
não tinha pegada suficiente. Ainda assim, parece que o poder de
assimilação de Popó melhorou.
9) Mesmo com o desafiante
usando de golpes sujos (um pecado do qual Popó também compartilhou), o brasileiro manteve a
cabeça fria. Sinal de maturidade.
10) A dançadinha do brasileiro
nos momentos finais do combate:
além de não ter pegado nada
bem, não combina com Popó.
11) Popó disse entre o 11º e o 12º
assalto que ""não tinha obrigação
de nada", referindo-se a uma
eventual vitória por nocaute. Nisso não dá para discutir. Era sua
carreira que estava em jogo.
12) A pose de Popó, sentado no
córner com os braços cruzados
antes de o resultado ser anunciado: mostrou personalidade.
13) Após a próxima luta será
mais fácil avaliar o impacto da
mudança de estilo de Popó.
14) Para a próxima defesa de
Popó, dois ex-campeões dos penas
(categoria imediatamente inferior à do baiano) foram mencionados pela equipe do brasileiro: o
norte-americano Kevin Kelley,
vetado pela rede norte-americana de TV a cabo Showtime, que
tem Popó sob contrato, e o mexicano Goyo Vargas (não foi aprovado, mas tampouco recusado).
15) O campeão dos superpenas
pela FIB, Steve Forbes, mencionado como possível rival de Popó,
defende o cinturão domingo, contra David Santos, nos EUA.
16) O brasileiro explicou por
que pretende voltar a lutar até o
final do ano (prefere isso a ter de
fazê-lo no início do ano). Bom
garfo que é, quer aproveitar melhor as festas de final de ano.
Brasil 1
Mais uma confusão na carreira do leve Edson do Nascimento, o
Xuxa. Sites na internet afirmam que ele disputa dia 28 de setembro,
contra o britânico Bobbie Vanzie, eliminatória que define o próximo desafiante do campeão da OMB, Artur Grigorian, mas a Don
King Production, que promove o brasileiro, nega a informação.
Brasil 2
O médio-ligeiro Anderson Clayton faz a luta principal na programação que acontece amanhã, a partir das 14h, no colégio Castelinho (rua José de Siqueira, 221, na Freguesia do Ó).
Brasil 3
Seis brasileiros foram campeões nos Jogos Sul-Americanos: Edson
Vieira (pesado), Washington Luis da Silva (meio-pesado), Joilson
dos Santos (médio), Glaucelio Abreu (médio-ligeiro), Erivan Conceição (leve) e James Dean Pereira (mosca). O Brasil foi o campeão.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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