São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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BOXE

Bom e ruim (ou vice-versa)

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Leitores reclamaram por não ter comentado nesta coluna a última defesa de Acelino Freitas, o Popó. Pois bem, aqui vão algumas considerações:
1) Senti falta do nocaute.
Attah tinha "cara" de ser a vítima perfeita para o brasileiro: sem pegada para conquistar o respeito de Popó e sem nomes conhecidos no cartel (desculpe, mas uma vitória em eliminatória sobre o argentino Ariel Nistal, que seus próprios compatriotas satirizam, realmente não me impressionou).
2) Mas não é mais tão estranho ver o brasileiro vencer por pontos. Desta vez, não foi tão surpreendente como nas ocasiões em que Al Kotey e Joel Casamayor terminaram as lutas com Popó de pé.
3) Uma coisa que não deu para entender: o fato de Popó não manter a pressão em momentos-chave. Por algum motivo, conhecido apenas pelo brasileiro, quando tinha o oponente preso junto às cordas e desferia uma sequência, Popó parava, dava um passo para trás, mas não voltava logo a bombardear Attah. Inexplicável.
4) Em termos técnicos, Popó evoluiu com relação ao combate unificatório com Casamayor.
5) Agradou muito o trabalho consistente do brasileiro na linha de cintura. O pugilista brasileiro deixou de objetivar somente a cabeça dos seus adversários.
6) Ao adotar uma postura excessivamente técnica, como contra Attah, Popó não tira proveito de sua fenomenal pegada. Também tem o fator intimidatório diluído. Além do que, todos sabem que o papel dele é o de caçador.
7) Para o brasileiro é positivo aprender a boxear, é importante ter esse recurso a mais para quando os desafiantes não caírem ao primeiro golpe. O novo estilo técnico também é bom para promover a longevidade de sua carreira.
8) Os cruzados de direita do nigeriano conectaram com frequência alarmante. Sorte que Attah não tinha pegada suficiente. Ainda assim, parece que o poder de assimilação de Popó melhorou.
9) Mesmo com o desafiante usando de golpes sujos (um pecado do qual Popó também compartilhou), o brasileiro manteve a cabeça fria. Sinal de maturidade.
10) A dançadinha do brasileiro nos momentos finais do combate: além de não ter pegado nada bem, não combina com Popó.
11) Popó disse entre o 11º e o 12º assalto que ""não tinha obrigação de nada", referindo-se a uma eventual vitória por nocaute. Nisso não dá para discutir. Era sua carreira que estava em jogo.
12) A pose de Popó, sentado no córner com os braços cruzados antes de o resultado ser anunciado: mostrou personalidade.
13) Após a próxima luta será mais fácil avaliar o impacto da mudança de estilo de Popó.
14) Para a próxima defesa de Popó, dois ex-campeões dos penas (categoria imediatamente inferior à do baiano) foram mencionados pela equipe do brasileiro: o norte-americano Kevin Kelley, vetado pela rede norte-americana de TV a cabo Showtime, que tem Popó sob contrato, e o mexicano Goyo Vargas (não foi aprovado, mas tampouco recusado).
15) O campeão dos superpenas pela FIB, Steve Forbes, mencionado como possível rival de Popó, defende o cinturão domingo, contra David Santos, nos EUA.
16) O brasileiro explicou por que pretende voltar a lutar até o final do ano (prefere isso a ter de fazê-lo no início do ano). Bom garfo que é, quer aproveitar melhor as festas de final de ano.

Brasil 1
Mais uma confusão na carreira do leve Edson do Nascimento, o Xuxa. Sites na internet afirmam que ele disputa dia 28 de setembro, contra o britânico Bobbie Vanzie, eliminatória que define o próximo desafiante do campeão da OMB, Artur Grigorian, mas a Don King Production, que promove o brasileiro, nega a informação.

Brasil 2
O médio-ligeiro Anderson Clayton faz a luta principal na programação que acontece amanhã, a partir das 14h, no colégio Castelinho (rua José de Siqueira, 221, na Freguesia do Ó).

Brasil 3
Seis brasileiros foram campeões nos Jogos Sul-Americanos: Edson Vieira (pesado), Washington Luis da Silva (meio-pesado), Joilson dos Santos (médio), Glaucelio Abreu (médio-ligeiro), Erivan Conceição (leve) e James Dean Pereira (mosca). O Brasil foi o campeão.

E-mail eohata@folhasp.com.br



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