|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Signos para um pênalti
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Caro leitor, querida, adorada
e idolatrada leitora, um pênalti é muito mais que um simples tiro a 11 metros do gol. Um
pênalti é, em si, um tratado de
psicologia, um capítulo da teoria
do conhecimento, um estudo sobre os limites do homem, um espelho d'alma. Pela maneira como
alguém bate um pênalti pode-se
saber se ele é indeciso ou decidido,
sanguíneo ou calculista.
Mas isso não é tudo. Pode-se saber até de que signo é o sujeito pelo seu modo de cobrar um pênalti.
Segundo meu professor de astrologia ludopédica, o PhD (professor hermético e divinátório) Zé
Cabala, estes são os modos de cada signo bater um pênalti:
Os piscianos ficam distraídos e
dizem: "Quê, eu é que vou bater?".
Já os arianos dão uma bicuda
no meio do gol e comemoram
provocando o goleiro adversário.
Os taurinos bocejam, lamentam
que não tenham escolhido outro
jogador, andam devagar até a bola e chutam no cantinho.
Os geminianos coçam a cabeça
e pensam: "Bato no canto esquerdo ou no direito? Acho que vou
bater no esquerdo. Não, não, no
direito. Se bem que eu posso bater
no meio. Céus, que dúvida cruel!
Já sei!, vou usar um método científico para escolher o canto: u-ni-du-ni-tê...". E depois disso tudo
chutam por cima do travessão.
Cancerianos batem num canto
qualquer e fecham os olhos para
não ver o resultado do lance. Normalmente não festejam quando
acertam o gol, preferindo agradecer a Deus por não terem estragado tudo dessa vez.
Os leoninos costumam chutar
com força e, acertando ou não,
correm na direção dos fotógrafos.
No dia seguinte, compram todos
os jornais e revistas, recortam as
matérias em que apareceram e se
perguntam se não é hora de comprar uma casa maior para poder
guardar todos aqueles álbuns.
Virginianos só cobram o pênalti
após medir a distância por si mesmos, calcular as possíveis trajetória da bola, avaliar corretamente
a influência do vento e se questionar, diante dos companheiros, se
aquela é realmente uma experiência válida de se viver.
Os librianos, antes de desferir o
chute, já pensam nos parabéns
que receberão e na festa que haverá depois.
Escorpianos batem com vontade e capricho, mas dizem que, na
verdade, queriam errar.
Os sagitarianos vão para a bola
dançando, chutam de trivela e,
depois, comemoram dando muitas cambalhotas.
E os capricornianos só batem
numa circunstância: quando não
querem que eles batam.
Mas a penaltiologia não pára
por aí. Ela ainda permite que façamos algumas previsões. Por
exemplo, segundo profundos estudos realizados pelo mestre dos
mestres, o mirífico Zé Cabala,
Eduardo Suplicy bateria em câmera lenta, a prefeita Marta com
uma chuteira importada, Collor
morderia a bola e seria mandado
a um sanatório, Lula miraria no
canto esquerdo, mas acertaria no
centro, Ciro miraria no centro,
mas acertaria na direita, Garotinho miraria em qualquer lugar e
não acertaria em lugar nenhum,
Serra cobraria a penalidade como
FHC mandasse, FHC bateria
duas vezes e não acertaria nenhuma, Pitta chutaria como Maluf
mandasse, Maluf bateria o pênalti pensando no bicho que iria depositar nas Ilhas Jersey, Joaquim
Roriz levaria a bola para casa, e
ACM não bateria pênalti nenhum, mas ficaria do lado de
quem fizesse o gol.
Técnicos
E como os técnicos de futebol
andam em alta por causa de
Felipão, publico uma seleção
enviada pelo leitor Ubiratan
Araújo. Ela foi formada só
com ex-técnicos do escrete
canarinho: Leão; Jair Picerni,
Candinho, Felipão e Vanderlei Luxemburgo; Falcão, Zizinho e Edu Coimbra; Telê,
Evaristo Macedo e Zagallo.
Dicionário
Dicionário do futebol. Cobiça
[Do b.-lat. cupiditia.] S. f. 1.
Desejo sôfrego, veemente, de
possuir bens materiais; avidez, cupidez. 2. Ambição desmedida de riquezas. Exemplo: "Jair Picerni e Leão foram convidados para serem
técnicos do Cruzeiro, mas
pondo o trabalho já iniciado
nos clubes e o compromisso
moral acima da cobiça, preferiram continuar onde estavam. Já Wanderley Luxemburgo não teve grandes crises
de consciência e se mandou
para Belo Horizonte".
E-mail torero@uol.com.br
Texto Anterior: Boxe - Eduardo Ohata: Bom e ruim (ou vice-versa) Próximo Texto: Vôlei: Classificado, Brasil supera pior teste na Liga Mundial Índice
|