São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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Fraudes alertam Paraolimpíada

Maior edição da história, que começa amanhã em Atenas, bane categoria que viu atleta simular deficiência em 2000 e se arma para tentar estancar aumento nos casos de doping

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

A Paraolimpíada de Atenas, que começa amanhã 19 dias após o encerramento da Olimpíada, terá como uma de suas principais bandeiras o combate à fraude.
Para esta edição, a maior da história, o Comitê Paraolímpico Internacional tomou medidas para evitar que se repitam casos que mancharam a última edição, em Sydney, quatro anos atrás.
Tanto quanto pelos feitos alcançados pelos atletas deficientes, a Paraolímpíada australiana ficou marcada por uma trapaça e pelo recorde no caso de competidores que buscaram a glória fazendo uso de métodos ilícitos.
Em Sydney, o jornalista Carlos Ribagorda se infiltrou na equipe espanhola de basquete para deficientes mentais e participou da campanha que resultou no ouro.
Após os Jogos, ele publicou uma reportagem na revista "Capital" denunciando a fraude. A primeira conseqüência foi a queda do presidente da Federação Espanhola de Esportes para Deficientes Mentais, Fernando Vicente.
Nos anos seguintes, o CPI percebeu que alguns países não eram tão rigorosos assim na hora de classificar seus deficientes.
Resultado: decidiu suspender essa categoria (basquete para deficientes mentais), que desde Atlanta-96 fazia parte do programa paraolímpico, em Atenas-04.
Questionado ontem pela Folha, após a entrevista coletiva em que a organização do Parapan-Americano Rio-2007 apresentou seu projeto ao CPI, o presidente da entidade, Phil Craven, não quis responder se ainda havia brechas para novas fraudes.
"Teremos outras oportunidades de discutir esse assunto. Não posso falar agora, estou com pressa", afirmou o dirigente.
Na semana passada, a reportagem já havia contatado a assessoria do CPI questionando sobre o assunto. Não obteve resposta.
Outro problema que se abate na Paraolimpíada é o doping.
O recorde de atletas flagrados em Paraolímpiadas aconteceu em Sydney-2000, quando foram registrados dez casos.
Para o dirigente, em esporte de alto rendimento é difícil não esperar que alguns tentem melhorar a performance ilegalmente.
Craven afirma que o comitê está no caminho certo na luta contra o doping. Segundo ele, o aumento de casos é resultado do investimento que o CPI faz na área.
"Temos um relacionamento muito próximo com a Wada [Agência Mundial Antidoping], que terá uma equipe aqui."
Craven fala que jogará duro contra o doping e citou o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional) como modelo.
"Se um paraolímpico é estúpido o suficiente para usar doping, vamos fazer como o Jacques Rogge: tolerância zero", afirmou.
Apesar da grave crise recente que desfalcou principalmente a equipe de atletismo dos EUA, a Olimpíada de Atenas registrou o maior número de atletas flagrados com substâncias proibidas: 24, com sete medalhas cassadas.
O recorde anterior era de Los Angeles-84, com 12 casos.
O presidente do comitê paraolímpico afirmou que serão realizados na capital grega entre 6.000 e 7.000 exames. "Atacaremos alguns pontos específicos, como os recordistas mundiais e os ganhadores de medalhas."
A Paraolimpíada grega terá 143 países e cerca de 4.000 atletas. Em Sydney, os Jogos atraíram 123 delegações e 3.824 competidores.


O jornalista Fernando Itokazu viaja a convite do CPB


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