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Fraudes alertam Paraolimpíada
Maior edição da história, que começa amanhã em Atenas, bane categoria que viu atleta simular deficiência em 2000 e se arma para tentar estancar aumento nos casos de doping
FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
A Paraolimpíada de Atenas, que
começa amanhã 19 dias após o
encerramento da Olimpíada, terá
como uma de suas principais
bandeiras o combate à fraude.
Para esta edição, a maior da história, o Comitê Paraolímpico Internacional tomou medidas para
evitar que se repitam casos que
mancharam a última edição, em
Sydney, quatro anos atrás.
Tanto quanto pelos feitos alcançados pelos atletas deficientes, a
Paraolímpíada australiana ficou
marcada por uma trapaça e pelo
recorde no caso de competidores
que buscaram a glória fazendo
uso de métodos ilícitos.
Em Sydney, o jornalista Carlos
Ribagorda se infiltrou na equipe
espanhola de basquete para deficientes mentais e participou da
campanha que resultou no ouro.
Após os Jogos, ele publicou uma
reportagem na revista "Capital"
denunciando a fraude. A primeira
conseqüência foi a queda do presidente da Federação Espanhola
de Esportes para Deficientes
Mentais, Fernando Vicente.
Nos anos seguintes, o CPI percebeu que alguns países não eram
tão rigorosos assim na hora de
classificar seus deficientes.
Resultado: decidiu suspender
essa categoria (basquete para deficientes mentais), que desde
Atlanta-96 fazia parte do programa paraolímpico, em Atenas-04.
Questionado ontem pela Folha,
após a entrevista coletiva em que
a organização do Parapan-Americano Rio-2007 apresentou seu
projeto ao CPI, o presidente da
entidade, Phil Craven, não quis
responder se ainda havia brechas
para novas fraudes.
"Teremos outras oportunidades de discutir esse assunto. Não
posso falar agora, estou com pressa", afirmou o dirigente.
Na semana passada, a reportagem já havia contatado a assessoria do CPI questionando sobre o
assunto. Não obteve resposta.
Outro problema que se abate na
Paraolimpíada é o doping.
O recorde de atletas flagrados
em Paraolímpiadas aconteceu em
Sydney-2000, quando foram registrados dez casos.
Para o dirigente, em esporte de
alto rendimento é difícil não esperar que alguns tentem melhorar a
performance ilegalmente.
Craven afirma que o comitê está
no caminho certo na luta contra o
doping. Segundo ele, o aumento
de casos é resultado do investimento que o CPI faz na área.
"Temos um relacionamento
muito próximo com a Wada
[Agência Mundial Antidoping],
que terá uma equipe aqui."
Craven fala que jogará duro
contra o doping e citou o presidente do COI (Comitê Olímpico
Internacional) como modelo.
"Se um paraolímpico é estúpido
o suficiente para usar doping, vamos fazer como o Jacques Rogge:
tolerância zero", afirmou.
Apesar da grave crise recente
que desfalcou principalmente a
equipe de atletismo dos EUA, a
Olimpíada de Atenas registrou o
maior número de atletas flagrados com substâncias proibidas:
24, com sete medalhas cassadas.
O recorde anterior era de Los
Angeles-84, com 12 casos.
O presidente do comitê paraolímpico afirmou que serão realizados na capital grega entre 6.000
e 7.000 exames. "Atacaremos alguns pontos específicos, como os
recordistas mundiais e os ganhadores de medalhas."
A Paraolimpíada grega terá 143
países e cerca de 4.000 atletas. Em
Sydney, os Jogos atraíram 123 delegações e 3.824 competidores.
O jornalista Fernando Itokazu viaja a
convite do CPB
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