São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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AÇÃO

X-Games X

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Em 93, andando pelas ruas de Providence, Rhode Island, EUA, o produtor da ESPN americana, Ron Semiao, viu-se cercado por jovens que ziguezagueavam com seus skates e que tinham um jeito muito particular de se vestir e se portar. Como executivo de mídia, ele sabia que aquele era o público-alvo mais difícil de ser fisgado. Ali mesmo lhe ocorreu: e se criássemos uma Olimpíada para esses infiéis consumidores?
Nascia a idéia para o primeiro The Extreme Games, escrito assim mesmo e realizado dois anos mais tarde pela ESPN na pequenina Providence.
Nesses dez anos muita coisa mudou nos X-Games, a começar pelo próprio título. O conceito de Olimpíada feita para a TV, com as imagens editadas de forma dinâmica e exibidas semanas mais tarde, foi sendo substituído pelo de megashows, com grande público nas arenas e exibição ao vivo.
Os esportes também mudaram bastante. O skysurf que fazia todo o sentido no formato televisivo perdeu força quando a torcida presente nas provas ganhou importância. O mesmo aconteceu com a corrida de aventura, organizada por Mark Burnett na primeira edição e que teve melhor sorte com a criação de reality shows, como o Survivor.
Apesar dos ajustes que se fizeram necessários, o sucesso foi meteórico e na segunda edição, já com patrocinadores de peso, cerca de 30 mil pessoas assistiram às provas. Tony Hawk virou ídolo mundial, e a rede NBC se mexeu para lançar, em 99, o concorrente Gravity Games, cuja sexta edição começou ontem em Cleveland.
Durante a realização da décima edição dos X-Games, no início de agosto, 300 mil pessoas estiveram em Los Angeles assistindo aos Jogos. O skatista Sandro Dias, executando um 900º perfeito, ficou com o ouro e entrou para a galeria dos ícones dos X-Games, juntando-se aos brasileiros Bob Burnquist, que tem nove pódios na competição e, Fabíola da Silva, a mulher mais premiada da história do evento (sete ouros).
Hoje a marca X-Games tem uma série de competições mundo afora, uma rádio, dezenas de skate parks espalhados pelos EUA e pela Europa e uma infinidade de produtos à venda. Mas o mais importante é que os X-Games se tornaram parâmetro para o desenvolvimento dos esportes.
Os atletas guardam suas melhores e mais arriscadas manobras para, aproveitando toda a estrutura disponibilizada e a audiência mundial, executá-las nos Jogos. O skate big air apresentado neste ano é o melhor exemplo e recolocou o skate entre os esportes mais radicais. Numa rampa de altura de nove andares, seis, só seis atletas, os melhores do mundo, entre eles Burnquist, saltavam sobre um vão gigante para pousar em outra rampa que terminava num quarterpipe com cerca de 8 m, onde finalizavam com uma manobra aérea.
Bem, se você não entendeu, a ESPN Brasil segue apresentando especiais sobre os X-Games. No dia 22, o repórter Formiga entrevista Kelly Slater e Andy Irons, os protagonistas na competição de surfe, desde o ano passado entre os esportes dos X-Games.

Jungle marathon na Amazônia
Começa no sábado no Parque Tapajós a segunda edição da ultramaratona, com 250 km e sete dias de limite de duração. Prova de auto-suficiência, cada atleta carrega alimentos, roupas e equipamentos.

Skate mundial vertical
Após vencer a oitava etapa do Circuito em Pomona e faturar a melhor manobra e o mais alto aéreo em Huntington, Sandro Dias embarcou para Cleveland, onde atua nos Gravity Games, tudo nos EUA.

Surfe e eleições
Duas provas foram antecipadas devido ao sufrágio. A decisiva etapa do circuito feminino Petrobras começa no dia 31, no RJ. E o Billabong Pro Jr., seletiva para o Mundial, começa no dia 30, em SC.

E-mail sarli@trip.com.br


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