São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 2006

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Seleção feminina luta por projeto de uma década

Ginastas estréiam no Mundial da Dinamarca na disputa por uma das 24 vagas de equipes no Pré-Olímpico de 2007

Para a CBG, deixar Aarhus sem classificação seria uma "tragédia", pois avalia que nunca condições foram tão favoráveis para as atletas

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

A seleção feminina de ginástica artística luta hoje para fazer valer um planejamento de oito anos da confederação brasileira e evitar uma tragédia.
"Sim, será trágico se não ficarmos entre as 24 melhores equipes e não nos classificarmos para o Pré-Olímpico. Implicaria o aborto de todo o projeto feito até Pequim-2008, desde a contratação de Oleg [Ostapenko, treinador ucraniano que dirige a seleção feminina]", afirma Eliane Martins, supervisora de seleções da CBG.
A preocupação tem fundamento, já que nunca o Brasil chegou tão bem gabaritado e estruturado ao Mundial. Ao todo, foram investidos R$ 160 mil -a maior quantia em toda a história- para a participação no torneio em Aarhus, que envolveu até aclimatação na cidade alemã de Nieterworresbach.
Fora isso, nunca a modalidade atraiu tantos recursos como agora, em que dispõe de verba anual da Lei Piva (cerca de R$ 1,8 milhão) e dos patrocínios da Bombril e da Caixa Econômica Federal (R$ 1,8 milhão).
"Nosso objetivo é claro: classificar a equipe. Temos todas as condições para isso, basta repetirmos o que temos feito nos treinos", diz Daiane dos Santos, principal estrela da seleção.
E não é só em estrutura que o país chega afiado. O fato de ter enviado ginastas a quase todas as etapas da Copa do Mundo neste ano, incluindo Xangai, ajudou a equipe a assimilar melhor o novo código de pontuação. "A experiência conta bastante no Mundial. Creio que isso é o que diferencia cada uma de nós dos Mundiais anteriores", afirma Daniele Hypólito.
Desta vez, a equipe terá Laís Souza, que em 2005 não pôde atuar em Melbourne devido a uma contusão na véspera do torneio e agora chega com o status de líder no quadro de medalhas da Copa 2005/2006.
O retrospecto também é favorável ao Brasil, já que na última disputa por equipes, em Anaheim (EUA), há três anos, a seleção feminina terminou em oitavo lugar, quando garantiu pela primeira vez sua classificação à Olimpíada -terminou em nono lugar em Atenas-2004.
As brasileiras, porém, acreditam que será difícil lutar por pódio, seja pela presença de duas estreantes em Mundiais na equipe, Bruna da Costa e Juliana Santos, seja pelo fato de a seleção estar atrás de americanas, romenas e chinesas.
"Para nós, a coisa mais importante é classificar para o Pré-Olímpico. Temos um grande número de juvenis talentosas que não têm idade para estar no Mundial [16 anos], mas tomarão parte nesta geração de ginastas", diz Ostapenko, técnico que lapida a seleção desde 2002 e conta entre as juvenis com Jade Barbosa, que superou atletas da seleção no Brasileiro.
Mas, por melhor que atue hoje, a seleção terá que esperar até amanhã, quando as últimas das 33 equipes do Mundial cumprirão suas rotinas, para saber seu resultado final.
Além do Pré-Olímpico, as brasileiras, em especial para Daniele e Laís, buscam pontos para obter vaga na finalíssima da Copa, que reunirá em dezembro as oito melhores de cada aparelho em São Paulo.
Se repetir 2003 e ficar entre as oito primeiras, a equipe volta a atuar na quinta, na final.


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