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JUCA KFOURI
Parceiros & traiçoeiros
Palmeiras recomeça com nova cara, mas com os problemas de sempre, o modelo de parcerias no futebol
O MODELO de gestão do futebol
brasileiro é tão ultrapassado
que nada dá certo nele.
Ou quase nada.
Nem sócios endinheirados, como
se viu com a MSI.
E como se verá com a Traffic, agora também no Palmeiras.
Verdade que, ao menos, a acumulação primitiva de capital da parceira do Palmeiras, embora por métodos nada ortodoxos (que o digam a
CBF e a Conmebol), nada tenha a
ver com a da máfia russa.
Mas é apenas essa a diferença.
Porque a história é conhecida.
O casamento entre Palmeiras e
Parmalat, por exemplo, só deu certo
enquanto durou.
Terminado, não sobrou nada, e o
clube voltou a ser o que era antes.
Para piorar, a Parmalat não era
muito melhor que a MSI, descobriu-se em seguida.
As parcerias do Corinthians tiveram fins parecidos.
Títulos com dinheiro a rodo, dívidas no fim da linha.
Se bem que a Hicks era decente,
diferentemente das demais.
Mas este é um problema que não
tem solução no modelo vigente.
Por que quem, afinal, poria dinheiro no futebol brasileiro se não
puder mandar no clube?
E, como quem topa investir tem
de dar as ordens, os cartolas se
transformam em rainhas da Inglaterra, situação que engolem por um
período, mas que, com o tempo, causa tamanho ciúme que os leva à rebelião e a entornar o caldo.
É possível até que o Palmeiras volte a passar por um período de vacas
gordas, e já era mesmo hora.
Mas, se mantiver o jeito atual de
administrar o clube, dará com os
burros n'água adiante. E a preocupação aqui é apenas com a eficácia,
porque de ética nem é bom falar.
Os diabos de ontem viram os santos de hoje e neles tudo se perdoa,
porque, afinal, a vida é assim mesmo, você que é muito radical, o futebol não é para freiras, e quem pode
mais chora menos.
Por isso é que, em terra de cego,
com um olho só, o São Paulo reina.
Não faz parcerias, não separa o futebol do social, não permite que ninguém lhe diga por onde ir, não se
curva diante de técnicos egocêntricos e ganha mais que os outros, mesmo que à custa de pisar em pescoços
adversários e de se fazer de ofendido
quando alguém diz isso.
No que, aliás, é igual aos demais.
Porque, hoje, qualquer crítica que
se faça ao novo rumo escolhido pelo
Palmeiras é vista, pelos palmeirenses, como uma afronta obscurantista e invejosa.
E, ontem, ser crítico da parceria
Corinthians/MSI era ser estraga-prazeres e moralista na opinião dos
fanáticos corintianos.
Ah, sim, resta o Santos.
O Santos de Teixeira segue a rota
do Corinthians de Dualib e do Palmeiras de Contursi.
Ou da CBF de outro Teixeira, homem do ano, como seu amigo, Renan Calheiros. Ou do Vasco de Miranda, o Cruzeiro de Perrellas.
Este Santos pode ganhar um título
aqui, outro ali, sem dúvida se modernizou nisso e naquilo. Mas, é
inescapável, mais cedo ou mais tarde pagará caro pelo longo reinado.
E terá de recorrer a um Berezovski ou a um Hawilla, alguém que venha lhe salvar, mesmo que ao preço
de vender a alma para o diabo.
blogdojuca@uol.com.br
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