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Teixeira-04 assume CBF com planos de Teixeira-89
Em sua 5ª posse, cartola promete Copa no Brasil, transparência e modernização da confederação
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Em 16 de janeiro, o empresário
Ricardo Terra Teixeira recebeu
das mãos de Eduardo Viana, presidente da Federação do Rio, o comando do futebol brasileiro. O
novo mandatário foi aplaudido
efusivamente pelos seus pares.
Prometeu o sistema de pontos
corridos no Brasileiro e falou do
desejo de dar transparência à
CBF, de estreitar os laços com
seus afiliados e de trazer uma Copa do Mundo para o Brasil.
Pelé, o maior ícone do futebol
mundial, não estava presente. O
flamenguista Márcio Braga era
seu grande adversário.
A cena descrita acima, verídica,
aconteceu duas vezes. Em 16 de
janeiro de 1989 e ontem, na nova
sede da CBF, na Barra da Tijuca,
área nobre do Rio.
As diferenças resumem-se aos
inimigos e aos títulos. Em 1989, a
seleção vivia um jejum de 19 anos
sem vencer um Mundial. Hoje, é a
atual campeã. Em 1989, tinha Eurico Miranda como fiel escudeiro
e homem-forte do futebol. Hoje,
os dois não se falam, e o presidente vascaíno nem sequer foi convidado para a posse.
Dois títulos mundiais e um vice,
duas CPIs e exatos 15 anos depois,
Teixeira, 56, começa seu quinto
mandato com discurso e cenário
político quase idênticos aos de
1989 no velho prédio da rua da Alfândega, no centro do Rio, quando pisou na CBF pela primeira vez
como presidente.
Ainda genro de João Havelange,
que presidia a Fifa com mãos de
ferro, o cartola, que nunca dirigira
um clube antes de assumir a CBF,
prometia mudar a imagem da
confederação, então comandada
por Otávio Pinto Guimarães.
Ontem, o cartola manteve a plataforma para os próximos quatro
anos: modernizar a CBF, organizar o futebol brasileiro e trazer um
novo Mundial para o país.
"Afora as competições, o grande projeto é consolidar os campeonatos no país, finalmente fazer a sede [própria da CBF] e confirmar a Copa de 2014 no Brasil."
Em 1989, Teixeira lançou a
idéia, não levada a cabo, de trazer
para o país a Copa de 1998. Foi
candidato a abrigar o Mundial-2006, mas fracassou.
Com apoio unânime das federações, Teixeira fez um ontem balanço sobre os 15 anos de sua administração, que teve três viradas
de mesa (91, 96 e 2000), diversos
escândalos (vôo da muamba,
confusão de ingressos na Copa-98, o caso Ives Mendes) e a assinatura de contratos milionários para a seleção (Umbro, Nike, Pepsi,
Coca-Cola e AmBev).
"As maiores vitórias foram os
Mundiais. As derrotas foram
muitas. Considero a derrota na
Copa de 98 desagradável. A de 96
[Olimpíada de Atlanta] também."
À Folha, resumiu o que pensa
sobre sua gestão. "Foi ótima para
a seleção, afinal conquistamos
duas Copas, boa do ponto de vista
financeiro, uma vez que a CBF está saneada, e regular em relação à
organização interna do futebol."
Nos últimos quatro anos, Teixeira viveu o céu e o inferno na
CBF. Teve sua gestão devassada
por duas CPIs no Congresso, foi
atacado pela Globo, investigado
pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Mas, com a ajuda de
Luiz Felipe Scolari, Ronaldo, Rivaldo e cia., sobreviveu. Após
campanha vexatória nas eliminatórias da Copa Coréia/Japão, o
Brasil foi penta e, segundo suas
próprias palavras, o salvou.
As aspirações, veladas, continuam as mesmas. Teixeira sonha
em repetir o ex-sogro e comandar
o futebol mundial, como presidente da Fifa. O primeiro passo
foi ganhar a confiança de Joseph
Blatter, que fica na entidade até
2007. O segundo foi manter-se no
Comitê Executivo da entidade.
Ontem, o cartola voltou a dizer
que em 2008, quando ele se tornará o homem que por mais tempo
dirigiu o futebol brasileiro, não
concorrerá à reeleição ao fim do
mandato. Exatamente como no
longínquo 16 de janeiro de 1989.
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