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Foco
Coreia do Norte entra e sai calada de amistoso
LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A NYON
Tamanho é o silêncio dos
norte-coreanos na preparação para a Copa do Mundo
que até o técnico Kim Jong
Hun se esquivou da entrevista coletiva de praxe após sua
equipe ser derrotada pelo
Paraguai por 1 a 0 na cidade
suíça de Nyon, anteontem.
Após deixar os (poucos)
repórteres esperando dentro de um contêiner travestido de sala de imprensa no estádio, a 20 km de Genebra,
Kim mandou avisar que não
viria. Na véspera, não saíra
das respostas inócuas em entrevista em Anzère, onde sua
seleção treina nesta semana.
Os jornalistas já haviam sido avisados de antemão pela
organização da partida: nada
de perguntas políticas. Tampouco seria permitido abordar os jogadores.
Política à parte, nem de futebol os norte-coreanos querem falar. Um membro da
comissão técnica, trajando
chinelo e meias vermelhas,
ria com a família junto ao
campo. Mas alegava não falar inglês e não poder desfazer a dúvida da Folha sobre
para onde a seleção seguirá
depois da Suíça, escolhida
"pela tranquilidade".
Os jogadores da Coreia do
Norte, que enfrentam o Brasil em sua partida de estreia
no Mundial, em 15 de junho,
foram rapidamente postos
no ônibus, longe da mídia.
Em campo, o que se vê é
uma seleção tão calada
quanto retrancada, que se
esforça em passes ensaiados
mas não mostra familiaridade suficiente com a bola para
finalizar qualquer jogada
mais sofisticada. Em um ou
dois lances no primeiro tempo ainda conseguiram sair
rápido no contra-ataque
-para concluir depois sem
alcançar nem a trave.
Ainda assim, com a defesa
fechada, foi necessário um
pênalti, convertido aos
40min do segundo tempo
por Roque Santa Cruz, para
os paraguaios vencerem.
"Esta Coreia defende com
dez no seu campo", disse depois o técnico do Paraguai, o
argentino Gerardo Martino.
Outra característica que
Martino ressaltou é o que
definiu como "respeito pelas
autoridades". De fato, tirando o técnico Kim, os jogadores mal se falam, entre eles
próprios ou com o juiz.
O barulho coube à torcida.
Mesmo em minoria (mal
chegavam a 40, e sem distinção entre Norte e Sul) em
um público total já modesto
(perto de 200 pessoas), os
norte-coreanos aplaudiam
animados e se abraçavam toda vez que a bola alcançava o
campo paraguaio.
Quando o atacante Mun
In Guk, o franzino camisa 11,
chutou a gol no segundo
tempo, o pequeno grupo
abriu o sorriso e começou a
entoar uma canção nacionalista. Até ser encoberto pelo
bumbo paraguaio.
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