São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2010

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Foco

Coreia do Norte entra e sai calada de amistoso

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A NYON

Tamanho é o silêncio dos norte-coreanos na preparação para a Copa do Mundo que até o técnico Kim Jong Hun se esquivou da entrevista coletiva de praxe após sua equipe ser derrotada pelo Paraguai por 1 a 0 na cidade suíça de Nyon, anteontem.
Após deixar os (poucos) repórteres esperando dentro de um contêiner travestido de sala de imprensa no estádio, a 20 km de Genebra, Kim mandou avisar que não viria. Na véspera, não saíra das respostas inócuas em entrevista em Anzère, onde sua seleção treina nesta semana.
Os jornalistas já haviam sido avisados de antemão pela organização da partida: nada de perguntas políticas. Tampouco seria permitido abordar os jogadores.
Política à parte, nem de futebol os norte-coreanos querem falar. Um membro da comissão técnica, trajando chinelo e meias vermelhas, ria com a família junto ao campo. Mas alegava não falar inglês e não poder desfazer a dúvida da Folha sobre para onde a seleção seguirá depois da Suíça, escolhida "pela tranquilidade".
Os jogadores da Coreia do Norte, que enfrentam o Brasil em sua partida de estreia no Mundial, em 15 de junho, foram rapidamente postos no ônibus, longe da mídia.
Em campo, o que se vê é uma seleção tão calada quanto retrancada, que se esforça em passes ensaiados mas não mostra familiaridade suficiente com a bola para finalizar qualquer jogada mais sofisticada. Em um ou dois lances no primeiro tempo ainda conseguiram sair rápido no contra-ataque -para concluir depois sem alcançar nem a trave.
Ainda assim, com a defesa fechada, foi necessário um pênalti, convertido aos 40min do segundo tempo por Roque Santa Cruz, para os paraguaios vencerem. "Esta Coreia defende com dez no seu campo", disse depois o técnico do Paraguai, o argentino Gerardo Martino.
Outra característica que Martino ressaltou é o que definiu como "respeito pelas autoridades". De fato, tirando o técnico Kim, os jogadores mal se falam, entre eles próprios ou com o juiz.
O barulho coube à torcida. Mesmo em minoria (mal chegavam a 40, e sem distinção entre Norte e Sul) em um público total já modesto (perto de 200 pessoas), os norte-coreanos aplaudiam animados e se abraçavam toda vez que a bola alcançava o campo paraguaio.
Quando o atacante Mun In Guk, o franzino camisa 11, chutou a gol no segundo tempo, o pequeno grupo abriu o sorriso e começou a entoar uma canção nacionalista. Até ser encoberto pelo bumbo paraguaio.


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