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MEMÓRIA
País é paraíso de "gatos" brasileiros no futebol europeu
DOS ENVIADOS A KOBE
Se a história de Brasil x Bélgica tem seu primeiro capítulo
hoje em Copas, os laços no futebol entre os dois países são
extremamente próximos, ainda que tenham sido fortalecidos de maneira irregular.
O país europeu é um dos paraísos dos gatos brasileiros
-no jargão do esporte, aqueles que falsificam suas idades
para obter vantagens, como
transferências ou convocações
para seleções em competições
com limitação etária.
O Brasil, famoso mundialmente por vender jogadores
para o exterior, exportou dois
gatos para o último Mundial,
disputado na França, em 1998.
Um deles, conforme revelou
a Folha no início de 2000, foi o
maranhense naturalizado belga Oliveira. O atacante, que viveu seu auge no futebol italiano (defendeu Fiorentina e Cagliari), diminuiu sua idade em
pelo menos quatro anos.
Na Bélgica, Oliverrá, como
ficou conhecido o mais famoso jogador maranhense de todos os tempos, era tido como
ídolo e foi titular da seleção.
O outro brasileiro inscrito na
Copa-98 com documentos falsos foi o lateral-esquerdo Clayton, que ficou dois anos "mais
jovem" no Maranhão antes de
viajar para a Tunísia e ser convidado pela confederação local
para se naturalizar e disputar o
Mundial pelo país africano.
Outros gatos maranhenses,
como o atacante Leudo, que
defendeu o Standart de Liege,
passaram pelo futebol belga.
Mas a ligação esportiva entre
Brasil e Bélgica não se resume
ao comércio de gatos. O país
europeu é um dos maiores
compradores de jovens valores de clubes brasileiros.
A quantidade de transações
é tão grande que chamou a
atenção de integrantes da CPI
da CBF/Nike, instalada na Câmara dos Deputados entre outubro de 2000 e junho de 2001.
Os congressistas viajaram
para Bruxelas para investigar o
tráfico de menores. Lá, encontraram jovens brasileiros em
péssimas condições de sobrevivência. Muitos recebiam
apenas ajuda de custo para
atuar e não conseguiam dinheiro para voltar ao Brasil.
A situação dos menores brasileiros na Bélgica constou do
relatório final do deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), que
acabou não sendo aprovado,
mas que gerou um projeto de
lei que limita a possibilidade
de menores de 18 anos viajarem para defender clubes do
exterior.
(FV, FM, JAB E SR)
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