São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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MEMÓRIA

País é paraíso de "gatos" brasileiros no futebol europeu

DOS ENVIADOS A KOBE

Se a história de Brasil x Bélgica tem seu primeiro capítulo hoje em Copas, os laços no futebol entre os dois países são extremamente próximos, ainda que tenham sido fortalecidos de maneira irregular.
O país europeu é um dos paraísos dos gatos brasileiros -no jargão do esporte, aqueles que falsificam suas idades para obter vantagens, como transferências ou convocações para seleções em competições com limitação etária.
O Brasil, famoso mundialmente por vender jogadores para o exterior, exportou dois gatos para o último Mundial, disputado na França, em 1998.
Um deles, conforme revelou a Folha no início de 2000, foi o maranhense naturalizado belga Oliveira. O atacante, que viveu seu auge no futebol italiano (defendeu Fiorentina e Cagliari), diminuiu sua idade em pelo menos quatro anos.
Na Bélgica, Oliverrá, como ficou conhecido o mais famoso jogador maranhense de todos os tempos, era tido como ídolo e foi titular da seleção.
O outro brasileiro inscrito na Copa-98 com documentos falsos foi o lateral-esquerdo Clayton, que ficou dois anos "mais jovem" no Maranhão antes de viajar para a Tunísia e ser convidado pela confederação local para se naturalizar e disputar o Mundial pelo país africano.
Outros gatos maranhenses, como o atacante Leudo, que defendeu o Standart de Liege, passaram pelo futebol belga.
Mas a ligação esportiva entre Brasil e Bélgica não se resume ao comércio de gatos. O país europeu é um dos maiores compradores de jovens valores de clubes brasileiros.
A quantidade de transações é tão grande que chamou a atenção de integrantes da CPI da CBF/Nike, instalada na Câmara dos Deputados entre outubro de 2000 e junho de 2001.
Os congressistas viajaram para Bruxelas para investigar o tráfico de menores. Lá, encontraram jovens brasileiros em péssimas condições de sobrevivência. Muitos recebiam apenas ajuda de custo para atuar e não conseguiam dinheiro para voltar ao Brasil.
A situação dos menores brasileiros na Bélgica constou do relatório final do deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), que acabou não sendo aprovado, mas que gerou um projeto de lei que limita a possibilidade de menores de 18 anos viajarem para defender clubes do exterior. (FV, FM, JAB E SR)


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