São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2008

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Sem jogar, Ronaldinho é rei de popularidade

Recém-chegado ao Milan, meia é o preferido dos brasileiros, diz pesquisa

Estudo indica que presidente da CBF apostou no jogador certo para diminuir birra de torcedores com seleção ao chamar astro para Pequim


EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ronaldinho conseguiu o que queria. Recém-chegado ao Milan e com presença confirmada nos Jogos de Pequim, o meia tem pavimentada a via que gostaria de percorrer na busca pela volta ao topo do mundo da bola.
E, mesmo depois de viver os piores momentos de sua carreira, o ex-melhor jogador do planeta não será obrigado a começar do zero a sua jornada. Pelo menos no que diz respeito à sua popularidade como ídolo.
Essa é a conclusão de pesquisa realizada pela multinacional TNS Sport, braço esportivo da empresa inglesa líder mundial no segmento de pesquisa de mercado e mídia, que fez uma radiografia do perfil do torcedor/consumidor no Brasil.
A enquete foi realizada no mês de junho deste ano, em 14 capitais brasileiras, além de cidades do interior de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Foram ouvidas 7.001 pessoas (70% homens e 30% mulheres), entre 16 anos e 60 anos ou mais, de todos os níveis de escolaridade, divididas em classes sociais A1, A2, B1, B2, C1, C2 e D. A classe E foi excluída da pesquisa por não ter poder de consumo, segundo a empresa. A margem de erro é de 1,2 ponto percentual, para mais ou para menos.
Os pesquisadores perguntaram aos entrevistados: "Qual é o jogador que você mais gosta?". O agora jogador do Milan, que não atua desde março, liderou as respostas, com 19,17% da preferência, seguido por Kaká, o atual melhor do mundo, com 17,60% das escolhas.
Números que atestam que Ricardo Teixeira teve a sorte de apostar no cavalo certo quando impôs a Dunga a convocação do gaúcho para a Olimpíada chinesa na tentativa de amenizar a insatisfação geral com o rendimento do Brasil, cuja imagem saiu arranhada das derrotas para Venezuela, em amistoso, e Paraguai, pelas eliminatórias.
A pesquisa mostra que o gaúcho aparece sempre entre os três mais citados em qualquer estratificação: faixa etária, classe social ou Estado.
Kaká é o preferido entre as mulheres e os mais ricos. Ronaldinho ganha entre os homens e nas demais classes sociais. O mais novo reforço do Milan também é o melhor para os consultados entre 16 e 54 anos. Kaká é o mais popular entre os que têm 55 anos ou mais.
"O Ronaldinho tem esse retorno porque ele é espetacular, tem sua assinatura nas jogadas. O futebol é um entretenimento, e ele é perfeito para isso", diz César Gualdani, diretor da divisão brasileira da TNS e um dos responsáveis pela pesquisa.
"Já o Kaká é mais reconhecido por sua eficiência, por ser um jogador completo", acrescenta Renato Mahfuz, também diretor da multinacional.
O levantamento da TNS mostra que há uma carência de ídolos nos grandes clubes brasileiros. Os torcedores quase não se lembram de quem joga em seus times de coração.
O atleta mais bem colocado que joga no Brasil é o são-paulino Rogério, no oitavo posto. Ronaldo, que também está sem jogar e recentemente se envolveu em um escândalo com travestis, é o quarto colocado, com 5,71%. Alexandre Pato, reserva no Milan, é o quinto preferido.
Antes do goleiro do São Paulo ainda aparece Romário, que anunciou neste ano sua aposentadoria dos gramados.
O segundo colocado na pesquisa, entre os atletas que atuam no país, é um estrangeiro, o meia chileno Valdivia, ídolo da torcida palmeirense.
"A interpretação da pesquisa é que hoje os ídolos não estão presentes. Os que estão aqui não têm repercussão nacional. O que mais se aproxima disso é o Rogério", afirma Mahfuz.


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