São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@folha.com.br

Uma aula de 3-5-2

O São Paulo está perto de se tornar o terceiro time campeão brasileiro atuando no 3-5-2. Mas, diferente do Atlético-PR de 2001 e do Corinthians de 2005, o Tricolor de hoje usa esse sistema como idealizavam seus criadores. No meio-de-campo, todos são armadores.
"Temos só o Jean um pouco mais recuado", costuma dizer Muricy Ramalho. O técnico demorou para repetir a formação que pudesse adaptar um cabeça-de-área -Jean-, e mesmo com ele formar uma linha de cinco armadores.
Contra o Figueirense, você viu Jorge Wagner dar sua 23ª assistência do ano, para o gol de Borges. Viu Jean finalizar de longa distância e levar perigo ao gol de Wilson. Viu Hernanes, Joílson e Hugo participando das ações ofensivas. Um time que cria com cinco homens tem mais gente do que qualquer rival, no setor vital do jogo.
O sistema com três zagueiros foi usado nos anos 80 pelo alemão Sepp Piontek com o princípio do ataque. Se o adversário tinha só dois atacantes, por que usar quatro defensores? A resposta foi trocar um zagueiro por um armador. Mas Atlético-PR e Corinthians não conseguiam tanta criatividade no meio-de-campo, quando foram campeões jogando assim. Era o Atlético-PR de Cocito, o Corinthians de Bruno Octávio.
Antes de chegar à formação ideal, que anuncia o tricampeonato, o São Paulo disputou suas melhores partidas de 2008 nas raras vezes em que usou uma linha de cinco armadores. Foram os jogos contra o Santos, no Paulistão, o Fluminense, na Libertadores, o Palmeiras na semifinal do Paulistão. Ontem, até Joílson, normalmente o menos competente dos armadores, usou a ala direita para criar jogadas para o gol de Hugo e para oferecer outro para Dagoberto. A aula de 3-5-2 do Tricolor na reta de chegada do Brasileirão não pára aí. Importante também é ver Dagoberto, Borges, Hugo, Hernanes e Jorge Wagner avançando a marcação e tomando bolas perto do gol adversário. Joílson, sempre ele, quase marcou numa bola roubada de William Matheus.
Se o país é dos três zagueiros, se quatro dos cinco candidatos ao título jogam assim, o natural é que vença o campeonato quem melhor aplica o sistema. O São Paulo mostrou ontem que é esse time.

IBSON, O PROFESSOR
Num jogo em que o Palmeiras tentaria anular os laterais, essencial para o Flamengo era ter Kléberson e Ibson ligados. Os dois são os mais irregulares da campanha do Flamengo, mas ninguém nega a eles o rótulo de bons jogadores. Ibson destruiu, com a companhia sempre fiel de Kléberson.

3-5-2, NÃO!
O jogo contra o Flamengo era para ter o Palmeiras com Martinez no meio e Pierre na marcação a Marcelinho Paraíba, que se desloca como meia e deixa Obina como único atacante fixo. O Palmeiras ganharia poder de marcação e de criação. Para o Palmeiras, não era dia de jogar com três zagueiros.

PRISÃO NELES
Os erros de Vanderlei Luxemburgo, que não levava cinco gols numa partida desde que seu Santos levou 5 a 0 do Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro de 1997, não justificam os idiotas que o agrediram no aeroporto de Congonhas na sexta-feira passada. Nem que a pressão continue nesta semana. Futebol é de erro e acerto. A Polícia Militar deve explicações sobre o que houve em Congonhas e precisa apresentar os culpados.


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