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São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

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TÊNIS

Socorro!

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Idéias fantásticas e palavras otimistas não faltaram quando Gustavo Kuerten, ainda cara de menino e há quase sete anos, ergueu seu primeiro troféu em Roland Garros e colocou o tênis nas manchetes dos jornais.
Foi aí, naquele 1997, a descoberta geral de uma modalidade outrora elitista, a consagração de um esporte cuja prática acabava restrita "a uma panelinha".
Fala-se, desde então, em construir quadras país afora, de capacitar milhares de professores para divulgar o esporte, de arranjar um meio para baixar os preços das raquetes, das bolinhas.
Fala-se também, e muito, em um centro de treinamento nacional, que reúna os melhores infanto-juvenis do país em um só lugar, onde pudessem ter orientação de especialistas como médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, além de, obviamente, treinar com ex-tenistas, experientes.
Fala-se muito, desde então, em crescer para todos os lados.
Fala-se bastante em ter um calendário nacional inteligente, um circuito organizado e forte, que privilegie a formação de novos tenistas, de mais dois ou três Gugas.
Percebe-se, porém, que nada disso saiu do papel, que ficou tudo no discurso, nas boas intenções. Chegamos à triste conclusão de que a oportunidade não foi aproveitada e que, no fundo, perdemos nosso tempo.
Essa frustração é, enfim, transferida para a Confederação Brasileira de Tênis, a quem caberia fomentar o esporte, liderar sua expansão e sua popularização.
Inoperante, a atual administração da CBT não conseguiu, em sete longos anos, mostrar a que veio. Projetos eficientes e boas idéias em execução? Planejamento estratégico? Nada a registrar.
Por isso tudo, o anúncio de que havia um grupo de oposição à atual gestão foi recebido com certo alívio, alegria até.
Afinal, como ser contra a quem é contra essa administração?
Acontece que os que são contra hoje eram, até há poucos meses, a favor. Os que hoje alimentam as suspeitas contra a CBT são os mesmos senhores que, até pouco tempo atrás, riam e sorriam do outro lado do balcão, endossando tudo o que era feito.
Essa incoerência amedronta aqueles que, no primeiro momento, colocaram-se a favor da mudança na direção da CBT. Tenistas que antes assinavam embaixo o movimento por renovação agora exigem calma e, gentilmente, pedem que seus nomes não fiquem vinculados à oposição.
Bons dirigentes (sim, eles também existem) já trazem consigo suspeitas em relação às reais intenções da oposição; pais de jovens tenistas que se empolgavam com o grupo contrário agora já se mostram mais reticentes.
Se já se tem a certeza de que o caminho seguido nestes últimos anos pela CBT não é o desejado, começa a comunidade do tênis a perceber que também não é com essa oposição que chegaremos lá.
O que fazer a partir de agora? Deixar que situação e oposição continuem fazendo o que sempre fizeram: cuidando de seus negócios. E torcer que alguém escute o nosso grito de socorro e apareça para nos salvar.

Começo de ano
O Harmonia recebe o qualifying nacional que dará uma vaga, de convidado, no Torneio da Costa do Sauípe. Entre os favoritos à vaga, Marcos Daniel, André Sá, Alexandre Simoni e Pedro Braga.

Meio ano
Torneio da Costa do Sauípe e Roland Garros são as prioridades de Gustavo Kuerten para o primeiro semestre.

Fim de ano
Ricardo Hocevar e Bárbara Costa ganharam o Masters da CBT, em Serra Negra. Victor Melo e Carla Caetano (16 anos), Fernando Romboli e Natasha Lotuffo (14 anos) e Bruno Orlandini e Nicole Herzog (12 anos) foram os outros campeões. O circuito teve oito etapas.

E-mail reandaku@uol.com.br


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