São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

Barcelona-Holanda

RODRIGO BUENO
COLUNISTA DA FOLHA

"A necessidade de ganhar, de conseguir a vitória, contribuiu muito para o desenvolvimento da tática nas equipes de futebol. No entanto, pagou-se um alto preço por isso."
A frase acima é uma das que constam no caderninho de Rinus Michels, primeiro técnico holandês a dirigir o Barcelona.
O mentor da ""Laranja Mecânica" foi quem na verdade abriu as portas para a penca de holandeses que prestaram serviços ao atrativo time catalão.
Davids tornou-se nos últimos dias o 17º jogador holandês a servir o Barça. A lista é encabeçada pelo mais famoso de todos eles: Johan Cruyff. O principal nome do "carrossel" chegou a Barcelona em 1973 pelas mãos de Michels, que, para o bem do futebol mundial, foi liberado pelo clube de Ronaldinho para dirigir a Holanda na Copa de 1974.
Desde os anos 70, a relação entre o Barcelona e a Holanda é próxima. Na era Van Gaal, oito holandeses chegaram a integrar o elenco. Na atual era (?) Rijkaard, já são seis "laranjas" -o dobro do número de espanhóis na "plantilla", pois o clube dá como catalães dez de seus atletas.
Quando Cruyff foi técnico do "Dream Team" (como é chamado, não modestamente, o time que venceu quatro ligas espanholas e a Copa dos Campeões-92), Koeman e Witschge estavam lá.
E na época do Cruyff jogador Neeskens já tratou de bater os números do parceiro (80 jogos e seis gols a mais que o amigo).
Koeman e Guus Hiddink estavam cotados para assumir a comissão técnica do time espanhol no lugar de Rijkaard, que conta com a proteção do poderoso Cruyff (até Jordi, seu filho, jogou lá quase cem partidas).
Dono de todos os recordes entre os holandeses que jogaram no time (350 jogos e 105 gols), o atual técnico do Ajax não tem pressa. Sabe que seu futuro está no banco de reservas do Camp Nou.
E sabe que é uma voz conterrânea que apita mesmo hoje no seu ex-clube. Cruyff sempre teve força nos bastidores, mas depois das últimas eleições manda com mais intensidade. Dita as ações do diretor Txiqui Beguiristain e desfruta de uma ótima relação com o presidente Joan Laporta.
Davids já esteve para se transferir para o Barcelona em 1997, quando Van Gaal o indicou. Ele estava em uma lista junto com Bogarde, porém só o lateral foi para o time de Overmars, Kluivert, Cocu, Reiziger e Van Bronckhorst naquela ocasião.
Mas por que essa relação tão próxima entre o clube azul e grená e a seleção laranja?
O estilo ofensivo e não tão preocupado com o resultado é um compromisso que as duas equipes têm com a torcida. Barcelona e Holanda costumam primar pelo jogo bonito e limpo, com muito toque de bola e movimentação. Títulos mundiais ainda não foram conquistados, mas ambos buscam o futebol-arte.
O Barcelona, faz tempo, está atrás de uma série de equipes taticamente bem trabalhadas, mas é talvez o único clube rico que prefere pagar altos preços por holandeses do que o alto preço a que se refere Rinus Michels.

Real Madrid-Coca-Cola
Resultado interessante teve um estudo realizado pela empresa Landor Associates sobre o impacto sociológico da marca Real Madrid. Mais de dez mil entrevistados dos países que possuem as principais ligas do mundo destacaram o nome do clube como primeira marca do futebol mundial. O estudo concluiu que o nome Real Madrid repercute comparavelmente à marca Coca-Cola e até à Igreja Católica.

Boca Juniors-Tévez
Esse casamento é algo mesmo forte. Especula-se que o mais badalado jogador argentino da atualidade tenha recebido uma proposta de US$ 33 milhões de um poderoso clube europeu. O atleta, que já peitou a Fifa pelo seu clube ao não jogar o Mundial sub-20, teria recusado a oferta "só" pelo seu amor à camisa.

E-mail rbueno@folhasp.com.br

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