Disposto a se engajar na campanha por eleições diretas no Corinthians, o Doutor não gosta do que vê

DOUTOR SÓCRATES reapareceu no Morumbi para ser um dos homenageados no jogo de número 5.000 do time do Corinthians. Jogo horroroso, abaixo da crítica, no 1 a 1 com o Bragantino, diga-se de passagem. Mas ele estava interessado mesmo é na reforma do estatuto do clube, que prevê eleição direta para a presidência, com a participação dos sócios, além do fim das reeleições intermináveis e da farra dos conselheiros indicados.
Tão logo soube da possibilidade, animou-se a participar das discussões e tentar influir, pois é sócio remido do clube desde os anos 80. Seu nome, por sinal, já era cogitado por Eduardo Rocha Azevedo para fazer parte da comissão que estuda as propostas do estádio corintiano, por ser ele alguém de entrada fácil na torcida alvinegra, obstáculo aos demagogos que usam a Gaviões, por exemplo, para alimentar projetos pessoais. Mas não foi nada bom o contato de Sócrates com Andrés Sanchez na tarde de ontem.
Sócrates já se sentiu maltratado quando viu o anfitrião chegar apenas no fim do primeiro tempo, indelicadeza que o constrangeu. Encontrou-o, aliás, fora do camarote, ambos de cigarro na mão, porque o fumante inveterado saíra para aplacar o vício, proibido em ambientes fechados. Foi então que ouviu de Sanchez que "com o presidente ele podia fumar lá dentro" e achou arrogante demais, preferindo simplesmente virar as costas e ir embora.

Eterno Doutor
Por falar em Sócrates, que amanhã completa 54 anos, em março será lançada uma campanha que reviverá suas camisas usadas no Corinthians e na seleção, a chuteira com que disputou a Copa de 1982, além de inovar com camisetas que lembrarão sua postura libertária. A idéia foi levada à Topper, a fornecedora do Corinthians na época da Democracia Corintiana e da seleção na Copa da Espanha, pelo publicitário Paulo Velasco, que trabalha com Raí. Velasco ficou impressionado ao se deparar, numa mesma semana, em Londres e em Berlim, com camisetas de Che Guevara e de Sócrates postas uma ao lado da outra, em bairros descolados das duas cidades européias.

Agenda indiscreta
Numa das apresentações dos projetos da arena alvinegra para conselheiros do clube, um dos expositores esqueceu sua agenda no salão. Nela está todo o esquema de comissões, com os nomes dos beneficiados, entre os quais, o do próprio dono da agenda. Agenda que caiu em péssimas mãos do ponto de vista do distraído trapalhão, mas em ótimas do ponto de vista do pessoal do Timão. Porque o esquecido intermediário, também conselheiro do clube, e vitalício, já malogrou em um dos projetos, o que envolvia a WTorre, que acabou indo para o Palmeiras. Então, se dizia íntimo do empresário Walter Torre Júnior que, em conversa com a coluna, disse tê-lo visto poucas vezes na vida. Do mesmo modo ele se apresenta aos sócios da Gaviões como salvador da pátria, embora estes até de ladrão já o tenham chamado nas últimas eleições.

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