São Paulo, sábado, 18 de maio de 2002

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FUTEBOL

Coréia vai inspecionar mantimentos e pode barrar ingrediente que dá gosto aos pratos apreciados pelos jogadores

Carne-seca vira problema para brasileiros

DOS ENVIADOS A BARCELONA

O tradicional feijão preto com carne-seca que os jogadores brasileiros tanto apreciam poderá ser só uma lembrança para os atletas da seleção na Copa-2002.
O administrador da seleção brasileira, Américo Faria, disse ontem que a Coréia do Sul, onde o Brasil disputa a primeira fase do Mundial, irá inspecionar o estoque de mantimentos que a delegação leva em sua bagagem para decidir se os alimentos poderão ou não entrar no país.
O principal problema, segundo Faria, é a carne que a seleção leva para "dar gosto" ao feijão e a outros pratos que irão compor o cardápio dos jogadores.
No total, segundo ele, são 54 quilos de carne-seca que só poderão entrar na Coréia do Sul após uma autorização especial das autoridades sanitárias do país.
"Pode ser até que seja necessária uma espécie de quarentena", disse o administrador.
Ele, no entanto, afirma acreditar que não haverá nenhum problema com os mantimentos. "Acho que tudo vai se resolver", disse.
Se, de fato, for imposta um quarentena à carne brasileira, ela não será utilizada pela seleção de Luiz Felipe Scolari, já que o time ficará na Coréia do Sul apenas a primeira fase da Copa do Mundo, que vai até meados de junho.
Mas, na verdade, os obstáculos para a dieta alimentar da seleção podem começar já na próxima semana, pois a Malásia, onde o time de Scolari chega na segunda-feira para amistoso no dia 25, também possui rígidas normas sanitárias.
As autoridades dos países asiáticos temem que os alimentos, especialmente os que não são industrializados, possam estar contaminados com algum tipo de moléstia que já tenha sido erradicada de suas nações.
Já a seleção brasileira tem medo de que a culinária oriental, que tem temperos diferentes dos utilizados no Brasil, possa atrapalhar o bem-estar dos jogadores.
Por isso, a seleção leva em sua delegação uma cozinheira, Jane, especializada em pratos do dia-a-dia do brasileiro.
"Os jogadores gostam de comer o que todo mundo come no Brasil, arroz com feijão", disse Faria.
Para garantir o cardápio tão apreciado pelos atletas, a seleção leva na bagagem o tradicional feijão preto. "A carne-seca é para dar o sabor", completa Faria.
A carne de boi, mais até do que a carne de cachorro, é muito utilizada em pratos da Coréia.
Ainda assim os brasileiros acham que pode ser arriscado para os atletas uma mudança nos hábitos alimentares em meio à disputa da Copa do Mundo.
O médico da seleção, Luiz Roberto Runco, diz que após o início do Mundial-2002 a alimentação e o repouso ganham ainda mais peso no trabalho com os atletas.
"Em uma Copa do Mundo, a boa alimentação e o descanso acabam sendo primordiais. Não há tempo para mais coisa além disso quando se trata de recuperar os atletas", afirmou.
Os jogadores preferem não arriscar. "Eu gosto muito da comida oriental, mas acho que para o grupo é melhor comer o que a comissão técnica decidir", afirmou o atacante Edílson, que já jogou no futebol japonês.
Américo Faria lembra ainda que os hotéis em que o Brasil ficará hospedado na continente asiático têm padrão internacional e servem pratos comuns nas melhores mesas do Ocidente.
"Não acredito que isso venha a se tornar obstáculo para a nossa seleção", disse o administrador. (FÁBIO VICTOR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)



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