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FUTEBOL
Coréia vai inspecionar mantimentos e pode barrar ingrediente que dá gosto aos pratos apreciados pelos jogadores
Carne-seca vira problema para brasileiros
DOS ENVIADOS A BARCELONA
O tradicional feijão preto com
carne-seca que os jogadores brasileiros tanto apreciam poderá ser
só uma lembrança para os atletas
da seleção na Copa-2002.
O administrador da seleção brasileira, Américo Faria, disse ontem que a Coréia do Sul, onde o
Brasil disputa a primeira fase do
Mundial, irá inspecionar o estoque de mantimentos que a delegação leva em sua bagagem para
decidir se os alimentos poderão
ou não entrar no país.
O principal problema, segundo
Faria, é a carne que a seleção leva
para "dar gosto" ao feijão e a outros pratos que irão compor o cardápio dos jogadores.
No total, segundo ele, são 54
quilos de carne-seca que só poderão entrar na Coréia do Sul após
uma autorização especial das autoridades sanitárias do país.
"Pode ser até que seja necessária
uma espécie de quarentena", disse o administrador.
Ele, no entanto, afirma acreditar
que não haverá nenhum problema com os mantimentos. "Acho
que tudo vai se resolver", disse.
Se, de fato, for imposta um quarentena à carne brasileira, ela não
será utilizada pela seleção de Luiz
Felipe Scolari, já que o time ficará
na Coréia do Sul apenas a primeira fase da Copa do Mundo, que
vai até meados de junho.
Mas, na verdade, os obstáculos
para a dieta alimentar da seleção
podem começar já na próxima semana, pois a Malásia, onde o time
de Scolari chega na segunda-feira
para amistoso no dia 25, também
possui rígidas normas sanitárias.
As autoridades dos países asiáticos temem que os alimentos, especialmente os que não são industrializados, possam estar contaminados com algum tipo de
moléstia que já tenha sido erradicada de suas nações.
Já a seleção brasileira tem medo
de que a culinária oriental, que
tem temperos diferentes dos utilizados no Brasil, possa atrapalhar
o bem-estar dos jogadores.
Por isso, a seleção leva em sua
delegação uma cozinheira, Jane,
especializada em pratos do dia-a-dia do brasileiro.
"Os jogadores gostam de comer
o que todo mundo come no Brasil, arroz com feijão", disse Faria.
Para garantir o cardápio tão
apreciado pelos atletas, a seleção
leva na bagagem o tradicional feijão preto. "A carne-seca é para dar
o sabor", completa Faria.
A carne de boi, mais até do que a
carne de cachorro, é muito utilizada em pratos da Coréia.
Ainda assim os brasileiros
acham que pode ser arriscado para os atletas uma mudança nos
hábitos alimentares em meio à
disputa da Copa do Mundo.
O médico da seleção, Luiz Roberto Runco, diz que após o início
do Mundial-2002 a alimentação e
o repouso ganham ainda mais peso no trabalho com os atletas.
"Em uma Copa do Mundo, a
boa alimentação e o descanso acabam sendo primordiais. Não há
tempo para mais coisa além disso
quando se trata de recuperar os
atletas", afirmou.
Os jogadores preferem não arriscar. "Eu gosto muito da comida
oriental, mas acho que para o grupo é melhor comer o que a comissão técnica decidir", afirmou o
atacante Edílson, que já jogou no
futebol japonês.
Américo Faria lembra ainda
que os hotéis em que o Brasil ficará hospedado na continente asiático têm padrão internacional e
servem pratos comuns nas melhores mesas do Ocidente.
"Não acredito que isso venha a
se tornar obstáculo para a nossa
seleção", disse o administrador.
(FÁBIO VICTOR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)
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