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São Paulo, domingo, 18 de maio de 2003

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Processo para formar atletas nasce na escola

DA REPORTAGEM LOCAL

O segredo que fez de Cuba uma potência esportiva em tão pouco tempo está na escola.
Após a chegada de Fidel Castro ao poder, em 1959, o sistema educacional foi modificado. As aulas de educação física se tornaram praticamente diárias, e as crianças passaram a ter contato com todas as modalidades desde cedo.
"Assim que começam a estudar, os cubanos passam por avaliações físicas e médicas. A partir daí, já são considerados atletas em potencial. Em brincadeiras, acabam tomando gosto pelo esporte", disse Sergio Rio Cruz, da Cubadeportes.
Após o contato inicial, os habitantes da ilha têm muitas chances de disputar competições e buscar aperfeiçoamento técnico. Existem, por exemplo, jogos escolares que mobilizam todas as instituições de ensino, além de campeonatos em nível municipal, provincial e, finalmente, federal.
"A organização dos torneios escolares é impressionante. As cidades param para ver e torcer pelas crianças", explicou Cruz.
Suas palavras não retratam um cotidiano desconhecido. Ex-atleta, ele conta que vivenciou todas as etapas do projeto.
"Eu jogava beisebol em uma equipe da província de Ciego D'Ávila. Depois disso, tornei-me dirigente e fui diretor provincial durante dez anos antes de me dedicar à Cubadeportes", contou o cubano.
O processo de formação ainda tem outras etapas. Os competidores que começam a se destacar são encaminhados para as Escolas de Iniciação Esportiva -existe uma unidade em cada província da ilha.
Nessas escolas, a carga horária de treinamentos aumenta, os atletas recebem orientações de técnicos especialistas e o esporte ganha uma roupagem mais séria e dinâmica.
As revelações que brotam nestas instituições vão para o derradeiro estágio, os Centros de Excelência Esportiva, também situados em todas as 14 províncias. Lá os atletas são lapidados, e as seleções cubanas começam a ser montadas.
"Chamamos o sistema de formação de Pirâmide. Começamos com uma grande base e vamos trabalhando até formar um seleto grupo. Largamos com muita gente e assim temos vantagem", explicou Orindes Kindelan, treinador cubano radicado no Brasil.
Ele chegou ao país, via Cubadeportes, em 1992 para ensinar basquete em Goiás e acabou se casando com uma brasileira.
Segundo Kindelan, o investimento feito em pesquisa e em infra-estrutura também é um dos diferenciais de Cuba.
"Antes da revolução, o país tinha pouca expressividade na área esportiva. Depois, importou profissionais da União Soviética para criar um modelo de educação voltado para o esporte. Além de atletas, aprendemos a formar técnicos e preparadores físicos", afirmou.
A Cubadeportes também explora a estrutura esportiva da ilha caribenha. A empresa organiza grupos de interessados em buscar uma especialização nas escolas locais. (GR)


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