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São Paulo, domingo, 18 de maio de 2003

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FUTEBOL

Gran Finale

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Itália está por cima.
A primeira decisão italiana da Copa dos Campeões acontece justamente na temporada em que o Real Madrid montou seu mais ambicioso time desde aquela lendária equipe do final dos anos 50 e começo dos 60.
A ascensão do calcio, que não chegava à final do mais importante interclubes do planeta desde 1998, e a derrocada de esquadrões de outros países (Manchester United, Barcelona, Bayern e Arsenal são só algumas das seleções que rodaram) despertaram grande discussão sobre estilos, propostas para jogar futebol.
Primeiro, ninguém pode tirar o mérito de Juventus e Milan, dignos finalistas da Copa dos Campeões. Mais especialmente do time de Turim, de novo o melhor da temporada do tradicional futebol italiano, que despachou o Barcelona, invicto até o mata-mata, e o Real, favorito a tudo.
São dois clubes de tradição, com elencos de primeira linha e que jogaram dentro do regulamento.
Colocado isso, partimos para a discussão do momento, a que trata da opção tática dos finalistas.
O Milan tem muito possivelmente a melhor defesa do mundo hoje. Quem tem Nesta, Maldini, Simic, Costacurta e Kaladze na frente de Dida ou de Abbiati está bem mais do que protegido.
A retaguarda da Juventus também é das melhores. Quem conta com Thuram, Montero, Ferrara, Iuliano e Tudor atrás de Davids e na frente de Buffon pode jogar com uma segurança quase total.
Por causa dessas duas fortalezas, a final será italiana. Del Piero, Rui Costa, Nedved, Shevchenko, Trezeguet e Inzaghi são eficazes e foram cruciais para o sucesso de Juventus e Milan, mas as linhas de quatro defensores e três volantes dos times prevalecem.
Por que o lateral Roberto Carlos joga no Real Madrid? Porque apóia muito melhor do que marca. Por que o lateral Serginho é reserva no Milan? Porque apóia muito melhor do que marca.
Por que Ronaldo ganha vaga em uma equipe com Figo, Zidane e Raúl? Porque a meta maior é atacar. Por que Rivaldo não ganha vaga em um time com Rui Costa, Shevchenko e Inzaghi? Porque a meta maior é defender.
A questão é conceitual, filosófica. Dizer que os italianos jogam na retranca e que são brucutus passa pelo exagero, mas o direcionamento do jogo praticado por eles está na defesa. Em primeiro plano, não tomar gols. Nos contra-ataques e na medida do possível (sem muito risco), marcá-los.
Isso não é novidade. Desde a primeira metade do século 20 ""ferrolhos" ganham vez no futebol. A Itália é o país que mais absorveu esse estilo, tão válido quanto criticado até hoje. Venceu muito e perdeu muito com ele.
Após a vitória da Juve sobre o Real Madrid, a imprensa italiana, eufórica, estampou que o verdadeiro ""Dream Team" é o time de Turim. Isso é tão exagerado quanto dizer que a final italiana da Copa dos Campeões significa algo como a ""morte do futebol".
O calcio pode ser amado ou odiado, mas deve ser sempre respeitado. Os passionais italianos amam. Quase todos os críticos odeiam. Eu prefiro o respeito.

Milan
O time, que já tem Kakha (Kaladze), pode terminar o ano como o único tetracampeão mundial. Real Madrid e Nacional rodaram.

Juventus
Nedved não estará na final, o que pode pesar. Giovanni Agnelli morreu, mas a ""presença" do patriarca da Juve na final pode pesar.

Libertadores
Como havia escrito, apenas cinco dos 16 times que foram às oitavas-de-final não tinham uma final do torneio no currículo. Quatro desses já rodaram (Cerro Porteño, Corinthians, Paysandu e Pumas). Só sobrou o Independiente de Medellín, que cruzou com o Cerro Porteño no mata-mata. A tradição mais uma vez pesou.

E-mail rbueno@folhasp.com.br



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