São Paulo, domingo, 18 de junho de 2006

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Quem diria?

que o ataque seria a preocupação e a defesa, o ponto forte

que a Austrália seria líder do grupo e o Brasil, o segundo colocado

que a seleção já estaria pressionada
que a atitude em campo seria burocrática
que estaria pior que rivais antes desacreditados
que pode ser uma das últimas a obter classificação

Antonio Scorza/France Presse
Ronaldo, que tenta superar a má fase


EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A MUNIQUE

Vencer não basta. Contra a Austrália, hoje, às 13h, em Munique, a seleção brasileira tentará exterminar uma série de dúvidas que passaram a rondar a equipe, justificar a condição de megafavorita ao título da Copa do Mundo e, assim, garantir dias menos turbulentos.
Dúvidas que partem até de Carlos Alberto Parreira. "Temos que deixar a individualidade de lado e jogar de forma coletiva", disse ontem o técnico, que suspirou ao comentar o gol argentino contra a Sérvia após gigantesca troca de passes ("foi o mais bonito da Copa"). Quem diria, por exemplo, que as preocupações do time fossem o ataque e seu badalado quadrado mágico, e não a defesa, tida como frágil e desprotegida?
"Contra a Croácia [1 a 0], não jogamos bem com a bola", diz o volante Emerson, numa clara referência ao pífio desempenho dos jogadores ofensivos.
Entre os favoritos ao título, só a França de Zidane, sem marcar até agora, tem desempenho ofensivo inferior ao do Brasil nos gramados alemães.
E, nesse ponto, quem tem mais a responder é Ronaldo, com a cabeça a prêmio até o final da primeira fase, mas que mais uma vez ganhou a solidariedade de Parreira em público. "Os grandes jogadores têm que ser diferenciados. Ele pode continuar a fazer a diferença."
Não é só o jogador do Real Madrid que está na berlinda. Quem diria que o próprio quarteto mágico não está garantido nos mata-matas. Se Ronaldo não reagir, Robinho pode entrar, mas a chance de um meia ou volante também existe?
Chegou a hora também de atingir a liderança de um grupo com rivais nada poderosos. Quem diria que a rival de hoje entra em campo em primeiro lugar por ter maior saldo de gols (bateu o Japão por 3 a 1)?
Austrália que, apesar de estar só em sua segunda Copa, ganhou ares de grande seleção. "Eles têm um time muito bom, com preparo físico excelente. Marcam muito bem, com vigor físico, e por isso temos que tomar cuidado", alerta Parreira.
Também é tempo de o Brasil se juntar a um grupo já numeroso. Até agora, já são seis os times classificados às oitavas-de-final: Alemanha, Equador, Inglaterra, Holanda, Argentina e Portugal. Em 2002, só a seleção brasileira e a Espanha avançaram com tanta antecedência.
Para se classificar hoje, o Brasil terá, além de bater a Austrália, que torcer para que Japão x Croácia termine em empate ou com triunfo europeu.
"Temos tudo para ganhar [da Austrália], mas vamos jogar com seriedade para garantir a classificação antes do último jogo da fase. É possível, e nós queremos isso", diz Parreira.
O treinador conta com a vaga antecipada para ter a chance de poupar pendurados e descansar o time no último jogo da fase inicial, fator que foi decisivo para a conquista do pentacampeonato na Coréia e no Japão.
E a dúvida maior é saber se a pressão vai colocar em xeque o bom ambiente que marcou os mais de três anos da gestão Parreira. O treinador tenta jogar esse fator no colo dos rivais.
"A Argentina chegou aqui quietinha. Agora vai ser pressionada", falou Parreira.


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