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Ronaldo vira centenário hoje
Contra a Austrália, atacante atinge o 100ª jogo pela seleção principal, marca que a CBF errou
Jogador é o décimo a fazer cem partidas pelo Brasil, mas alcança o feito em baixa, sob desconfiança
até de seus companheiros
DOS ENVIADOS A MUNIQUE
Agora é de verdade. Resta
apenas saber se também será o
Ronaldo real que vai completar
hoje, contra a Austrália, a marca de cem partidas realizadas
pela seleção principal.
Por um erro de contagem, a
CBF informou que o atacante
teria completado a marca contra a Croácia. Mas a entidade
contabilizou de forma indevida
um jogo da seleção olímpica.
Assim, Ronaldo, 29, será o
décimo brasileiro a ter cem
partidas pela seleção em um
momento que nada lembra a
quase totalidade da sua trajetória com a camisa amarela.
O sujeito afável e sorridente
se transformou numa pessoa
irritadiça e que culpa a imprensa por tudo o que lhe acontece
-chamou até de "estúpido" um
jornalista espanhol que o questionava sobre seu estado físico,
depois de ter sofrido com bolhas nos pés, febre e enjôos.
Com o apelido de "presidente" na seleção, Ronaldo deixou
de ser figura incontestável dentro do grupo. Depois da sua
atuação desastrosa contra a
Croácia, jogadores como Kaká
e Emerson disseram que ele
precisa se movimentar mais, o
que causou mal-estar, principalmente com o meia milanista, o primeiro a pedir que o
companheiro de time se mexesse mais do que vinha fazendo nos confrontos da seleção.
Seu bate-boca com o presidente Lula, que questionou
Carlos Alberto Parreira sobre
seu peso, também não agradou
à CBF, que passa por processo
de aproximação com o governo
petista há um bom tempo.
Dentro de campo, o declínio
sob a batuta de Parreira é evidente. Antes de o treinador assumir, Ronaldo tinha a média
de 0,69 gol marcado por partida
da seleção brasileira. Com o
treinador, esse número caiu para 0,55, o que significa um expressivo tombo de 20%.
Ele nem mais é o artilheiro
do time sob o atual comando
técnico -esse feito pertence a
Adriano, outro que alfinetou
indiretamente Ronaldo. Segundo o jogador da Inter de Milão, seu estilo de jogo se adapta
mais ao de Robinho, que, diferentemente de Ronaldo, tem a
movimentação como uma das
principais características.
E, desde que virou titular absoluto da seleção, há exatos dez
anos, Ronaldo nunca entrou
em campo tão pressionado como vai fazer no seu jogo centenário, em Munique. Ele já recebeu um ultimato de Parreira.
"Todos têm que estar bem
[numa Copa]. Caso não estejam, o treinador tem que tomar
as decisões", disse o técnico ao
comentar a chance de Ronaldo
passar para a reserva.
Nos últimos dias, o jogador
do Real Madrid até que se dedicou para obter uma melhora e
evitar um novo desempenho
decepcionante na Copa. Fez
exercícios complementares
sem os demais companheiros.
Mas, ainda assim, pouca gente na seleção brasileira acredita
que ele possa jogar os 90 minutos contra os australianos.
O prazo para o atacante voltar a jogar bem e continuar como titular se esgota ao final da
primeira fase. O Brasil ainda
enfrenta o Japão, na quinta.
Mas uma nova atuação ruim
hoje aumentará a pressão para
que Parreira troque Ronaldo
por Robinho, ou, em solução
mais radical, promova a entrada de um meia no lugar do jogador do Real Madrid, o que iria
decretar a morte do festejado
quarteto mágico.
Para Ronaldo, a reserva não
seria problema. Ele afirma que
nunca foi um "jogador rebelde"
e que aceitaria essa situação.
Difícil imaginar hoje no banco alguém que, em mais de 12
anos de seleção e 99 jogos com
a camisa amarela, quase sempre foi o centro das atenções.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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